
No primeiro trimestre de 2023, o mercado cripto recebeu uma das estreias mais aguardadas daquele ano: o lançamento do token da Arbitrum (ARB), uma rede construída sobre a blockchain (tecnologia por trás das criptomoedas) do Ethereum (ETH).
A Arbitrum é uma solução de segunda camada (Layer 2, em inglês) – um tipo de protocolo criado para melhorar o desempenho do ecossistema principal no qual está conectada (o Ethereum, nesse caso), tornando as transações mais rápidas e baratas.
Mas afinal, como a Arbitrum funciona na prática? E vale a pena investir em seu token (ARB)? Confira a seguir.
O que é a criptomoeda Arbitrum?
No mercado cripto, é comum que o token e o sistema recebam o mesmo nome. O Ethereum, por exemplo, é tanto uma criptomoeda quanto a blockchain em que ele opera. Com a Arbitrum, acontece o mesmo: o nome se refere tanto à solução criada para o Ethereum quanto ao seu token nativo, que pode ser chamado de Arbitrum ou somente ARB (seu ticker).
A cripto da Arbitrum é também um token de governança. Na prática, isso significa que seus detentores podem participar das decisões e propostas do projeto, de forma semelhante a acionistas com direito a voto em assembleias. Quanto mais ativos digitais a pessoa tiver, mais chances têm de dar pitacos no projeto.
O sistema de governança da Arbitrum é descentralizado e controlado pelos detentores do token ARB. Eles delegam seu poder de voto a representantes ou votam diretamente em propostas que determinam desde a alocação de recursos do tesouro até mudanças técnicas no protocolo.
Como a rede Arbitrum funciona?

Imagem de Pixabay
Como vimos no início do texto, a Arbitrum é uma solução de segunda camada do Ethereum. Para entender o que isso significa na prática, imagine que o Ethereum funciona como uma grande estrada digital, usada por desenvolvedores e aplicativos do mundo todo. Em certos momentos, o tráfego nessa via aumenta tanto que tudo fica congestionado, lento e caro.
A Arbitrum, nesse cenário, é como uma via auxiliar que se conecta à estrada principal para desafogar o trânsito – ajudando as transações a fluírem de forma mais rápida e barata. “Então ela visa facilitar essas transações e principalmente baratear essas operações ocorridas no Ethereum”, diz Helena Margarido, especialista em criptomoedas, COO da Kodo Assets e cofundadora da Monett.
“Com uma solução como a da Arbitrum, você consegue reduzir drasticamente o valor que paga nessas taxas e consegue acelerar também a velocidade do processamento da transação”, explica a especialista.
Agora, entrando um pouco mais fundo – mas sem complicar -, a Arbitrum usa uma tecnologia chamada rollup otimista (optimistic rollup). Na prática, isso quer dizer que ela agrupa várias transações do Ethereum em um único pacote, processa tudo fora da rede principal e depois envia o resultado final de volta para o Ethereum. Assim, o sistema economiza tempo e espaço, mantendo a segurança da blockchain original.
O termo optimistic vem do fato de que a rede considera todas as transações válidas até que alguém prove o contrário. Vale lembrar que nessas plataformas descentralizadas, como Arbitrum, Ethereum e Bitcoin (BTC), não existe uma instituição, como o Banco Central, controlando tudo. É a própria comunidade que determina as regras e faz as verificações de tudo.
“Se o período de contestação (de aproximadamente uma semana) passar e ninguém contestar o bloco de rollup reivindicado, a Arbitrum confirma que o bloco de rollup está correto. Se alguém contestar a reivindicação durante o período de contestação, a Arbitrum usa um protocolo eficiente de resolução de disputas para identificar qual parte está mentindo”, afirma Helena.
Arbitrum e os contratos inteligentes
Assim como o Ethereum, a Arbitrum também permite o uso de smart contracts, ou seja, contratos inteligentes – programas autoexecutáveis que codificam regras e condições específicas (aqui é mais direcionado para os desenvolvedores). Esses contratos ficaram famosos por possibilitar acordos automatizados, sem a necessidade de intermediários, como bancos.
Por essa razão, a Arbitrum se tornou hoje uma das principais redes escolhidas por desenvolvedores para criar projetos descentralizados. Nela, é possível encontrar desde exchanges descentralizadas (DEXs, que são corretoras com menos intermediários), jogos, tokens não fungíveis (NFTs) e protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), até diversas outras aplicações inovadoras.
Origem

