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Mulheres investem melhor do que homens, revela pesquisa

Estudo acompanhou 2,8 mil pessoas e seus hábitos de investimento durante 3 anos e constatou que, na média, o desempenho delas é superior.

mãos femininas com um laptop em uma mesa com frutas

Um estudo da Warwick Business School, do Reino Unido, acompanhou 2,8 mil pessoas e seus hábitos de investimento durante 3 anos. As investidoras mulheres não só obtiveram uma rentabilidade maior, de 1,8%, como superaram também o FTSE100, índice das 100 empresas listadas na bolsa de Londres com maior valor de mercado.

Este texto faz parte da série do InvestNews “Desigualdade de Gênero no Trabalho e nos Investimentos”, que será publicada às sextas-feiras com diferentes abordagens. Confira a série completa:

  • 02/07: Investimentos
  • 09/07: Liderança nas empresas
  • 16/07: Desigualdade no trabalho
  • 23/07: Gap de gênero
  • 30/07: Competitividade

Segundo a pesquisa, existe uma outra diferença que também parece contar a favor das mulheres, que é o número de operações financeiras: 45% menos do que as registradas entre os homens. O que vai de encontro com o resultado de uma outra pesquisa americana: as mulheres são mais pacientes ao esperar um investimento render.

O que é benéfico, já que em geral, quem troca muito de papel acaba perdendo 3% de rentabilidade por ano em relação a quem simplesmente escolheu bem e esperou a alta.

Investidoras Mulheres

Também têm menos apelo entre as mulheres os ativos com maior risco. De acordo com o estudo da Warwick, homens entram mais em investimentos especulativos, enquanto as investidoras mulheres preferem ativos menos voláteis.

E isso não impede que elas sejam vistas como más investidoras. Em uma pesquisa da Fidelity Investments, só 9% das pessoas achavam que mulheres investem melhor que os homens.

Porém, segundo dados da B3, no Brasil existe um milhão de investidoras contra praticamente 3 milhões de homens.

Gap de gênero nos investimentos

E uma das razões para essa diferença é o gap de gênero. Com menos renda do que os homens, na média, elas investem menos. Mas uma pesquisa da consultoria Britain Thinks aponta uma outra razão: as entrevistadas viam o mercado financeiro como patriarcal, dominado por homens e hostil às mulheres.

Todas eram investidoras em potencial, com boa renda e algumas gerindo o próprio negócio ou pagando a maior parte das despesas da família. Mesmo assim, boa parte respondeu não sentir que o mercado financeiro é voltado para elas.

Outro ponto, apontado então pela revista Forbes é que consultores de investimentos costumam oferecer poucas opções rentáveis às mulheres, confiando no estereótipo de que elas são extremamente conservadoras.

Mas será que no meio disso tudo existe alguma razão comportamental?

Para verificar, Uri Gneezy e Rachel Croson ambos pesquisadores e professores de universidades americanas, revisaram dez estudos de economistas sobre como mulheres lidam com o risco.

Cada trabalho usou jogos, físicos e virtuais, em busca de uma resposta. Na maioria das vezes, a escolha era entre participar ou não de uma loteria com diferentes chances de ganhar ou perder.

Em geral, as jogadoras se mostraram mais cautelosas do que os jogadores nos experimentos. Sendo assim, os autores sugerem algumas razões:

  1. As mulheres sentiriam mais intensamente a aversão ao risco. Inúmeros outros estudos demonstram que mulheres em geral sentem mais intensamente experiências emocionais do que os homens e isso afetaria a maneira como lidam com a possibilidade de perda.
  2. Além da aversão ao risco, emoções afetam a percepção de probabilidades. Em situações de perigo iminente, segundo estudos anteriores, mulheres tendem mais a sentir medo e os homens, a sentir raiva. Os dois sentimentos afetam de maneira diferente como percebemos a chance de algo dar certo, a preocupação torna a pessoa mais cautelosa ao passo que a irritação torna menos averso ao risco. Há sobre isso um estudo curioso com pessoas que vivenciaram o 11 de setembro. Quem reagiu com raiva aos ataques terroristas estava mais otimistas de que o país ia se sair bem da situação. Já quem sentiu medo diante do que estava acontecendo era bem mais pessimista. Isso explica, segundo aos autores, com que homens apostem naturalmente de maneira mais arriscada o que pode fazer muito mal aos investimentos, dependendo do momento.
  3. Para os autores boa parte dos homens enxerga o risco como um desafio enquanto as mulheres como ameaça.
  4. Um quarto e último motivo seria que homens costumam se sentir mais confiantes do que mulheres.

Porém, ambos são superconfiantes e nenhum está livre da “maldição do especialista”, que é quando erramos por achar que sabemos demais.

Agora, existem algumas exceções apontadas pelos autores, como:

  • As diferenças diante do risco são mais marcantes entre pessoas brancas do que entre minorias raciais o que sugere fortemente que as diferenças são culturais, não biológicas.
  • Profissionais de investimentos , independentemente do gênero, são bem menos afetados.

Em resumo, uma realidade mais complicada do que para os homens, com maiores perigos e desvantagens, faz com que mulheres sejam melhores investidoras.

Discursos como “skin in the game”, dar o tapa a cara, tão populares no mercado financeiro, sugerem um ambiente hostil e competitivo, característica que afasta mulheres.

Mas elas, segundo o estudo, também são investidoras mais complexas e mais sensíveis a temas menos comuns, como empresas que poluem menos e etc.

E o estudo faz algo curioso no fim: lembra que, apesar de existentes, as diferenças não são grandes. É eliminar as barreiras entre as mulheres e o mercado financeiro.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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