Entre as empresas citadas está o Grupo Coelho Diniz, maior acionista do GPA — dono das marcas Pão de Açúcar e Extra —, segundo apuração do site O Fator confirmada pelo InvestNews. Procurado, o Coelho Diniz não respondeu até a publicação deste texto. Atakmix Atacadista e Martmix Atacarejo também aparecem como alvos.
A operação cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, sem ordens de prisão. Foram apreendidos cerca de R$ 100 mil em espécie, 14 celulares, 22 dispositivos eletrônicos e 3 veículos de luxo.
Segundo a investigação, o grupo utilizava empresas de fachada — as chamadas “noteiras” — em estados como Goiás e Espírito Santo para simular operações interestaduais com alíquotas reduzidas de ICMS, prática conhecida como “barriga de aluguel”.
Na realidade, as mercadorias circulariam apenas dentro de Minas Gerais, enquanto as notas fiscais registravam vendas interestaduais, permitindo reduzir artificialmente a carga tributária, inclusive no ICMS por substituição tributária.
Entre os investigados está o ex-publicitário Marcos Valério, condenado no caso do mensalão, apontado como integrante de um dos núcleos da organização.
Atuação dos Coelho Diniz
O documento descreve diferentes frentes de atuação — de comando, emissão de notas e escoamento de mercadorias à lavagem de dinheiro — e afirma que parte do esquema teria como principais beneficiárias empresas como WT Ltda. e Grupo HSI, além de estruturas ligadas a mineração ilícita e ao uso de veículos de luxo para lavar recursos.
Um dos núcleos mencionados é vinculado ao Grupo Coelho Diniz, por meio da HAF Distribuidora Ltda. e da Big Works Comércio Importação e Exportação Ltda..
A decisão cita membros da família, como André Coelho Diniz e Fábio Coelho Diniz, como alvos da investigação, atribuindo a eles a autorização de pagamentos a “noteiras” e a organização do fluxo de notas fiscais e quitações usadas para reduzir o ICMS devido em Minas Gerais.
O caso tramita sob sigilo na 4ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Belo Horizonte, e o Ministério Público mineiro não confirma oficialmente os nomes dos investigados.
A repercussão chegou ao mercado acionário. As ações do GPA (PCAR3) chegaram a abrir em forte queda e, embora tenham reduzido parte das perdas ao longo da manhã, seguiam em baixa de cerca de 1%, em meio à maior atenção de investidores sobre os desdobramentos do caso envolvendo a família que hoje é sua principal acionista.
A reportagem tentou contato com André Coelho Diniz, mas não teve resposta até o fechamento deste texto. A assessoria da rede Coelho Diniz também não respondeu até a publicação. O InvestNews não conseguiu contato com os grupos Atakmix Atacadista e Martmix Atacarejo.