Por que você ainda vai querer que os Ray-Ban Meta sejam seus óculos inteligentes
Os Ray-Bans da Meta e seu protótipo Orion sugerem o futuro dos óculos inteligentes — elegantes, estilosos e verdadeiramente usáveis
Era um dia perfeito de agosto para um jogo de minigolfe com as crianças. O sol brilhava, os moinhos de vento giravam. Então, de repente, veio o desespero: eu não estava com meus óculos de sol com câmera Ray-Ban Meta.
Fui forçada a usar meu celular para tirar fotos, como se estivesse na era vitoriana, debruçada sobre uma caixa gigante de madeira.
Este foi o ano em que os óculos inteligentes me conquistaram. Esses computadores faciais mais leves são o próximo passo no modo em que interagimos uns com os outros e com o ambiente. Não se trata de realidade virtual ou de uma guinada para o metaverso — você vê o mundo real, mas com coisas digitais incluídas. E você olha muito menos para o seu telefone.
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Você pensaria que foi o Apple Vision Pro de US$ 3.500 que me conquistou. Mas não. Após o lançamento em janeiro, esse headset passou meses inativo no meu sótão. Adoro como ele apresenta informações digitais no mundo real, mas não o suficiente para tolerar o peso de uma melancia na minha cabeça.
O que fez isso por mim foram os Ray-Bans de US$ 299 ou mais, da empresa do Facebook e do Instagram.
“Eu não os chamaria de computador facial”, disse-me Alex Himel, vice-presidente de dispositivos de vestir da Meta. “Há uma analogia — a escada rolante nunca quebra. Ela se transforma em uma escada. Quando os óculos ficam sem bateria, ainda são um belo acessório.”
Ele está certo. É por isso que os uso quando estou ao ar livre, quase diariamente. Os óculos que pensei que seriam uma promessa fracassada se tornaram um dos produtos de tecnologia de maior sucesso em anos — simples, acessíveis e tecnicamente bem projetados.
Mas como passamos de Ray-Bans para uma experiência de nível Vision Pro sem sacrificar o que faz com que sejam ótimos? Para descobrir isso, fiz um teste com um protótipo futurista no qual a Meta está trabalhando, e trago dicas sobre os próximos óculos da empresa, esperados para 2025.
O que oferece
Os dispositivos de hoje ficam em extremos opostos de um espectro — o que chamo de Matriz da Computação Facial no vídeo acima.
Óculos inteligentes burros: No lado dos dispositivos menores e de baixo consumo de energia estão os óculos de aparência normal com processamento e recursos limitados, principalmente os Ray-Bans da Meta. Eles têm uma câmera, microfones e alto-falantes para tirar fotos e fazer vídeos, ouvir música ou podcasts e conversar com o a IA da Meta. Você pode usá-los como óculos escuros ou com lentes corretivas — sim, mesmo com lentes de transição.
Não há tela nem computador acoplados; há uma conexão Bluetooth com seu smartphone. Uma das minhas maiores queixas é que eles geralmente desconectam do celular e do aplicativo Meta View. A duração da bateria também poderia ser melhor.
Para mim, a câmera é o recurso vencedor. Posso tirar fotos dos meus filhos sem me distrair com as notificações. Além disso, é ótimo para capturar uma visão em primeira pessoa de atividades que necessitam de duas mãos, como esqui, ciclismo, direção, golfe. (Tenho certeza de que a visão do jogador de golfe é como Mark Zuckerberg a apresentou a Donald Trump ao lhe dar um par recentemente em Mar-a-Lago.)
Headsets de realidade mista: Na extremidade poderosa, mas grandalhona, estão os headsets de realidade mista, por exemplo, o Apple Vision Pro ou o Meta Quest 3. Esses dispositivos são computadores completos com telas, permitindo que você veja o mundo à sua frente com uma interface digital sobreposta. Você pode jogar, trabalhar, enviar mensagens, assistir a algo e navegar na web. As câmeras frontais rastreiam os movimentos das mãos, para que você possa navegar na interface com apenas movimentos e gestos no ar.
