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Dividend yield: o que é e como calcular

Saiba como funciona este indicador importante para os investidores, especialmente para aqueles com foco no lucro por dividendos.

celular com gráfico de ações em uma mão, com um notebook ao fundo. A imagem ilustra o termo dividend yield

O termo dividend yield é um importante indicador analisado por investidores antes de escolher a ação de uma empresa ou outro ativo, como fundos imobiliários (FIIs) quando visam obter lucro e uma renda passiva com dividendos. Mas você sabe o que significa e o que é dividend yield (DY)?

Além da valorização dos ativos comprados pelo investidor, outra forma de lucrar é com os dividendos distribuídos pelas empresas emissoras dessas ações, e para isso há o dividend yield que, entre outras funções, mede o quanto o investidor pode receber de lucro dos rendimentos pagos pela companhia.

Especialmente para o investidor que pretende montar uma carteira de ativos com foco em fundos ou ações que pagam dividendos, entender o que é dividend yield é fundamental.

Confira aqui como o DY é calculado, como funciona, qual asua importância e outros detalhes sobre o indicador.

O que é dividend yield e como funciona?

Imagem de Daniel Dan/Unsplash

O dividend yield (rendimento de dividendos, em português) é um indicador que, como o próprio termo sugere, mensura o retorno que o investidor recebe de uma ação (ou cota de fundos de investimento) conforme os proventos pagos pela empresa emissora do ativo.

“Dividend yield é a métrica usada para análise dos proventos gerados por um ativo financeiro, na prática é uma fórmula matemática que calcula a remuneração do dinheiro colocado naquele investimento, por um determinado período de tempo, que usualmente é ao ano”.

Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

De maneira geral, o dividend yield, também chamado de DY, mede a performance da empresa com base nos proventos pagos aos acionistas. 

O DY calcula o quanto a empresa pagou de proventos nos últimos 12 meses e faz uma previsão sobre o quanto ela deverá pagar nos 12 meses seguintes.

Entre os indicadores relacionados à distribuição dos lucros, também temos dividend payout, ou só payout, que revela a parcela do lucro da empresa que será utilizada para o pagamento de dividendos ou JCP (Juros sobre Capital Próprio). 

A Lei nº. 6.404/76 estabelece que as Sociedades Anônimas (S.A) possuem a obrigação de reservar uma parcela dos lucros para os acionistas, segundo o artigo 202:

“Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas…”, “§ 2o Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do inciso I deste artigo”.

Isso significa que, quando há omissão da empresa em relação a essa porcentagem de lucro a ser distribuída, a lei exige que ela seja ao menos 25%.

No entanto, também há exceções previstas na lei, como quando não houver lucro realizado em montante suficiente para isso ou “quando os órgãos da administração informarem à assembleia-geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia”.

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Diferença de dividend yield para dividendos

“Dividend yield é uma métrica usada como comparativo e análise da manutenção daquele ativo na carteira de investimentos, se vale a pena ser mantido ou se já existem opções que remunerem melhor o dinheiro em outros ativos financeiros. Já os dividendos são as distribuições financeiras dos lucros das empresas ou de outros tipos de investimentos em ativos reais, como fundos imobiliários, por exemplo”, esclarece Castro. 

Basicamente, enquanto um, o dividendo, representa o provento em si, a distribuição de parte dos lucros da companhia, o outro, o DY, reflete a capacidade da empresa de gerar esse retorno em dividendos para o investidor.

Castro ainda comenta que para que o investidor tenha direito ao recebimento desses dividendos, é preciso ser dono de, pelo menos, a menor parte desses negócios, “ou seja, possuir pelo menos uma ação no caso de uma empresa, e de pelo menos uma cota, no caso de fundos imobiliários. O montante total de dividendos que teremos direito aumentará proporcionalmente de acordo com a quantidade de ações e/ou cotas que possuímos”, explica o especialista. 

Os dividendos são definidos conforme o balanço financeiro das empresas e mediante aprovação pela Assembleia Geral Ordinária de cada uma.

O valor total de proventos aprovado pelo Conselho é dividido pelo número de ações da empresa e ele é distribuído para cada investidor conforme o número de ações que ele possui.

Segundo a lei, todas as empresas listadas na bolsa de valores são obrigadas a distribuir ao menos uma parcela dos lucros como dividendos aos acionistas a cada exercício, o chamado dividendo obrigatório.

A importância do Dividend Yield para investir

“Esta métrica é muito importante para quem busca montar um portfólio de investimentos com foco na retirada periódica de valores, a famosa renda passiva, ou para o investidor que busca reinvestir os lucros. E não é muito indicado para quem busca a valorização do patrimônio”, aponta Castro. 

“Nestes casos ativos com alto poder de valorização (ações de crescimento) ou ativos com juros compostos (renda fixa) são mais indicados”, complementa.

O dividend yield serve como um bom fator de análise na escolha de ações, já que ele permite que o investidor compare as opções e resultados das empresas.

Mas apenas um valor maior de dividendos não é o suficiente para fazer a escolha, visto que também é preciso analisar o preço pago dos ativos, conforme mostraremos mais abaixo, em “como calcular”.

O especialista comenta que o dividend yield é fundamental para a análise de investimento deste ativo, afinal ele consiste na remuneração pelo período que o investidor possui este ativo, ou seja, representa o quão atrativo o investimento é.

Mas ele é apenas um entre muitos outros indicadores a serem analisados pelo investidor.

