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3 fatos para hoje: Lucro da IRB em julho; inflação no Japão e marco temporal

Empresa de resseguros registrou líquido de R$ 22,3 milhões contra prejuízo de R$ 58,9 milhões um ano antes.

IRB lucra R$22,3 mi em julho após prejuízo um ano antes

A empresa de resseguros IRB Brasil (IRBR3) registrou lucro líquido de R$ 22,3 milhões em julho, em comparação com prejuízo de R$ 58,9 milhões no mesmo mês do ano passado, informou a companhia na quinta-feira (21).

Os dados, divulgados no site da empresa, constam em relatório periódico mensal enviado à Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O índice de sinistralidade do IRB foi de 18,7% em julho, contra 91,4% um ano antes. A empresa disse, em comunicado, que esse e outros dados foram impactados por uma operação de LPT (“loss portfolio transfer”) no mês, de forma que, sem esse efeito, o índice seria de 58,6%.

No mesmo mês, os prêmios emitidos somaram 1,13 bilhão de reais, ante 1,35 bilhão de reais na comparação ano a ano.

Mercado em Tóquio 03/03/2023. REUTERS/Androniki Christodoulou/File Photo

Inflação do Japão em agosto fica acima da meta do BC pelo 17º mês

O núcleo da inflação do Japão manteve-se estável em agosto e permaneceu acima da meta de 2% do banco central pelo 17º mês consecutivo, mostraram dados nesta sexta-feira, um sinal de ampliação da pressão de preços que pode aumentar os argumentos a favor de uma saída da política monetária ultrafrouxa.

Os dados foram divulgados horas antes de o Banco do Japão concluir sua reunião de política monetária, em que manteve a taxa de juros ultrabaixa nesta sexta-feira e sua promessa de continuar apoiando a economia até que a inflação atinja de forma sustentável sua meta de 2%.

O núcleo do índice nacional de preços ao consumidor, que exclui itens voláteis como alimentos frescos mas inclui os custos de combustível, aumentou 3,1% em agosto em relação ao ano anterior, segundo dados do governo, em comparação com a previsão mediana do mercado de um avanço de 3,0%. Em julho o índice havia subido 3,1%.

Embora os subsídios do governo tenham reduzido as contas de serviços públicos, os preços aumentaram para uma série de alimentos e necessidades diárias, em um sinal de que a inflação estável está se instalando na terceira maior economia do mundo.

Os preços dos serviços aumentaram 2,5% em agosto em relação ao ano anterior, depois de uma alta de 2,4% em julho, sugerindo que o aumento dos salários pode levar a pressões mais amplas sobre os preços na terceira maior economia do mundo.

O chamado núcleo do núcleo, que elimina o efeito dos preços voláteis dos alimentos frescos e dos combustíveis, aumentou 4,3% em agosto em relação ao ano anterior, seguindo o mesmo ritmo de aumento anual de julho.

Indígenas acompanham por telão julgamento no STF sobre marco temporal para demarcação de terras 20/09/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

STF derruba tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta quinta-feira (21) a adoção de um marco temporal para as demarcações de terras indígenas, em decisão que concede uma vitória aos povos originários sobre o setor agropecuário, mas que pode não ter encerrado de vez a discussão sobre o tema.

Com variações sobre eventuais compensações a ocupantes das áreas que vierem a ser demarcadas, entre outras questões, 9 dos 11 ministros do STF posicionaram-se contra a adoção da data de promulgação da Constituição como referência para a demarcação de terras indígenas.

O Supremo ainda deve discutir, na próxima semana, modulações dos votos e como se darão eventuais indenizações.

“Foram tantos anos de muitas lutas, muitas mobilizações, muita apreensão para este resultado, porque esse resultado define o futuro das demarcações de terras indígenas no Brasil. Então vamos sim comemorar o resultado dessa grande força dos povos indígenas do Brasil”, disse a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que está em Nova York cumprindo agendas relacionadas à Semana do Clima da ONU.

