
Em meio a um ano marcado pelo superciclo de proteínas, a JBS entregou em 2024 o que seu CEO Gilberto Tomazoni classificou como uma “recuperação impressionante”. A companhia reverteu o prejuízo de R$ 1,1 bilhão de 2023 e registrou lucro líquido de R$ 9,6 bilhões, impulsionado pelo desempenho da Seara e da americana Pilgrim’s Pride.
O desempenho permitiu à empresa da família Batista distribuir R$ 6,6 bilhões em dividendos entre outubro de 2024 e janeiro de 2025 e agora, com o caixa fortalecido, a administração propõe mais R$ 4,4 bilhões em dividendos, equivalente a R$ 2 por ação.
“São números que demonstram a força da nossa plataforma global multiproteínas e a assertividade da nossa gestão operacional, que nos permitem capturar oportunidades nos mais variados ciclos e geografias”, afirmou Tomazoni, em mensagem aos acionistas.
Novos mercados
A JBS iniciou 2025 com uma movimentação estratégica: a entrada no mercado de ovos com a aquisição de 50% da Mantiqueira, maior produtora do setor na América do Sul. A transação, diz a companhia, reforça a estratégia de diversificação por proteínas e geografias.
Para 2025, a JBS definiu um plano robusto de expansão global com cinco investimentos estratégicos.
No Brasil, os investimentos se concentram em dois projetos: R$ 560 milhões em Dourados para dobrar a capacidade de processamento de suínos e R$ 150 milhões para duplicar a produção em Campo Grande, transformando a unidade na maior planta de carne bovina da América Latina.
Na Arábia Saudita, a empresa investirá US$ 50 milhões em uma nova unidade que multiplicará por quatro a capacidade produtiva local. Na Austrália, serão aportados AU$ 110 milhões para expandir a produção de salmão na Huon, além de outros US$ 50 milhões destinados a melhorar qualidade e produtividade na planta de bovinos em Dinmore.
A empresa também avança em seu plano de investimento na Nigéria, onde trabalhará para desenvolver cadeias produtivas que ampliem a produção de alimentos no país africano, que deve alcançar 400 milhões de habitantes até 2050.
Estrutura de capital
A empresa encerrou 2024 com geração de caixa livre de R$ 13,2 bilhões, um crescimento de 609% ano a ano, o que permitiu reduzir a dívida líquida em US$ 1,7 bilhão. Com isso, a alavancagem financeira caiu de 4,42 vezes para 1,89 vez em dólar entre o último trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024.
O fortalecimento financeiro proporcionou à JBS condições favoráveis para a gestão de passivos, incluindo a emissão de R$ 1,88 bilhão em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) em maio, mais R$ 1,5 bilhão em outubro por meio da Seara, e a criação do primeiro programa de Notas Comerciais para emissão de até US$ 1 bilhão.
Em janeiro de 2025, a empresa emitiu US$ 1,75 bilhão em bonds com o menor spread over treasury de todas as emissões brasileiras da história. Em março, a Seara emitiu R$ 805 milhões em CRA, incluindo uma série de 30 anos, a mais longa operação do mercado de capitais brasileiro.
Desempenho no quarto trimestre
O quarto trimestre consolidou a recuperação anual do grupo, com lucro líquido de R$ 2,4 bilhões, valor superior aos R$ 82,6 milhões do mesmo período de 2023. A receita líquida trimestral cresceu 21%, totalizando R$ 116,7 bilhões, enquanto o lucro operacional (Ebitda) ajustado mais que dobrou, chegando a R$ 10,8 bilhões, com margem de 9,2%.
As unidades mais lucrativas no trimestre foram a Seara, com margem de 19,8%, a Pilgrim’s Pride, com 14,7%, e a JBS USA Pork, com 13,5%. A única exceção foi a JBS Australia, cuja margem trimestral recuou para 7,9% devido ao aumento dos custos do gado.