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Negócios

Magazine Luiza desacelera vendas e tem prejuízo no 4º trimestre

Efeito da alta da Selic sobre a dívida foi um dos fatores que impactaram a empresa negativamente.

Placa em frente a centro logístico do Magazine Luiza. 24/4/2018. REUTERS/Paulo Whitaker

A Magazine Luiza (MGLU3) teve desempenho abaixo das expectativas do mercado no quarto trimestre, uma vez que suas vendas desaceleraram fortemente num cenário macroeconômico mais adverso no país, com inflação alta, além dos juros em elevação pressionarem seu resultado financeiro.

A grupo varejista anunciou nesta segunda-feira que teve prejuízo ajustado de R$ 79 milhões de outubro a dezembro, ante lucro de R$ 232,1 milhões divulgados um ano antes.

Em termos líquidos, a companhia teve lucro de R$ 93 milhões, número influenciado por créditos tributários extraordinários.

As vendas totais da companhia no trimestre, medidas pela sigla GMV, somaram R$ 15,5 bilhões, um aumento de cerca de 4% sobre um ano antes, quando a expansão sobre mesma etapa de 2020 tinha sido de 66%. Na semana passada, a concorrente Via (VIIA3) divulgou queda de 7% no GMV. A também concorrente Americanas (AMER3) publicou em fevereiro alta de 28% no GMV do período.

O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do Magazine Luiza recuou cerca de 53% no quarto trimestre, para R$ 243 milhões. A previsão média de analistas consultados pela Refinitiv era de Ebitda de R$ 304,5 milhões. A margem Ebitda caiu à metade, para 2,6%.

Em termos líquidos, o Ebitda foi ainda pior, ficando negativo em R$ 7,9 milhões, ante R$ 504,7 milhões positivos um ano antes.

Uma das fontes de pressão na última linha do balanço foi a deterioração do resultado financeiro ajustado da empresa, que ficou negativo em R$ 304,7 milhões, um salto de 156% em relação à mesma etapa de 2020, refletindo entre outros fatores o efeito da alta da Selic sobre a dívida.

Em novembro, o presidente-executivo da companhia, Frederico Trajano, já havia alertado que a Magazine Luiza terminou setembro com nível de estoques excessivo, o que fez a companhia registrar no terceiro trimestre uma provisão de R$ 395 milhões.

Após um crescimento explosivo de vendas há dois anos impulsionado pelas medidas de isolamento social, os portais de comércio eletrônico passaram em meados de 2021 a sofrer os efeitos de inflação alta e juros em elevação.

Como consequência, as ações de empresas do setor, que haviam disparado em 2020 – a do Magazine Luiza subiu 110% – passaram por forte correção. Nos últimos 12 meses até a última sexta-feira, a ação da empresa acumula desvalorização de 76%.

Segundo vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, Eduardo Galanternick, apesar da mudança do cenário macro, a empresa segue investindo em tecnologia e logística para ampliar a prateleira de produtos e engajar clientes.

No fim de 2021, cerca de 45% das vendas online do grupo eram de categorias consideradas novas, de produtos como moda e esporte, beleza e videogames, resultado da aquisição de negócios como Netshoes e KabuM!, além da divisão Época Cosméticos. A companhia abriu 182 novas lojas em 2021.

“Ajustamos nossas velas com o cenário macro, mas seguimos com nossa estratégia de crescimento“, disse o executivo à Reuters, destacando esforços para ampliar vendas de produtos de supermercados e do serviço de delivery de refeições AiqFome, em estratégia semelhante à adotada pela Americanas, que tem apostado na recorrência de vendas como forme de alavancar os negócios no marketplace.

No comunicado de resultados, a Magazine Luiza informou ainda que no mês passado, pela primeira vez, as vendas do marketplace superaram o faturamento das lojas físicas.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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