Caso aplicado o marco temporal, só seriam passíveis de demarcação as terras onde ficasse comprovada a ocupação — ou a disputa pelo local — por indígenas na época da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.

O relator do caso, Edson Fachin, foi acompanhado, guardadas as diferentes nuances de cada voto, pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Rosa Weber, presidente do tribunal.

Votaram a favor do marco temporal os ministros Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados para o Supremo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, defensor da adoção do marco temporal.

Primeiro a votar nesta quinta-feira na retomada do julgamento, Fux considerou que “as áreas ocupadas pelos indígenas, e aquelas áreas que guardam ainda uma vinculação com a ancestralidade e a tradição dos povos indígenas, ainda que não estejam demarcadas, elas têm a proteção constitucional”.

Rosa, por sua vez, avaliou que “os direitos dos povos indígenas, as terrras por eles tradicionalmente ocupadas, traduzem sobretudo e principalmente direitos fundamentais”.

O resultado contrário ao marco temporal confere uma vitória aos povos indígenas e segue linha da posição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas contraria representantes do setor agropecuário.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) do Congresso, influente bancada que reúne mais de 280 deputados e cerca de 40 senadores, pretende lutar pelo marco temporal no Legislativo.

Em vídeo divulgado pela FPA, o presidente da frente, deputado Pedro Lupion (PP-PR), considerou que a decisão causa insegurança jurídica e a classificou de “muito grave e muito preocupante”.

O deputado disse que a bancada vai trabalhar de forma articulada para aprovar propostas relacionadas ao assunto — um PL que retoma o marco temporal e uma PEC que trata de indenizações –, mesmo que para isso seja necessário oferecer obstáculos a outras votações no Legislativo.

“A Frente Parlamentar Agropecuária está unida, coesa, trabalhando por esse assunto. Custe o que custar: obstruções na Câmara, obstruções no Senado, e trabalho contundente para resolvermos esse assunto”, disse o deputado no vídeo.

O projeto de lei mencionado por Lupion já foi aprovado pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado e tramita agora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O senador Marcos Rogério (PL-RO), relator da proposta na CCJ do Senado, apresentou seu parecer na quarta-feira, a favor da adoção do marco temporal. O colegiado deve votar o relatório na próxima semana. O senador é integrante da oposição e da FPA.

Congresso ou STF

Apesar da disposição da frente, a posição do Supremo deve prevalecer em última instância, de acordo com especialistas.

Segundo o advogado e mestre em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná Luiz Eduardo Peccinin, o posicionamento do STF deverá servir de referência para as demais decisões sobre o tema.

“Sobrevindo uma lei que positive um tema já declarado inconstitucional pelo STF, ela (a lei) deverá ser questionada na corte em sede de ação de inconstitucionalidade para que tenha seus efeitos suspensos e futuramente seja declarada incompatível com a Constituição”, afirmou.

O advogado constitucionalista Camilo Onoda Caldas, sócio do Gomes, Almeida e Caldas Advocacia, também aventa a possibilidade de o tema voltar ao STF caso o Legislativo aprove uma nova legislação. A discussão judicial será, no entanto, “muito mais célebre porque o entendimento já estará estabelecido pela corte, que apenas vai verificar se aquilo que o Congresso estabeleceu é ou não compatível com o entendimento que o STF possui”.

Para Rubens Beçak, doutor em Direito Constitucional e livre-docente em Teoria Geral do Estado pela Universidade de São Paulo, o debate sobre o marco temporal pode se tornar insuperável mediante a posição do Supremo.

Segundo o estudioso, isso significa que não adianta o Congresso tomar uma posição em sentido contrário posteriormente, porque sua constitucionalidade já teria sido analisada pela mais alta corte do país.

“Essas teorias são aquela que depois que se avança em um determinado sentido… fica difícil o Legislativo andar no sentido contrário”, afirmou. “Isso já aconteceu outras vezes e o que acaba prevalecendo é a jurisdição dada pelo STF”.

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