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Só a prevenção pode garantir a sustentabilidade do sistema de saúde, diz Jeane Tsutsui

CEO do Fleury fala sobre o impacto do envelhecimento da população e da medicina preventiva para o setor

O sistema de saúde no Brasil ainda está mais focado no tratamento do que na prevenção das doenças. Essa lógica precisa mudar num setor que tem pela frente um desafio imenso: o envelhecimento da população, que traz consigo o aumento das doenças crônicas. Quem faz o diagnóstico é a CEO do Grupo Fleury, Jeane Tsutsui.

Em entrevista ao InvestNews, Jeane diz que a contrapartida à vida mais longa é, naturalmente, o aumento nos casos de várias doenças, como as oncológicas e cardiológicas. E isso impacta o equilíbrio dos custos do setor.

“A prevenção é fundamental para que a gente consiga equilibrar e trazer mais sustentabilidade ao sistema no longo prazo”, afirma.

O protocolo da prevenção inclui diagnósticos precoces e acompanhamento ambulatorial. Práticas que podem evitar os chamados eventos agudos – que custam mais caro. E, portanto, contribuem para a sustentabilidade do sistema.

“É importante lembrar que a medicina diagnóstica, de maneira geral, corresponde a apenas 20% do custo total da saúde suplementar [planos de saúde]”, afirma.

O Fleury é um player conhecido por seu investimento em pesquisa e desenvolvimento, que permite testes mais precisos e rápidos. O grupo foi pioneiro, por exemplo, ao implementar testes da área de genoma no Brasil, por meio dos quais é possível, entre outras coisas, definir qual o tratamento mais adequado para um caso de câncer. Por meio de uma parceria com o  Hospital Israelita Albert Einstein, o Fleury segue investindo no desenvolvimento de  novos testes  na área de genômica.

Mas Jeane admite: o avanço da ciência tem um custo. E por isso o uso adequado dos recursos é fundamental. “Precisamos optar por aquelas tecnologias que trazem benefício real para o paciente”, diz. Fazer o teste certo, na hora certa, e de forma coordenada a fim de evitar repetições é o caminho a perseguir para garantir qualidade, sem desperdício.

O acesso da população aos avanços da medicina é outro desafio, diz Jeane. Ela lembra que, hoje, apenas 25% dos  brasileiros são atendidos pelo sistema de saúde suplementar. O restante conta com o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que, em sua visão, é “extremamente estruturado”, mas que vem lidando com uma demanda cada vez maior. 

Com um currículo acadêmico de excelência – ela tem pós-doutorado pelo University of Nebraska Medical Center (UNMC) e é professora livre-docente em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP –, Jeane está na cadeira de CEO do Fleury desde 2021. Mas já havia enveredado para a carreira executiva 14 anos antes. “O fato de eu ter sido médica lá no passado me traz uma visão sistêmica do setor de saúde e daquilo que a gente precisa implementar como solução”, diz.

Como uma das poucas mulheres a comandar uma empresa listada no Ibovespa, ela diz ter a responsabilidade de incentivar outras mulheres a aspirar posições de liderança. “Costumo dizer que não só a questão de gênero, mas toda a pauta de diversidade, é importante.  Sabemos que a diversidade promove mais capacidade de inovação, mais capacidade de reação diante de ambientes incertos”.

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