George Soros

George Soros morreu?

Por diversas vezes, o nome de George Soros, de 93 anos, esteve ligado a “teorias da conspiração”. Uma delas foi a notícia da morte do bilionário. Em maio de 2023 ele recorreu às redes sociais para publicar uma nota dizendo que estava “vivo e saudável”.

 

Os rumores de que ele estaria morto circularam pela internet. O investidor fez questão de negar o boato. “Os rumores de que tive um ataque cardíaco são completamente falsos.”

 

Infância na Segunda Guerra

 

Nascido em Budapeste, na Hungria, George Soros trazia outro nome em sua certidão de nascimento: György Schwartz. O sobrenome era de uma tradicional família judia. Apesar disso, a religião judaica não era levada à risca dentro de casa.

 

Os pais de Soros eram Erzsébet, também conhecida como Elizabeth, de uma família húngara rica que comercializava seda, e o advogado Tivadar (Teodoro Ŝvarc). Ele era popular por ter características peculiares: era, por exemplo, fluente em esperanto. Soros tem um irmão mais velho, Paul. 

 

O pai do bilionário viveu o terror da guerra. No período em que foi prisioneiro da Rússia, durante a Primeira Guerra Mundial, ficou em um campo de trabalhos forçados na Sibéria. 

 

Tivadar escapou e se casou em 1924. Observador atento, percebeu o crescimento do antissemitismo e, para proteger a família, optou por trocar o nome de todos para que soassem “menos judeus”.

 

Houve uma discussão familiar para a escolha do novo sobrenome. Soros foi vista como a melhor opção porque Tivadar gostou do fato de o nome ser um palíndromo, fácil de falar em várias línguas e por significar “o próximo na linha de sucessão”, em húngaro. Além disso, tinha um significado também em esperanto, algo que poderia ser traduzido como “soará”.

 

Formação

A mudança de sobrenome parecia ter dado certo e a família não teve percalços durante a ascensão da Alemanha nazista. Nessa época, Soros estudava e gostava de jogar Kapital, um jogo de tabuleiro parecido com Banco Imobiliário. Mas tinha péssimas notas em matemática. 

 

O aprendizado em línguas era o forte do garoto. Ainda menino, já falava alemão, latim e esperanto. E tinha professores particulares para aprender inglês e francês. 

 

Em março de 1944, a Hungria rompeu com a Alemanha e foi invadida.

 

A partir daí, a vida de Soros começou a mudar. Aos 13 anos, ele teve que se apresentar ao Conselho Judeu e recebeu uma lista de nomes de pessoas a quem ele deveria chamar para também se apresentarem ao conselho. O adolescente mostrou a lista ao seu pai, que reconheceu que os nomes eram de advogados judeus.

 

Tivadar aconselhou o filho a informar aos que constavam na lista que eram procurados para se apresentar ao conselho. Mas pediu que ele também avisasse a essas pessoas que elas poderiam ser deportadas. Foi aí que nasceu, provavelmente, a primeira teoria da conspiração envolvendo o nome de Soros. 

 

Surgiu o boato de que ele teria colaborado com os nazistas. Mas Soros não voltou a ver os membros do conselho. O pai dele o enviou para morar com um oficial húngaro, como se fosse seu afilhado, e ganhou mais um novo nome: Sandor Kiss. Assim como o garoto, toda a família recebeu novos nomes e foi morar em casas separadas, para garantir a segurança.

 

Ainda naquele ano, aos 14 anos, Soros se passou por afilhado cristão de um funcionário do Ministério da Agricultura do governo colaboracionista húngaro, que tinha uma esposa judia escondida. Numa ocasião, em vez de deixar o jovem de 14 anos sozinho, o oficial levou Soros consigo enquanto completava um inventário dos bens confiscados de uma família judia.

 

Tivadar salvou não apenas a sua família imediata, mas também muitos outros judeus húngaros. Soros escreveu mais tarde que 1944 foi “o ano mais feliz da sua vida”, pois lhe deu a oportunidade de testemunhar o heroísmo do seu pai.

 

Em 1945, Soros sobreviveu ao Cerco de Budapeste, no qual as forças soviéticas e alemãs lutaram de casa em casa pela cidade. ​​Quando ele tinha 17 anos, mudou-se para Paris, antes de finalmente se mudar para a Inglaterra, onde estudou na London School of Economics.

 

Soros trabalhou como carregador ferroviário e como garçom e deu palestras sobre as virtudes do internacionalismo em esperanto, que ele aprendeu com seu pai. O jovem estudante obteve o bacharelado em Filosofia em 1951 e o mestrado, também em Filosofia, em 1954, pela London School of Economics.

 

Início no mundo dos investimentos

Depois de se formar, Soros queria continuar na universidade e trabalhar como professor. Mas suas notas não eram altas o suficiente, o que o levou a trabalhar para uma empresa de investimentos em Londres. 

 

Na verdade, ele enviou cartas para todos os bancos de investimento de Londres e conseguiu um trabalho no banco de investimentos Singer and Friedlander, em 1954, como atendente.

 

A carreira no mundo das finanças foi meteórica. Logo Soros conseguiu transferência para a área de negociações de ativos. Dois anos depois, desembarcou em Wall Street. Mudou-se para Nova York, com US$ 5 mil. 

 

Uma carta de recomendação de um ex-colega, além da especialização no mercado europeu, garantiu uma vaga na gestora F. M. Mayer, em que trabalhou por três anos. Soros saiu da gestora com sua cidadania americana.

