Em cinco meses consecutivos, o índice Nasdaq 100 subiu todos os dias. A exceção foi apenas um dia em setembro, com os investidores apostando no otimismo em torno da inteligência artificial e nos cortes de juros do Federal Reserve (Fed).
O indicador de volatilidade não muda há meses. E, na quarta-feira (10), a gigante do software de infraestrutura Oracle fez história com uma alta de 36%, seu maior ganho desde 1992.
Isso levou alguns investidores a aumentarem a aposta nas opções de venda para proteger os ganhos. O preço contra uma queda de 10% no ETF Invesco QQQ Trust, o maior fundo negociado em bolsa que acompanha o Nasdaq, está no nível mais alto desde 2022.
Mercado de tecnologia em alta
“O setor de tecnologia está em alta e a volatilidade, em baixa. Acho que há muitos argumentos para justificar a necessidade de se proteger”, disse Greg Boutle, chefe de estratégia de ações e derivativos dos EUA no BNP Paribas. “Setembro também tende a ser um pouco mais fraco sazonalmente”, acrescentou.
O cenário é um sinal da crescente inquietação diante de uma série de eventos que movimentarão o mercado daqui para frente, incluindo a decisão do Fed sobre a taxa de juros, quer será divulgada na quarta-feira que vem (17).
Assim, as empresas de tecnologia de alto desempenho parecem promissoras sob qualquer ótica. “Quanto mais o grupo sobe, mais os investidores são forçados a se proteger contra um “evento de cauda” — ou seja, uma potencial queda no mercado”, diz Charlie McElligott, estrategista de ativos cruzados da Nomura.
Isso está elevando ainda mais a distorção entre opções de venda e compra em um momento em que a demanda por opções de compra permanece relativamente contida.
“As proteções provavelmente foram adicionadas para proteger carteiras de ações”, afirma Christopher Jacobson, codiretor de estratégia de derivativos do Susquehanna International.
Certamente, a distorção entre opções de venda e compra mede o custo relativo dessas opções, não do preço real que os investidores pagaram.
Embora os grandes indicadores de volatilidade não estejam soando alarmes, há uma sensação de nervosismo que vai além das grandes ações de tecnologia.
Vamos a dois exemplos:
Na segunda-feira (8), um investidor comprou um hedge de longo prazo contra uma queda de 58% no S&P 500 até dezembro de 2026 por US$ 13,4 milhões.
E na terça-feira (9), um trader pagou cerca de US$ 9,3 milhões por opções de baixa no SPDR S&P 500 ETF Trust, uma posição que paga se o S&P cair 3,6% até 19 de setembro.
As mudanças fazem sentido, considerando que as ações costumam apresentar desempenho inferior em setembro.
Para Greg Boutle, do PNB Paribas, o estado atual dos mercados de ações é semelhante ao de 2019, quando uma forte alta nos primeiros seis meses do ano deu lugar a períodos de fraqueza no segundo semestre, logo após o Fed reduzir as taxas.
Ele recomenda que os clientes comprem proteção contra uma queda de 5% no S&P 500, enquanto vendem seguros contra uma queda mais profunda, o que, segundo ele, dificilmente se concretizará.
“Estamos realmente focados em hedges superficiais, em vez dos mais ‘arrastados'”, disse Boutle.