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Finanças

Ibovespa fecha agosto em queda de 3,44% e deixa os 100 mil pontos; dólar sobe

Sem Renda Brasil nem reforma tributária na lei orçamentária de 2021, índice brasileiro retoma ritmo de queda; no ano cede 14,07%

bolsa de valores

Acabou o mês de agosto e apesar dos índices americanos renovarem máximas históricas, o Ibovespa, principal índice da B3, não conseguiu segurar os ganhos. A bolsa de valores operou em ritmo de queda nesta segunda-feira (31) com a divulgação da lei orçamentária para 2021, sem menção ao programa Renda Brasil e nem metas estabelecidas para a reforma tributária. Isso alertou os investidores sobre a segurança das contas públicas e o índice brasileiro fechou em queda de 2,72% aos 99.369 pontos. No mês de agosto, a queda foi de 3,44%.

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A desconfiança sobre a situação fiscal do país ganhou mais um novo capítulo. Esta foi a primeira desvalorização desde o mês de março, quando a bolsa ensaiava retomada. A política brasileira voltou a ganhar destaque no mercado financeiro. No ano de 2020, o Ibovespa recua 14,07%.

Enquanto o Ibovespa amargura perdas, as bolsas americanas renovaram máximas históricas em agosto. O índice Dow Jones e S&P 500 tiveram os melhores desempenhos desde 1980, subindo no mês 7,57% e 7%, respectivamente. A alta do Nasdaq em agosto foi de 9,58%.

Favoreceu as bolsas americanas a postura do Federal Reserve (Fed) sobre manter os juros baixos, próximos de zero. E aceitar uma inflação média de 2% ou mais.

O dólar também acompanhou o otimismo e operou em alta. O dólar comercial valorizou 1,2% e fechou cotado a R$ 5,4807. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,4905.

No mês de agosto a moeda acumulou valorização de 5,05%, a maior alta desde o mês de março quando disparou 16% no meio da pandemia. Em 2020, a divisa dos EUA sobe 36,6%.

O dólar subiu acompanhando incerteza sobre a situação fiscal do Brasil, que persistiram após o governo entregar ao Congresso a proposta de Orçamento para 2021, que prevê déficit primário de R$ 233,6 bilhões no ano que vem.

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Entre os papéis mais negociados do dia, as commodities recuaram. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 3,42%, enquanto as preferenciais (PETR4) fecharam em queda de 2,88%. Os papéis seguiram a queda nos preços do petróleo.

Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa hoje por causa da recuperação lenta da demanda global pela commoditie e ao aumento da produção nos Estados Unidos. O contrato do WTI para outubro fechou em queda de 0,84%, a US$ 42,61 o barril e o Brent para novembro caiu 1,16%, a US$ 45,28 o barril.

As ações da Vale (VALE3) também recuaram 2,32%, cotadas a R$ 59,68.

Destaques da Bolsa

Poucas ações do índice encerraram o pregão em alta. O destaque positivo do dia foi a Energias BR (ENBR3) que subiu 6,62%. A companha avançou após divulgar resultado e com os investidores atentos ao pagamento de dividendos, que pode superar 25% do lucro líquido reportado, ou R$ 1 por ação.

Seguida de Fleury (FLRY3) e Marfrig (MRFG3) que avançaram 1,05% e 1,02%, respectivamente. Outro destaque foi Via Varejo (VVAR3) que fechou em alta de 1,38%.

Entre os destaques negativos recuou a Hypera (HYPE3) com queda de 5,92%, seguida da Gol (GOLL4) que teve baixa de 5,74%. A companhia aérea foi afetada pela notícia de uma dívida de R$ 300 milhões garantida pela Delta e que segundo analistas de mercado tudo indica que não será paga.

Caiu também a Eletrobras (ELET3) com baixa de 5,28%, em meio a um cenário incerto sobre a privatização da companhia.

Cenário interno

No Focus, mais cedo, os destaques foram as revisões para projeção do PIB de 2020 de -5,46% para recuo de 5,28%; da projeção para o IPCA 2020 de 1,71% para 1,77%; da Selic no fim de 2021 de 3,00% para 2,88% ao ano; e do câmbio para fim de 2020 de R$ 5,20 para R$ 5,25.

O governo apresentou nesta segunda-feira (31) as propostas orçamentárias para 2021 projetando crescimento de 3,2% da economia para o período. A meta de déficit fiscal também sofreu modificações subindo para R$ 233,6 bilhões, uma piora de R$ 84 bilhões com o calculado meses atrás.

Com esta mudança nos orçamentos o rombo nos três próximos anos para as contas públicas deve ser de R$ 572,9 bilhões.

Bolsas americanas

As bolsas de Nova York não tiveram sinal único nesta segunda-feira (31), mas o índice Nasdaq voltou a registrar fechamento em recorde histórico, apoiado novamente pelo setor de tecnologia. No mês, houve ganhos no mercado acionário – segundo a imprensa americana, o Dow Jones e o S&P 500 tiveram seus melhores desempenhos para um mês de agosto desde a década de 1980.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,78%, em 28.430,05 pontos, o S&P 500 recuou 0,22%, em 3.500,31 pontos, e o Nasdaq subiu 0,68%, a 11.775,46 pontos.

O setor de tecnologia voltou a se destacar, mantendo movimento recente. Apple subiu 3,39%, após o desdobramento de ações que passou a vigorar nesta segunda, enquanto Intel avançou 1,03%.

No Dow Jones, o dia foi de mudanças na composição do índice. Salesforce.com (+0,62%), Honeywell International (-1,70%) e Amgen (+0,08%) entraram no índice, em substituição a Exxon Mobil (-1,84%), Raytheon (-2,10%) e Pfizer (-0,37%).

Se o setor de tecnologia continuou a animar, houve menor impulso para comprar ações diante do fato de que o vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Richard Clarida, não deu sinais de mais estímulos do BC agora, rejeitando por exemplo juros negativos e vendo limites aos retornos dos bônus como algo difícil de se aplicar.

Entre alguns setores em Nova York, o financeiro esteve entre as quedas, em dia de recuo nos juros dos Treasuries, enquanto industrial e energia também recuaram. A ação do Walmart, por sua vez, recuou 1,03%, em meio a relatos de que restrições da China poderiam atrapalhar os planos de compra do TikTok. Microsoft (-1,48% nesta segunda-feira) e Oracle (-1,23%) também estariam interessadas no negócio.

*Com Estadão Conteúdo

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