 

O futuro bilionário foi para a Wertheim and Co já com uma meta: trabalhar no local por cinco anos, juntar US$ 500 mil e voltar para a Inglaterra para estudar Filosofia.

 

O objetivo foi parcialmente realizado. Soros voltou a estudar, mas não na Inglaterra. Fazia isso em seu tempo livre e aplicava a Filosofia aos seus investimentos, desta vez como vice-presidente na Arnhold and S. Bleichroeder. 

 

A Quarta-feira Negra

Em 1970, Soros criou seu próprio hedge fund, o Soros Fund Management. Em 1973, criou o Quantum Group of Funds. O conhecimento de tendências econômicas regionais e globais, a capacidade financeira e a alta tolerância ao risco levaram Soros a empreender diversas ações ousadas, que lhe renderam uma fortuna, mas também algumas grandes perdas. 

 

Sua mais ousada operação ganhou o nome de Quarta-feira Negra. Em 1992, Soros se juntou a outros investidores e resolveu fazer uma grande aposta, de US$ 10 bilhões, contra a libra esterlina, a moeda oficial do Reino Unido. A justificativa era de que a moeda estava supervalorizada. O lucro na operação foi de US$ 1 bilhão. E o dia acabou batizado de Quarta-feira Negra. 

 

O Banco Central da Inglaterra e outros bancos centrais de países europeus, como França, Espanha, Alemanha e Bélgica, compraram libras para tentar apoiar a moeda, mas a manobra não foi suficiente. A libra colapsou e precisou sair do sistema cambial europeu. Por isso, Soros é chamado de o “homem que quebrou o Banco da Inglaterra”. Mais tarde, o investidor disse que não achava justo o título, porque ele não foi o único na empreitada. 

 

Na ponta das perdas do Quantum Group of Funds, três operações se sobressaíram: em 1987, os fundos perderam U$ 800 milhões em ações japonesas; em fevereiro de 1994, numa aposta contra o iene japonês, as perdas foram de US$ 600 milhões;  e em 1998, durante a crise financeira russa, o fundo perdeu US$ 2 bilhões. 

 

Mesmo com as perdas, a estratégia de Soros de apostar alto naquilo em que ele e sua equipe acreditavam rendeu ao Quantum um retorno médio anual de 30% de 1970 a 2000, tornando o fundo um dos mais rentáveis do mundo.

 

Investimentos de George Soros no Brasil

Em 1984 Soros fundou, na Hungria, a rede que depois se transformaria na Open Society Foundation. 

 

A fundação multibilionária doa dinheiro para causas humanitárias e democráticas, que vão desde a reforma da justiça criminal até iniciativas de mudança climática, e controla a maioria dos ativos administrados pelo family office da família de Soros. 

 

Mais de cem ONGs brasileiras receberam recursos de Soros por meio da Open Society Foundations. 

 

Na vida pessoal, o Brasil também fez parte da vida do bilionário Soros. Entre 2005 e 2010, depois de se divorciar de sua segunda esposa, Susan Weber, e antes de se casar com a terceira, Tamiko Bolton, o investidor teve um relacionamento com a atriz brasileira Adriana Ferreyr, que fez a novela Marisol, em 2002.

 

Prêmios

Soros recebeu doutorado honorário da New School for Social Research (Nova York), da Universidade de Oxford, em 1980, da Universidade Corvinus de Budapeste e da Universidade de Yale em 1991. Ele recebeu um diploma honorário em Economia da Universidade de Bolonha em 1995. 

 

Em 2008, Soros foi incluído no Hall da Fama dos Gestores de Fundos de Hedge da Institutional Investors Alpha.

 

Em janeiro de 2014, ele foi classificado em primeiro lugar na lista dos 20 principais gestores da LCH Investments, e registrou ganhos de quase US$ 42 bilhões desde o lançamento de seu Quantum Endowment Fund em 1973.

 

Em julho de 2017, o investidor foi eleito membro honorário da British Academy, a academia nacional de Humanidades e Ciências Sociais do Reino Unido. Soros foi a Personalidade do Ano do Financial Times em 2018, com o FT descrevendo-o como “um porta-estandarte da democracia liberal, uma ideia sitiada pelos populistas”. 

 

Em abril de 2019, ele recebeu o Prêmio Ridenhour de Coragem. 

 

Vida pessoal

Soros foi casado três vezes e se divorciou duas vezes. Em 1960, casou-se com Annaliese Witschak, imigrante de etnia alemã, que ficou órfã durante a guerra. Embora não fosse judia, ela era querida pelos pais de Soros, pois também havia vivenciado a privação e o deslocamento provocados pela guerra. O casal, que se divorciou em 1983, teve três filhos: Robert Daniel Soros, Andrea Soros Colombel e Jonathan Tivadar Soros. 

 

Em 1983, George Soros casou-se com Susan Weber. Eles se divorciaram em 2005 e tiveram dois filhos, Alexander Soros e Gregory James Soros. Em 2008 o investidor conheceu Tamiko Bolton. Eles se casaram em 21 de setembro de 2013. 

 

O que George Soros faz atualmente

Em junho de 2023 Soros entregou o controle da Open Society Foundations para seu filho Alex, que havia sido nomeado presidente em dezembro de 2022.

 

Soros continua se dedicando a seus investimentos. O patrimônio dele é estimado em US$ 6,7 bilhões (Forbes, 2024).

 

Livros publicados

George Soros escreveu vários livros. Entre os mais conhecidos: Visionário, A crise do capitalismo global, A Bolha da supremacia americana.