Toda essa tecnologia transforma esses headsets em algo grande e volumoso. Mesmo que a Apple tenha tirado a bateria do Vision Pro e a colocado em um cabo, depois de uma ou duas horas, ainda parece que seu pescoço está fazendo teste para um papel de cabide. E como precisam de câmeras para mostrar o mundo, são basicamente máscaras de dormir ultrapesadas quando desligados.
O que está por vir
Nós realmente queremos um meio termo — algo semelhante ao Meta Orion, um protótipo de óculos de realidade aumentada que a empresa começou a exibir em demonstrações privadas.
Eu pude experimentar os robustos aros Orion no estilo Buddy Holly em uma sala secreta na sede da Meta na Califórnia. Usá-los é como olhar através de óculos comuns, até que os projetores holográficos na lente se acendam. Então é como usar um headset de realidade mista.
Um menu aparece à sua frente, os aplicativos surgem no espaço e seus olhos se tornam o cursor. Basta olhar para algo e pressionar o polegar contra o indicador para selecioná-lo. Em vez de usar câmeras para navegação com os dedos e as mãos, uma pulseira com sensor detecta sinais elétricos gerados pelas contrações musculares. O cérebro da operação — processador, RAM, etc. — ficam em um “disco de computação” sem fio que se conecta aos óculos.
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Durante a demonstração, joguei um jogo, naveguei por sites, conversei por vídeo com alguém e usei a IA para escanear os ingredientes de uma receita. Lembra como usei o Vision Pro para colocar temporizadores de cozimento virtuais sobre meu fogão? O aplicativo matador da realidade aumentada é o de culinária. Eu vou morrer nesse mundo delicioso.
Toda a demo foi como ver o futuro, mas com muitos asteriscos. A qualidade da imagem era granulada, parecia lenta em comparação com os headsets mais volumosos e o software simplesmente não funcionava às vezes. Outro pequeno detalhe: fazer cada protótipo custa US$ 10 mil.
“Queremos ajustar a fabricação e reduzir o custo para que sejam mais fáceis de produzir e mais acessíveis”, disse Himel.
A seguir
O que a Meta está fazendo com o Orion é o que todas as outras grandes empresas de tecnologia estão fazendo em seus próprios laboratórios. Tim Cook, da Apple, disse que o Vision Pro é apenas o primeiro passo — mas os protótipos não são divulgados. Na semana passada, o Google começou a testar óculos com Android XR, uma interface de headset. A Snap tem o Spectacles, que lançou para desenvolvedores de software.
A Meta diz que um dispositivo como o Orion será lançado nos próximos anos. Antes de chegarmos nesse ponto ideal, vamos nos aproximando aos poucos.
A empresa está trabalhando em um par de óculos semelhantes aos Ray-Bans com uma única tela pequena na lente, prevista para 2025, de acordo com uma pessoa familiarizada com o projeto. A Meta também planeja lançar uma versão da pulseira do sensor.
Embora a empresa não tenha confirmado os óculos com display, Himel disse que os recursos mais solicitados do Ray-Ban são um visor e as notificações pop-up do smartphone. A empresa está trabalhando em diferentes tecnologias de exibição e vários “tamanhos e formas”, acrescentou.
Sim, o computador facial está chegando. Mas será que queremos toda a desordem do smartphone em nossa linha de visão? Parte do motivo pelo qual adoro os Ray-Bans é que eles me dão uma pausa das intermináveis distrações do meu telefone. E será que realmente queremos que a Meta, conhecida por um negócio de anúncios baseado em dados pessoais, seja nossos olhos e ouvidos virtuais? (A empresa diz que as fotos e os vídeos feitos pelos óculos Ray-Ban são seus e não serão usados sem sua permissão.)
Pelo lado positivo, minha opinião pode melhorar quando meus óculos me ajudarem na tacada perfeita — meus filhos vão pensar que sou uma lenda do minigolfe.
Escreva para Joanna Stern em [email protected]
traduzido do inglês por investnews