Divulgação Arbitrum
A Arbitrum tem algumas redes. A principal delas, a Arbitrum One, foi lançada em 2021 pela OffChain Labs, empresa de tecnologia blockchain fundada em 2018. Segundo a própria Arbitrum, logo em seguida, ocorreu o lançamento da Arbitrum Nova, uma cadeia criada para transações de custo ultra baixo. Em agosto de 2022, a Arbitrum One foi atualizado para a Arbitrum Nitro.
Em março de 2023, a empresa fez o lançamento do token ARB e realizou um airdrop (nome dado à distribuição gratuita de criptomoedas).
Helena Margarido explica que a Arbitrum veio de um grupo de desenvolvedores que queria arranjar uma solução de escalabilidade para o Ethereum. Basicamente, a rede Arbitrum surgiu para resolver questões das transações que ocorriam na rede Ethereum.
Por trás das criações estão três ex-pesquisadores da Universidade de Princeton e especialistas em ciência da computação e blockchain: Ed Felten, Steven Goldfeder e Harry Kalodner.
“Antes do nascimento do Ethereum, Ed Felten iniciou sua extensa pesquisa em tecnologia de rollup em 2014. Depois de servir na Casa Branca como vice-CTO do presidente Obama, ele retornou à Universidade de Princeton para retomar sua pesquisa com Steven Goldfeder e Harry Kalodner, dois doutorandos na época”, diz o site da Offchain Labs.
Respondendo à pergunta do porquê da necessidade desse “reforço” na rede da segunda maior cripto do mercado, o site da Arbitrum diz que, apesar de o Ethereum ser “incrível por si só”, também é muito limitado:
“A blockchain Ethereum permite apenas cerca de 20-40 transações por segundo (TPS) (no total, para todos os usuários Ethereum); quando o limite é atingido, os usuários são forçados a competir entre si para que suas transações sejam incluídas, o que faz com que as taxas subam”.
Qual valor do token Arbitrum?
O preço do token Arbitrum varia no mercado, assim como ocorre com outras criptomoedas. Ao longo de 2023, por exemplo, seu valor oscilou entre aproximadamente US$ 0,79 e US$ 1,50. Em 2024, a moeda digital atingiu uma máxima próxima a US$ 2,22, mas encerrou o ano cotada em torno de US$ 0,80.
Já em 2025, a criptomoeda foi negociada entre US$ 0,20 e US$ 0,50. Sua cotação diária pode ser vista em plataformas como CoinMarketCap e CoinGecko. É possível também conferir a cotação de criptomoedas, como o bitcoin, na página do InvestNews.
Como comprar Arbitrum
Diversas corretoras de criptomoedas disponibilizam o token da Arbitrum para compra, como Binance e Coinbase. Basicamente, a pessoa precisa criar uma conta em uma dessas exchanges, depositar um saldo e fazer a compra do criptoativo.
Benefícios do Arbitrum
Helena cita, entre os benefícios da Arbitrum, a redução do valor das taxas sobre as operações e a aceleração da velocidade da transação.
Corretoras de criptomoedas como o Mercado Bitcoin citam como benefícios da Arbitrum a escalabilidade, aumentando sua agilidade e reduzindo os custos das transações; além da descentralização e governança, já que descentraliza seu processo de decisão ao colocar o poder de voto nas mãos dos detentores do token ARB, permitindo que participem dos direcionamentos do futuro da rede.
Outra vantagem, um pouco mais técnica, é a compatibilidade com EVM (Ethereum Virtual Machine). Em resumo, EVM é uma plataforma que permite a execução dos contratos inteligentes no Ethereum.
Isso significa que a Arbitrum possui a capacidade de executar aplicativos que, inicialmente, foram projetados para serem executados no Ethereum.
Segundo a própria Arbitrum, o usuário interessado em criar projetos deveria utilizar sua rede pelos seguintes motivos:
- Segurança enraizada no Ethereum, com qualquer parte capaz de garantir resultados corretos da Camada 2;
- Compatibilidade com Ethereum: capaz de executar contratos EVM não modificados e transações Ethereum não modificadas;
- Escalabilidade: movendo a computação e o armazenamento dos contratos para fora da cadeia principal da Ethereum, permitindo uma taxa de transferência muito maior;
- Custo mínimo: projetado para minimizar a pegada de gás L1 do sistema, minimizando o custo por transação.
Vale a pena investir em Arbitrum?
Segundo especialistas, quem está começando a investir em cripto deve adotar cautela. A recomendação mais comum é começar pelas criptomoedas mais consolidadas, como Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e, em menor grau, Solana (SOL). Esses ativos costumam ter maior liquidez e histórico de mercado, o que os torna menos voláteis – embora ainda estejam sujeitos a fortes oscilações.
O investimento em criptomoedas, no geral, deve representar no máximo 5% do portfólio total, de acordo com gestoras e especialistas. Isso significa que, em uma carteira de R$ 100 mil, por exemplo, o ideal seria aplicar até R$ 5 mil em ativos digitais – sempre com foco de longo prazo e preparo emocional para lidar com a volatilidade.
Já projetos menores, como o da Arbitrum, são classificados como altcoins (termo usado para identificar qualquer cripto diferente do BTC) de risco elevado. Embora possam oferecer ganhos expressivos em ciclos de valorização, também apresentam maior probabilidade de quedas acentuadas ou perda de valor caso o projeto não se sustente.
Por isso, investir em Arbitrum faz mais sentido para quem já tem experiência no mercado e busca aumentar o potencial de retorno assumindo um risco maior. Para investidores iniciantes, o ideal é construir uma base sólida com as criptomoedas principais antes de considerar ativos de nicho.
 
                                 
                                 
                                 
                                 
                                 
                            