Geralmente, o dividend yield é indicado em porcentagem, mas vamos a um exemplo simples:

Imagine que há duas opções de ações, uma com dividendos de R$ 0,03 e outra de R$ 0,06. À primeira vista, a ação 2 pode parecer mais atrativa, mas é preciso considerar também o preço pago por cada ativo. Enquanto o investidor paga R$ 10 pela primeira ação, ele pagará R$ 20 na segunda.

Ao pesar o valor dos proventos obtidos versus o valor pago pelo papel, é possível observar que a primeira opção exige um menor valor de investimento por um desempenho similar ao da ação mais cara. 

Lembrando que, como comentado por Castro, o DY não pode ser analisado individualmente, considerando que há uma série de fatores que influenciam os resultados da empresa e devem ser observados antes da escolha de determinado investimento.

Além disso, algumas taxas altas de dividend yield podem enganar, em casos como os de papéis desvalorizados, já que o valor de compra dessas ações está baixo, o retorno em dividendos pode parecer atrativo se olhar o “custo-benefício”, mas não se engane. Sempre estude os dados e indicadores em conjunto. 

Como calcular o dividend yield?

Imagem de Joshua Mayo/Unsplash

Castro alega que o cálculo do dividend yield pode ser feito de forma muito simples. “Soma-se todos os proventos relacionados ao ativo financeiro, como dividendos, juros sobre capital, amortizações extraordinárias, etc., em um determinado período e, após isso, divide-se pelo valor de compra do ativo financeiro. O resultado desta conta colocado em percentual representará o dividend yield”.

Lembrando que o DY pode ser afetado e aumentado por esses fatores, já que pagamento extraordinários e outros acontecimentos pontuais levam a uma distorção do indicador.

Basicamente, para descobrir o dividend yield unitário, utiliza-se o valor dos dividendos pagos pela empresa por ação, dividido pelo preço de cada ação

O especialista ainda diz que é importante destacar que o custo usado para cálculo de um ativo que o investidor já possui é o seu preço médio de compra, e caso não possua o ativo, o custo é o preço a mercado do ativo. 

Cálculo: Proventos / custo de aquisição x 100 = % dividend yield

Para simplificar, basta identificar o valor dos dividendos anuais por ação, geralmente fornecido pela própria empresa, e o preço atual da ação (caso já tenha comprado, utilize como base o valor que pagou), dividindo o primeiro pelo segundo e multiplicando por 100 para saber a porcentagem de DY.

Vamos supor que a companhia X pagou, nos últimos 12 meses, R$ 1,1214 em dividendos por ação e que a cotação atual do papel esteja em R$ 20, temos:

1,1214/20 x 100 = 0,05607 X 100 ≅ 5,61% de dividend yield, ou seja, de rendimento em dividendos por ano (12 meses).

Importância do dividend yield em empresas

Foto de Firmbee.com/Unsplash

Segundo Castro, para as empresas, o dividend yield representa o potencial de distribuição dos lucros da companhia entre os acionistas e isso pode ser uma atrativo para captação de mais recursos no mercado financeiro, posteriormente auxiliando em seu crescimento.

Como o dividend yield mede a performance da empresa com relação aos proventos pagos aos acionistas, o indicador influencia a decisão dos investidores, podendo ser um dos fatores determinantes para atrair, ou não, novos acionistas e novos investimentos na companhia.

Como descobrir o de uma empresa

É possível encontrar o próprio dividend yield, o valor dos dividendos anuais por ação e outros dados nos relatórios financeiros da empresa, geralmente apresentados na área de RI (Relações com investidores), em uma aba dentro do próprio site oficial da companhia ou em um site específico de RI, apenas para essas informações financeiras, onde as empresas costumam concentrar as informações relevantes aos acionistas.

Corretoras de valores e casas de análise costumam fornecer estas informações.

Com um pouco mais de procura, também é possível verificar em outros locais onde haja comunicados divulgados pelas companhias, como no site da B3 ou da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Como analisar dividend yield

O DY é um indicador utilizado para comparação, seja entre DYs de outras empresas ou sobre optar por outros investimentos. Ele não é analisado individualmente.

“O primeiro passo sempre será saber exatamente qual é o dividend yield, e a primeira comparação será com a taxa Selic ou 100% do CDI. A partir daí já você saberá se a remuneração desse investimento é atrativa frente ao investimento mais conservador disponível no mercado, o tesouro Selic (LFT). Essa primeira análise definirá o nível de risco x retorno do seu investimento, ou seja, se o retorno deste ativo não vem acompanhado de um risco muito grande”, aponta Castro. 

O especialista cita que, no segundo momento, a comparação será feita com ativos de mesma classe, ações versus ações, por exemplo, ou até mesmo de classes diferentes, como Fundos Imobiliários versus Debênture Incentivadas. 

“Porém, é muito importante levar em consideração outros pontos muito importantes: Qual o seu objetivo com aquele investimento? Qual a sua capacidade de geração de renda e o quanto esse dividendo impacta na sua renda mensal? Você possui ou não uma reserva de emergência, conhecida também como liquidez da carteira.  A resposta dessas perguntas definirá se buscar o dividendo é a melhor estratégia para a sua carteira de investimentos”, alerta Castro.

O sócio da GT Capital também lembra que o dividend yield jamais deverá ser a única métrica utilizada para análise, já que a remuneração do ativo financeiro pode ser uma parte menor se comparado ao potencial de valorização do ativo, por exemplo.

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