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Negócios

Venda de Mataripe à Petrobras se arrasta e testa a paciência de investidores da Acelen

Desde 2021 a Acelen, controlada pela gestora Mubadala, opera a refinaria no Nordeste

Foto de 2023 da refinaria de petróleo de Mataripe, perto de Salvador, na Bahia
Foto de 2023 da refinaria de petróleo de Mataripe, perto de Salvador, na Bahia. Foto: Maria Magdalena Arrellaga/Bloomberg

Investidores da Acelen, a operadora de refinaria de petróleo controlada pela gestora Mubadala Capital, estão perdendo a paciência com as negociações para uma potencial venda para Petrobras, que se arrasta.

Os títulos da Acelen, que já vinham caindo nos últimos dois meses, recuaram ainda mais após a teleconferência de resultados da companhia na semana passada não ter trazido grandes novidades sobre a potencial transação, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

É uma forte retração em relação à alta de US$ 0,30 vista ao longo do último ano com a perspectiva de uma potencial venda, que ofuscou os resultados fracos.

Os títulos com vencimento em 2031 caíram cerca de 8 centavos de dólar nos últimos meses, para serem negociados a US$ 0,85, mostram dados da Trace. Os rendimentos saltaram para o maior nível desde fevereiro.

A Petrobras, que anteriormente operava a refinaria de Mataripe, no Nordeste do Brasil, ainda avalia a compra, embora seu principal executivo tenha dito no mês passado que não era uma prioridade.

A Acelen não comentou, enquanto a Petrobras disse que não há fatos novos em relação às negociações.

LEIA MAIS: Como a Petrobras tem pressionado o Mubadala para ter refinaria de Mataripe de volta

Dinâmica de mercado fraco

“Alguns investidores estão simplesmente negociando a faixa de preços”, disse Roger Horn, estrategista sênior de mercados emergentes na Mariva Capital Markets. “A parte inferior da faixa olha o crédito de forma independente como de uma refinaria em uma dinâmica de mercado fraco. Quando há otimismo para um acordo a ser anunciado, os títulos sobem.”

Os resultados da Acelen estão sob pressão à medida que a indústria sofre com margens fracas. Os chamados crack spreads — diferença entre o preço que a Acelen paga pelo óleo cru e o preço que consegue repassar aos consumidores — despencaram 33% no último ano, para US$ 5,4 o barril no segundo trimestre, de acordo com um relatório da Balanz Capital Valores.

A Acelen disse no passado que não consegue competir com refinarias rivais de propriedade da Petrobras, que vendem gasolina e diesel a preços mais baratos. Alguns analistas disseram que, por si só, uma potencial negociação entre as duas partes poderia ajudar a melhorar as margens.

Spread deve diminuir após a compra

Se a Petrobras avançar com a aquisição, o spread de mais de 500 pontos-base entre bonds da Acelen e da Petrobras deverá diminuir, segundo estrategistas.

Para Ezequiel Fernández, analista da Balanz, que tem uma recomendação “underweight” para a Acelen desde o início de setembro, comentários recentes da Petrobras minimizando seu interesse em uma transação podem ser apenas tática de negociação. Ainda assim, ele diz que não é hora de ficar otimista.

“Achamos que um M&A [fusão e aquisição] tem mais probabilidade de acontecer do que não. Mas, ao lidar com probabilidades e o suspense que podemos ter até que Mubadala e a Petrobras cheguem a um entendimento, ficaríamos mais confortáveis” comprando os títulos que vencem em 2031 mais perto de 75 centavos de dólar, acrescentou ele.

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