O administrador judicial da Americanas (AMER3) pediu à Justiça a autorização para antecipar o pagamento de 100% das dívidas trabalhistas e de micro e pequenas empresas, que somam R$ 192,4 milhões.
O pedido, realizado na quinta-feira (16), menciona o pagamento da totalidade de créditos das classes 1 e 4.
O pagamento seria feito por meio de recursos obtidos com o financiamento DIP (empréstimo específico para empresas em recuperação) de até R$ 2 bilhões que a companhia deve receber na recuperação judicial.
De acordo com a empresa, o pagamento aos credores não traria impacto no cumprimento de suas obrigações.
A varejista alega que a antecipação do pagamento diminuiria os impactos socioeconômicos dos funcionários e dos pequenos fornecedores.
“A Americanas buscou essa solução por entender que sua Recuperação Judicial tem provocado efeitos socioeconômicos relevantes no funcionamento desses pequenos negócios e no ecossistema onde estão inseridos, muitos deles dependendo exclusivamente dos pagamentos da companhia e suas recuperandas, assim como no caso dos credores trabalhistas.”
A empresa ressalta que o valor total para a quitação dessas dívidas é “bastante reduzido” frente ao total de créditos da recuperação judicial.
A companhia afirmou que esse é mais um passo importante em seu processo de recuperação como uma empresa com forte papel social e presença na economia do país.
A Americanas diz que se a Justiça aprovar seu pedido irá fortalecer ainda mais os esforços para a construção de consenso para o pagamento dos credores inseridos na classe 3, onde estão listados as dívidas mais expressivas.
Credores rejeitam oferta
Na quinta-feira, a Americanas informou que não conseguiu acordo com grandes credores financeiros após apresentar uma proposta que envolve aporte de R$ 7 bilhões por seus acionistas de referência, além de recompra e conversão de dívida.
O aporte em dinheiro teria suporte dos acionistas Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles. O valor considera financiamento de R$ 2 bilhões “já aportado” divulgado na semana passada, que seria convertido em capital, disse a varejista.
A companhia ainda propôs a conversão de dívidas financeiras de cerca de R$ 18 bilhões, parte em capital e parte em dívida subordinada, e, adicionalmente, uma recompra de R$ 12 bilhões.
A Americanas pediu recuperação judicial no mês passado com dívidas que ultrapassam R$ 40 bilhões, após revelar no início do ano inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões.