A grupo varejista anunciou nesta segunda-feira que teve prejuízo ajustado de R$ 79 milhões de outubro a dezembro, ante lucro de R$ 232,1 milhões divulgados um ano antes.
Em termos líquidos, a companhia teve lucro de R$ 93 milhões, número influenciado por créditos tributários extraordinários.
As vendas totais da companhia no trimestre, medidas pela sigla GMV, somaram R$ 15,5 bilhões, um aumento de cerca de 4% sobre um ano antes, quando a expansão sobre mesma etapa de 2020 tinha sido de 66%. Na semana passada, a concorrente Via (VIIA3) divulgou queda de 7% no GMV. A também concorrente Americanas (AMER3) publicou em fevereiro alta de 28% no GMV do período.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do Magazine Luiza recuou cerca de 53% no quarto trimestre, para R$ 243 milhões. A previsão média de analistas consultados pela Refinitiv era de Ebitda de R$ 304,5 milhões. A margem Ebitda caiu à metade, para 2,6%.
Em termos líquidos, o Ebitda foi ainda pior, ficando negativo em R$ 7,9 milhões, ante R$ 504,7 milhões positivos um ano antes.
Uma das fontes de pressão na última linha do balanço foi a deterioração do resultado financeiro ajustado da empresa, que ficou negativo em R$ 304,7 milhões, um salto de 156% em relação à mesma etapa de 2020, refletindo entre outros fatores o efeito da alta da Selic sobre a dívida.
Em novembro, o presidente-executivo da companhia, Frederico Trajano, já havia alertado que a Magazine Luiza terminou setembro com nível de estoques excessivo, o que fez a companhia registrar no terceiro trimestre uma provisão de R$ 395 milhões.
Após um crescimento explosivo de vendas há dois anos impulsionado pelas medidas de isolamento social, os portais de comércio eletrônico passaram em meados de 2021 a sofrer os efeitos de inflação alta e juros em elevação.
Como consequência, as ações de empresas do setor, que haviam disparado em 2020 – a do Magazine Luiza subiu 110% – passaram por forte correção. Nos últimos 12 meses até a última sexta-feira, a ação da empresa acumula desvalorização de 76%.
Segundo vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, Eduardo Galanternick, apesar da mudança do cenário macro, a empresa segue investindo em tecnologia e logística para ampliar a prateleira de produtos e engajar clientes.
No fim de 2021, cerca de 45% das vendas online do grupo eram de categorias consideradas novas, de produtos como moda e esporte, beleza e videogames, resultado da aquisição de negócios como Netshoes e KabuM!, além da divisão Época Cosméticos. A companhia abriu 182 novas lojas em 2021.
“Ajustamos nossas velas com o cenário macro, mas seguimos com nossa estratégia de crescimento“, disse o executivo à Reuters, destacando esforços para ampliar vendas de produtos de supermercados e do serviço de delivery de refeições AiqFome, em estratégia semelhante à adotada pela Americanas, que tem apostado na recorrência de vendas como forme de alavancar os negócios no marketplace.
No comunicado de resultados, a Magazine Luiza informou ainda que no mês passado, pela primeira vez, as vendas do marketplace superaram o faturamento das lojas físicas.