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Negócios

Presença de mulheres em conselhos de administração aumenta no Brasil, diz estudo

A proporção de mulheres em cargos de presidência de conselhos, porém, diminuiu.

A proporção de mulheres em conselhos de administração de empresas aumentou 1,8% em três anos, mas no Brasil ainda é menor do que a média mundial – 10,4% no país, contra 19,7% no mundo. É o que aponta a nova edição da pesquisa Women in the boardroom, da Deloitte.

Do total de 165 empresas pesquisadas no Brasil, há 115 mulheres nos conselhos. No entanto, apenas 4,4% delas ocupam as cadeiras das presidências dos conselhos. A pesquisa aponta ainda que houve queda nesse índice, que era de 6,5% na edição anterior. E, em 2016, esse número era ainda menor, com apenas 1,5%. 

“A conscientização que vem acontecendo nos últimos anos em relação à equidade de gênero levou a ações mais concretas dos governos e da iniciativa privada para vermos a participação feminina aumentar nos cargos de liderança. O aumento de 8,6% para 10,4% de mulheres ocupando posições em conselhos no Brasil é encorajador e um lembrete de que esse foco e esforço podem ter resultados tangíveis”, comentou em nota Venus Kennedy, sócia e líder do Delas, programa de diversidade de gênero da Deloitte no Brasil.

“Claro que ainda há um longo caminho a percorrer, por isso precisamos continuar a nos concentrar não apenas no resultado de uma maior diversidade de gênero nos conselhos, mas na variedade de fatores que afetam esse resultado, como os aspectos estruturais e culturais das organizações e sociedades”, disse Kennedy.

Edna Goldoni, fundadora do Instituto Vasselo Goldoni, comenta que “há um número muito pequeno de mulheres no topo”. “Quanto mais sobe a posição hierárquica, menor a quantidade de mulheres”, afirma ela, acrescentando que “é uma questão estatística: a quantidade de mulheres não cresce exponencialmente”.

Goldoni explica que as mulheres neste momento “estão se preparando em formação de conselheiras, há uma onda crescente chegando por aí; mas é uma questão que ainda está em formação. Muitos conselhos têm colocado cota de mulheres para ocupar suas posições e estão acreditando que, quando se têm uma única mulher no conselho, já foi praticado diversidade e inclusão”.

Para a fundadora da organização social, “enquanto a mentalidade de que ser humano competente não tem gênero não for de senso comum, continuaremos nesses passos curtos e lentos”.

Mulheres ficam menos tempo nos conselhos

Outro dado que a pesquisa revelou foi que o prazo médio que as mulheres ficam como membros de conselho é de é 4,4 anos; já os homens ficam, em média, 5,8 anos. E, na presidência do conselho, o tempo médio para mulheres também é de 4,4 anos, ante 5,7 anos para homens. Além do mais, a média de idade das mulheres membros dos conselhos é de 52,6 anos, enquanto a dos homens é de 58,6. 

Já falando da presidência dos conselhos, a idade média das mulheres sobe para 62 anos, ante 61,1 dos homens. A pesquisa ainda mostra que, no Brasil, os comitês com maior presença feminina são os de Auditoria, com 11,5% de mulheres como membros e 8,6% como presidentes, respectivamente, Governança, 15,7% e 12,5%, Nomeações, 12,7% e 14,6%, Compensação, 14,6% e 14,1%, e Riscos, 12,7% e 7,0%.

E outros cargos de liderança?

Além de mapear a presença das mulheres em conselhos de administração, a pesquisa revela, ainda, que apenas 1,2% delas ocupam cargos de CEO no país. Mas o indicador cresceu em relação à edição anterior, que era de 0,8%. Entre os executivos financeiros (CFO’s) no Brasil, 7,3% são mulheres, ante 4% da edição anterior do levantamento.

Os setores da economia que têm, no Brasil, mais mulheres nos conselhos são: tecnologia, mídia e telecomunicações (14,7%); bens de consumo (11,5%); energia (11%); manufatura (10,1%) e serviços financeiros (9,8%).

Como garantir igualdade?

Para Goldoni, “não há como garantir nada em um processo de transformação, porém podemos adotar práticas que nos ajudem a construir empresas mais equitativas”. Ela cita “empresas que têm meta anual de promover mulheres a cargos de liderança”, apontando que “isso ajuda em números, mas não ajuda na real inclusão social”.

“A inclusão, a real inserção da mulher em posições de liderança, acontecerá quando a sociedade aprender a valorizar as características humanas e as forças humanas com altíssimo nível de respeito e empatia. O responsável por isso tudo? Eu, você e todo mundo! Somos interdependentes e todos precisamos servir de exemplo para esta grande transformação. Não há culpados, a nossa consciência coletiva é que nos limita”, diz Goldoni.

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