O voo doméstico de Cagliari, na Sardenha, para Roma concluiu nesta quinta-feira (14) a história da Alitalia. Depois de 74 anos e vários resgates financeiros que não conseguiram mantê-la viva, a companhia aérea será substituída por uma nova empresa estatal, que nascerá com frota de 52 aeronaves, mas apenas 3 mil dos 11 mil ex-funcionários do ícone italiano, que transportou papas em nada menos do que 169 visitas internacionais.
Termina, assim, uma história de sucessos, mas também de contínuos fracassos na sua gestão, com perdas bilionárias aos cofres estatais. O governo do país, sob o olhar vigilante da União Europeia, criou a novata Itália Transporte Aéreo (ITA), responsável por garantir conexões internas essenciais para a nação, mas com um limite de gastos bem menor.
Nas últimas semanas, os trabalhadores da Alitalia – entre eles, parte dos 8 mil que serão demitidos com a reestruturação e a mudança de nome do negócio – protestaram no aeroporto de Roma contra a decisão de fechar a companhia.
Eles argumentam que o plano de reduzir o tamanho da aérea, criando a novata ITA com a bênção da União Europeia, pode acabar não dando resultado nenhum. Segundo eles, a atividade restrita do novo negócio, que cobrirá um número de rotas muito menor, tem pouca chance de atrair um comprador estrangeiro privado.
Líder do sindicato dos tripulantes, Antonio Amoroso afirmou que a estratégia “é um plano fracassado do ponto de vista empresarial, que não ajuda o governo, não serve aos passageiros e afeta radicalmente os trabalhadores”.
Sucessos e fracassos
Após o primeiro voo Roma-Torino em 1947, a Alitalia tornou-se uma das grandes companhias aéreas internacionais. Em 1960, foi patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos de Roma. Nas décadas seguintes, abriu rotas internacionais, principalmente na América e no Oriente.
Na década de 1990, começaram os problemas econômicos. Houve, nessa época, a primeira tentativa fracassada de fusão com a Air France. Depois de uma longa negociação, que envolvia o fechamento de rotas e de “hubs” de distribuição da Alitalia, a ideia foi abandonada. Depois, em 2007, a Air France acabou se unindo à holandesa KLM – negócio que perdura até hoje.
Dois anos mais tarde, nasceu a CAI, união da Alitalia e da companhia aérea Airone, tendo a Air France-KLM como parceira estratégica, com 25% do capital. Mas, em cinco anos, a empresa trocou três vezes de presidente e, em 2013, precisou de uma recapitalização. A Air France deixou a sociedade.
Em 2014, a Etihad, dos Emirados Árabes Unidos, anunciou a compra de 49% da Alitalia. Porém, três anos depois, a empresa estava de novo em maus lençóis e precisava de uma nova capitalização – projeto que foi rejeitado pelos funcionários. Como resultado, a Etihad acabou sendo empurrada para fora da sociedade. Para manter a Alitalia viva, o governo concedeu dois empréstimos-ponte superiores a € 1 bilhão.
Em 2020, foi autorizada a criação da nova empresa, a ITA, com o compromisso do governo com Bruxelas de não injetar mais de € 1,35 bilhão no capital até 2023. Embora o novo negócio tenha sido criado com 3 mil funcionários, a ideia é que o total chegue a 5,7 mil por volta de 2025. O novo negócio começa com 52 aeronaves compradas da Alitalia, mas pretende atingir 78 aviões já em 2022 e 105 em 2025. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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