Feriado em terra do Tio Sam e o Ibovespa, principal índice da B3, teve um dia morno e sem muitas emoções. A bolsa de valores fechou com leve alta de 0,55% aos 96.764 pontos. Com Wall Street fechada e as bolsas europeias receosas com novas contaminações, a liquidez do índice brasileiro ficou reduzida. Investidores estrangeiros respondem por quase metade do capital investido na B3. Com isso, na primeira semana de julho, o Ibovespa avançou 3,12%
Já o dólar teve um dia de volatilidade. O dólar comercial fechou em queda de 0,55%, cotado a R$ 5,321. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,366. O dólar caiu em relação a outras moedas. No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 107,49 ienes, o euro subia a US$ 1,1247 e a libra tinha alta a US$ 1,2478. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis rivais, caía 0,15%, a 97,175 pontos.
No cenário externo, o impacto para os mercados foi negativo, com o aumento de casos de coronavírus. A China também ficou no radar, após o governo chinês afirmar que retaliará contra EUA e Reino Unido caso eles não respeitem a Lei de Segurança em Hong Kong. O país asiático também teve forte expansão no setor de serviços. Junho teve o crescimento mais rápido dos últimos 10 anos, com o indicador PMI (Purchasing Managers Index) marcando 58,4 pontos.
No cenário interno, o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) causa comoção. Ele estaria tentando frear o pagamento de até R$ 1 bilhão ao mês em causas trabalhistas ganhas por trabalhadores. Esta medida deve afetar processos referentes a indenização de horas extras, férias, depósitos no FGTS e 13º salário.
Ainda no cenário político, Flávio Bolsonaro foi intimado a depor sobre esquema de rachadinha. E a Operação Lava Jato deflagrou operação na manhã desta sexta-feira (3) contra o senador José Serra e a filha dele Verônica Allende. Operação aponta que Serra pode ter cometido lavagem de dinheiro em 2006, recebendo benefícios da Odebretch em troca de benefícios nas obras do Rodoanel Sul.
Em São Paulo, governo antecipou reabertura de eventos, teatro, academia e cinemas para regiões que estão na fase amarela. Contudo, o funcionamento não será imediato, as autoridades afirmaram que só ocorrerá após o município permanecer durante 4 semanas na mesma fase.
Destaques do dia
O destaque positivo desta sexta-feira (3) foi do IRB (IRBR3), que avançou 8,04%. Seguido de Sul America (SULA11) e Tim (TIMP3) que fecharam em alta de 4,98% e 4,81%, respectivamente.
Os papeis do IRB Brasil tiveram uma correção após quedas diversas. Após o resultado do 1ª trimestre na segunda-feira (29), Credit Suisse e JPMorgan rebaixaram a recomendação do IRBR3 para venda.
As ações da Tim subiram após a operadora aprovar o grupamento de suas ações na proporção de 100 ações antigas para uma nova ação ordinária. Desta forma, o capital social que era de 42,297 bilhões de ações será 422,968 milhões de ordinárias. O capital atual da TIM é R$ 13,476 bilhões.
Entre os destaques negativos recuaram as ações da Siderúrgica Nacional (CSNA3) e da Ultrapar (UGPA3) com queda de 1,38% e 1,13%, respectivamente. Caíram os papéis da Cielo (CIEL3), recuando 1,03%.
Destaques da semana
Na primeira semana de julho, a bolsa de valores valorizou 3,12%, em meio a notícias positivas e negativas sobre retomada, vacina e segunda onda do coronavírus.
As cinco maiores altas da semana foram: Cyrela (CYRE3) que subiu 14,83% no acumulado, seguida da Cogna (COGN3) que avançou 13,21%. Subiram também CVC (CVCB3), MRV (MRVE3) e Cosan (CSNA3) com alta acumulada de 11,36%, 11% e 10,09%, respectivamente.
A Cyrela teve o melhor desempenho da semana, após três companhias que tem a construtora na sociedade anunciarem a preparação de uma oferta pública inicial de ações (IPO). Estas seriam as incorporadoras Lavvi, Plano&Plano e a construtora Cury.
Apesar do bom desempenho nesta sexta-feira (3), a maior queda da semana foi do IRB Brasil (IRBR3) que recuou 18,38% no acumulado. Mesmo com divulgação do balanço e notícias de reestruturação ainda são dias cinzas para a resseguradora, que demora para achar a luz no fim do túnel.
Entre as cinco maiores quedas da semana recuaram também os frigoríficos BRF (BRFS3) que caiu 5,87% e Marfrig (MRFG3) que recuou 1,59%. Caíram também Hypera Pharma (HYPE3) e Suzano (SUZB3), com queda de 4% e 1,61%, respectivamente.
Bolsas europeias
As Bolsas da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira, 3, em um dia de negócios mais contidos por conta do Feriado da Independência dos Estados Unidos, que mantém os mercados americanos fechados. Apesar de dados econômicos positivos, investidores seguem preocupados com o acelerado avanço do coronavírus nos EUA. O noticiário no continente também foi dominado pela substituição do primeiro-ministro da França. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou em baixa de 0,78%, a 365,43 pontos, mas subiu 1,98% na semana.
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 cedeu 1,33%, a 6.157,30 pontos, com perda semanal de 0,03%. A IHS Markit e o CIPS divulgaram hoje que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços do Reino Unido saltou de 29 em maio para 47,1 em junho, um pouco acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 47. O PMI composto, que engloba serviços e indústrias passou de 30 para 47,7.
Na zona do euro, o PMI composto também surpreendeu, com alta de 31,9 para 48,5 no mesmo intervalo, enquanto o consenso do mercado apontavam para ganho a 47,5. Já a atividade na Alemanha avançou de 32,3 para 47. Mesmo assim, na Bolsa de Frankfurt, o índice DAX perdeu 0,64%, a 12.528,18 pontos, embora tenha subido 3,63% na semana.
“A recuperação indica que a atividade continuou a melhorar durante o segundo trimestre à medida que as economias foram reabertas, mas não nos diz nada sobre o nível da atividade, que ainda é muito menor do que antes da crise”, explica a Pantheon Macroeconomics.
Com essa análise no radar, os mercados europeus deixaram os indicadores de lado e focaram no noticiário negativo sobre a pandemia de coronavírus do outro lado do Atlântico. Segundo a Universidade Johns Hopkins, os EUA contabilizaram 52.291 casos de covid-19 ontem, renovando recorde de avanço diário pelo segundo dia consecutivo.
Em Paris, o CAC 40 teve baixa de 0,84%, a 5.007,14 pontos, com alta semanal de 1,99%. O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou hoje a maior reforma em seu gabinete desde o início da gestão, em 2017. O líder francês decidiu nomear Jean Castex como novo primeiro-ministro do país, poucas horas após a renúncia de Édouard Phillipe. Outros integrantes do governo devem deixar seus cargos.
“Macron provavelmente usará a reestruturação para reorientar sua presidência para o período final de dois anos antes das eleições de 2022, talvez voltando-se para questões ambientais”, explica o Morgan Stanley, em relatório.
Nas demais praças, o FTSE MIB, de Milão, teve baixa de 1,27% hoje, com avanço de 3,15% nos últimos 7 dias. O Ibex 35, de Madri, caiu 1,27%, a 7.403,50 pontos, subindo 3,14% na semana. Em Lisboa, o PSI 20 recuou 0,54%, a 4.405,06 pontos, mas teve alta semanal de 1,05%.
*Com Estadão Conteúdo