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Disputa entre Porsche, BMW e revendedoras escancara guerra de preços na China

Montadoras de luxo alemãs não estão mais dominando as ruas da China

Por Jacky Wong The wall street Journal
Publicado em
4 min
traduzido do inglês por investnews

As montadoras de luxo alemãs, da BMW à Mercedes-Benz, costumavam dominar as ruas da China. Não mais. 

Uma disputa recente entre a Porsche e suas revendedoras na China evidenciou a situação complicada até mesmo para algumas das marcas de carros premium do mundo. De acordo com a mídia chinesa, algumas concessionárias da Porsche se recusaram a ampliar o estoque e pediram subsídios adicionais à empresa. A Porsche e suas revendedoras na China divulgaram um comunicado na semana passada dizendo que estão enfrentando problemas complexos e trabalharão juntas para encontrar maneiras eficazes de responder às mudanças do mercado.

De fato, as concessionárias de carros chinesas estão em péssima forma. Diante de uma brutal guerra de preços, não têm escolha a não ser oferecer grandes descontos aos clientes. Por exemplo, as margens de lucro bruto sobre as vendas de carros novos da Meidong, concessionária de marcas como Porsche e BMW, caíram para -0,6% em 2023, em comparação com 6,8% em 2021. A empresa listada em Hong Kong perdeu 94% de seu valor em relação ao seu pico em 2021. No fim, isso significará que as montadoras terão que oferecer mais descontos e cortar suas próprias margens.

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As entregas da Porsche no primeiro trimestre na China caíram 24% em relação ao ano anterior. E ela não é a única. As remessas da Ferrari para a China continental também caíram 25% ano a ano no trimestre. Mercedes-Benz e BMW também venderam menos carros na China no primeiro trimestre em comparação com o ano passado.

A implosão do mercado imobiliário chinês e a consequente desaceleração econômica provavelmente afetaram os gastos de luxo. Marcas como LVMH e Gucci também viram uma desaceleração na China recentemente.

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Mas os hábitos de compra de carros também sofreram uma mudança sísmica com a rápida ascensão dos veículos elétricos. Cerca de 44% dos carros vendidos no país em abril eram veículos de energia nova, o que inclui híbridos plug-in, de acordo com a Associação de Carros de Passageiros da China. As marcas alemãs há muito reinam supremas no segmento de luxo da China. Embora ainda sejam dominantes por lá — a taxa de penetração de veículos elétricos para carros com preços superiores a 350 mil yuans, o equivalente a US$ 48.300, era menos da metade da taxa do mercado geral no final do ano passado, de acordo com a Bernstein —, as coisas podem mudar rapidamente.

De fato, para carros um pouco mais baratos, as marcas chinesas de veículos elétricos vêm ganhando participação rapidamente. A Bernstein estimou que, para carros com preços acima de 250 mil yuans, o equivalente a US$ 34.500, as marcas alemãs tiveram apenas 45% de participação de mercado em 2023, em comparação com uma participação de 60% em 2020.

A Tesla vem ampliando sua participação, mas marcas chinesas de veículos elétricos, como Li Auto e Denza, da BYD, também têm lançado modelos premium. As marcas alemãs, por outro lado, têm sido mais lentas para introduzir modelos elétricos. Além disso, cada vez mais, os consumidores chineses procuram recursos tecnológicos, como sistemas de infoentretenimento ou assistência à condução, que frequentemente estão presentes em veículos elétricos. 

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A China é há tempos um mercado lucrativo para as montadoras alemãs de carros de luxo, cujo prestígio as manteve em alta. Mas agora, precisam dar duro para não ficar atrás das rivais locais.

Escreva para Jacky Wong em [email protected]

traduzido do inglês por investnews