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Lítio: maiores reservas do ‘ouro branco’ estão na Ásia e América Latina

Chile, Austrália e Argentina lideram ranking da matéria-prima que alimenta baterias de celulares e carros; Brasil ocupa sétima posição.

Lítio: maiores reservas do ‘ouro branco’ estão na Ásia e América Latina

A vida moderna trouxe facilidades com o uso de tecnologias como celulares e notebooks para conectar a população ao mundo globalizado. Mas nada disso seria possível sem as baterias recarregáveis, que são produzidas graças ao lítio, também utilizadas na fabricação, por exemplo, dos carros elétricos.

O lítio é um metal raro de cor branco-acinzentada, que é usado como matéria-prima para a indústria tecnológica, e por isso vem sendo chamado de “ouro branco” ou “metal do futuro”, devido ao seu papel no desenvolvimento econômico nas nações.

O Brasil é um dos países que possuem uma das maiores reservas do mundo. De acordo com dados do Mineral Commodity Summaries de 2022, o país produziu 0,6 mil toneladas (600 quilos) no ano passado.

“O lítio é uma oportunidade de alavancar o desenvolvimento regional do país, não apenas no âmbito da pesquisa mineral e mineração, mas ao longo de toda a cadeia produtiva do metal, passando pelas etapas de beneficiamento. A estruturação dessa cadeia envolve, também, a implementação de toda a rede paralela de fornecimento de insumos e serviços, bem como a oportunidade de desenvolvimento científico e tecnológico nos diversos setores produtivos.”

Serviço Geológico do Brasil.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), as reservas mundiais de lítio em 2022 totalizavam cerca de 26 milhões de toneladas, sendo os países detentores das maiores reservas: o Chile na liderança, seguido pela Austrália, Argentina e China. O Brasil estava na sétima posição. Já o maior produtor mundial é a Austrália (veja abaixo).

O que é o lítio?

O lítio é metal mais leve da tabela periódica e faz parte do grupo dos metais alcalinos. Ele tem um alto poder de conectividade térmica e de combate à corrosão.

Além do uso em baterias, o lítio é utilizado na produção de graxa, cerâmicas e na medicina como principal componente na composição de fármacos para tratamentos de depressão e transtorno bipolar. Na metalurgia, ele é usado na produção de ligas leves e resistentes usados em aviões comerciais e tanques de combustível.

Onde o lítio é encontrado?

O lítio pode ser encontrado em dois locais diferentes, em rochas e salmouras:

  • Ele é extraído de pegmatitos, rochas de composição predominantemente devirado do granito e formadas por cristais de granulação muito grossa e grande, sendo o espodumênio, lepidolita, petalita e ambligonita, os minerais que contém lítio no Brasil.
  • O metal também pode ser extraído de salmouras, que são lagos formados por chuvas em regiões áridas e semi-áridas, que evaporam e têm os sais que ficam no solo extraídos.

“O volume de lítio, de reserva do lítio natural é maior em regiões semi-áridas, com chuvas efêmeras que geram pequenos lagos que tem uma alta taxa de evaporação durante o verão e, consequentemente, eles secam. Com a evaporação, precipitam sais de lítio, a exemplo do triângulo do lítio entre Bolívia, Argentina e Chile.”

rafael assis, coordenador do curso de geologia da usp.

Minas Gerais é o berço do lítio no Brasil

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) diz que as reservas brasileiras de lítio estão situadas no estado de Minas Gerais, com destaque para o Vale do Jequitinhonha, também conhecido como Vale do Lítio.

O Vale do Lítio é formado por 14 cidades: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Virgem da Lapa, Teófilo Otoni e Turmalina, no Nordeste de Minas, e Rubelita e Salinas, no Norte mineiro.

O lítio encontrado em Minas Gerais tem alto grau de pureza, ao contrário da maioria dos outros países, o que facilita o uso na fabricação de baterias mais potentes. Além disso, a extração em terras mineiras utiliza menos água que o modelo tradicional, tornando o processo menos nocivo ao meio ambiente.

A Companhia Brasileira de Lítio (CBL), que foi pioneira e é a única a explorar a região, produz desde 1991 na sua Mina da Cachoeira, nos municípios de Araçuaí e Itinga, reporta um total de recursos medidos de 4,5 milhões de toneladas de lítio e uma capacidade de produção de 45 mil toneladas/ano de concentrado de espodumênio.

Outras quatro mineradoras, todas listadas na Nasdaq, desenvolvem projetos de exploração do mineral no Vale do Jequitinhonha: Sigma Lithium (Canadá), Atlas Lithium (EUA), Lithium Ionic (Canadá) e Latin Resources (Australia).

Outras regiões do Brasil tem indicações de que há reservas de lítio como nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Goiás, Bahia e menos volumosas no Rio Grande do Sul.

De acordo com estimativas, o país pode ter cerca de 900 milhões de toneladas de lítio em suas reservas.

O Brasil faturou R$ 1,4 bilhão com a produção de lítio no primeiro semestre de 2023 contra R$ 336 milhões no mesmo período de 2022, uma alta de 329,5%.

Lítio no mundo

A Austrália é o país com maior produção mundial, apesar de não possuir a maior reserva. De acordo com dados de 2022 do USGS, o país da Oceania produziu 55 mil toneladas, mas comprou parte da reserva de outros países para extrair o metal.

Já os maiores compradores do lítio, ou maiores importadores do metal no mundo, são a China devido ao seu crescimento econômico, União Europeia com os investimentos nos carros elétricos, e os Estados Unidos.

Bolívia tem a maior reserva mundial?

De acordo com o professor de Geologia da USP, o Serviço Geológico dos Estados Unidos, não considera a Bolívia, em seus levantamentos, local em que há estimativas de que tenha a maior reserva mundial do metal raro.

O maior deserto de sal do mundo, o Salar de Uyuni na Bolivia Crédito: Adobe Stock

“Por toda a situação instável política, econômica e estrutural do país não se tem pesquisas na Bolívia que quantifiquem de modo preciso o volume de lítio no Salar de Uyuni. Contudo, as estima-se que as reservas da Bolívia sejam praticamente o dobro das maiores conhecidas. No entanto, mesmo a Bolívia podendo ter a maior reserva do planeta, não é considerada porque não tem dados precisos e não produz nada”.

RAFAEL ASSIS, COORDENADOR DO CURSO DE GEOLOGIA DA USP.

O Salar de Uyuni, localizado entre a Cordilheira dos Andes, no sudoeste da Bolívia, possui o maior e mais alto deserto de sal do mundo, formado como resultado de transformações entre diversos lagos pré-históricos.

Segundo o professor, o país não explora o lítio, já que não possuem tecnologia para isso e nem empresas estrangeiras se fixam no local devido a sua grande instabilidade política após o país sofrer diversos golpes militares.

Salar de Uyuni na Bolívia tem grande concentração de sais de lítio. Crédito: Adobe Stock

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