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Na era-Trump, ousadia do mercado cripto fica escancarada em novas peças publicitárias

As mensagens de marketing recuperam a confiança do setor desde a vitória eleitoral de Donald Trump e a subsequente decolagem do bitcoin

Por Mengqi Sun The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

Algumas corretoras de criptomoedas estão intensificando suas campanhas publicitárias em busca de novos clientes a fim de aproveitar o momento de boas notícias que vive o setor.

“Vá aonde os dólares não vão”, diz a Gemini Trust em uma nova campanha, retratando viajantes espaciais admirando mamutes em Marte e esquiando na encosta de um asteroide.

Essas projeções astrais são uma mudança em relação ao tom sombrio da Gemini em 2019, quando seus anúncios argumentavam que o setor precisava proteger os investidores do caos das cripto por meio de melhores práticas e regras. O slogan da época? “A revolução precisa de regras.”

Os anos desde então foram de fato uma montanha-russa para as empresas de blockchain, desde um Super Bowl inebriante em 2022, repleto de comerciais de criptomoedas com inspiração YOLO (“You Only Live Once” ou “Só Se Vive uma Vez”, em tradução livre), seguidos logo na sequência por uma profunda queda nos preços das criptomoedas — que causou uma retração do marketing — e o colapso de plataformas, incluindo a Celsius, e a implosão espetacular da FTX, cujo fundador foi condenado e preso por fraude.

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E a indústria há muito é ofuscada pela SEC (a comissão americana encarregada de regular valores mobiliários), que promoveu uma campanha para pautar o mercado dos criptoativos, além de investigar as corretoras mais famosas.

Então veio a ressurreição política de Donald Trump, não mais um criptocético. O bitcoin foi negociado a mais de US$ 100 mil pela primeira vez na quarta-feira passada (4), impulsionado pela valorização que chegou na esteira da vitória presidencial de Trump. Nesta semana, a moeda oscilou em torno de US$ 101 mil.

A bolsa de criptomoedas Gemini iniciou uma campanha publicitária na véspera da eleição, com o objetivo de ser ouvida enquanto as moedas digitais estavam no debate nacional. Foto: Matt Griffin/Gemini

Algumas das empresas de criptomoedas sobreviventes agora estão reformulando suas estratégias de marketing para capturar o otimismo renovado e se posicionar como confiáveis e seguras.

A Gemini começou sua mais recente campanha de marketing um dia antes da eleição, em parte para garantir um espaço no debate sobre a regulamentação — independentemente de quem vencesse —, segundo sua líder de marketing global, Olivia Santarelli. 

“Esta é a primeira vez que o setor das criptomoedas tem um papel fundamental em uma eleição”, disse ela. “Sentimos que este era um bom momento para que nossas marcas voltassem a ser divulgadas, uma vez que as criptomoedas passaram a fazer parte de uma conversa nacional mais ampla.”

Os outdoors da empresa apareceram em cinco grandes cidades, em locais como a American Airlines Arena em Dallas, o Madison Square Garden em Nova York e o Aeroporto de Heathrow em Londres. Eles visam “fazer as pessoas pensarem sobre o futuro de uma maneira brilhante”, explicou Santarelli.

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A Gemini disse que planeja continuar com pelo menos US$ 10 milhões em marketing no ano que vem, significativamente mais do que gastou em 2024.

A corretora rival Kraken introduziu várias iniciativas para capitalizar os ventos favoráveis, disse Mayur Gupta, seu diretor de marketing.

Elas incluem um concurso com a Barstool Sports que começou no fim de novembro, oferecendo um bitcoin para quem adivinhasse com mais precisão o preço da moeda no dia três de janeiro, e uma transmissão ao vivo no YouTube e no X este mês definindo a ascensão do bitcoin na música.

A eleição presidencial “foi um catalisador por causa de todo o otimismo que trouxe, da clareza regulatória, o que foi um desafio no passado”, disse Gupta. “Isso ampliou a demanda para a próxima onda de usuários de criptomoedas.” 

Outras empresas de criptomoedas não fizeram muito para aproveitar o momento com novo marketing, mas estão entusiasmadas ao ver seus esforços sincronizados com as boas vibrações.

No fim do mês passado, a Coinbase, uma das anunciantes do Super Bowl em 2022, iniciou uma campanha publicitária de três comerciais de TV argumentando que a criptomoeda é para as pessoas que nunca pensaram sobre o assunto, entre os exemplos: um homem que reforma carros antigos, um dono de loja de ferragens sofrendo com as taxas de cobrança de cartão de crédito e uma mãe que precisa rapidamente enviar dinheiro para seu filho.

Uma antiga campanha da Gemini. Foto: Gemini Trust Co.

A campanha faz parte do patrocínio plurianual da corretora com a NBA e continuará durante a temporada das festas, de acordo com Michael Tabtabai , vice-presidente de Criação da Coinbase.

A Crypto.com, outra anunciante do Super Bowl de 2022, não vai lançar novos anúncios agora, já que passou por uma mudança na estratégia de patrocínios esportivos ao vivo, como o direito de dar seu nome a uma arena no centro de Los Angeles. Mas quer regras e regulamentos mais claros nos EUA, imaginando que, mesmo que a vice-presidente Kamala Harris tivesse derrotado Trump em novembro, ela teria remodelado o setor.

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Os esforços de marketing da corretora estão intimamente ligados ao mercado de criptomoedas e geralmente são ampliados quando o mercado está indo bem, de acordo com Steven Kalifowitz, diretor de marketing da Crypto.com, acrescentando que a exchange espera voltar à TV em breve.

“Percebemos que a eleição seria um divisor de águas”, disse Kalifowitz. “Independente de quem ganhasse, tínhamos certeza de que as coisas mudariam.”

Apesar do ambiente favorável, Kraken, Coinbase e Crypto.com disseram que não têm planos de veicular anúncios no próximo Super Bowl em fevereiro. A Gemini não quis comentar.

Escreva para Mengqi Sun em [email protected]

traduzido do inglês por investnews