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Finanças

Ibovespa fecha em alta de 1,50% após fala de Campos Neto; dólar vai a R$ 5,66

Apesar da alta, mercado manteve no radar as preocupações sobre contas públicas e a covid-19 no Brasil.

Vista externa da bolsa de valores de São Paulo 26/02/2020 REUTERS/Rahel Patrasso

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em alta nesta quinta-feira (25), em dia marcado por mudanças nas projeções do Banco Central para a economia e declarações de Roberto Campos Neto, presidente do BC, sobre a normalização parcial da política monetária.

O Ibovespa fechou em alta de 1,50%, aos 113.749 pontos. Já o dólar comercial subiu 0,56%, cotado a R$ 5,6694. Veja mais cotações.

Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tiveram participação relevante na melhora da bolsa paulista.

Campos Neto procurou explicar a “normalização parcial” da política monetária citada pelo Copom na última decisão, que elevou a Selic a 2,75% ao ano, e que fazer “mais e mais rápido” reduz intensidade do ajuste total.

Para o cofundador e presidente-executivo da startup de análises e educação financeira Top Gain, Alison Correia, Campos Neto sinalizou que o BC buscará o controle da inflação, mas sem necessariamente acelerar o ritmo de aperto nas próximas reuniões. “Isso acalmou o mercado”, observou.

O analista da Clear Corretora Rafael Ribeiro endossou a premissa acrescentando que, pelas palavras de Campos Neto, o BC não subirá a Selic a ponto de deixar de estimular a economia e deu a entender que o mercado está exagerando no ritmo de alta.

“Sinal amarelo”

O mercado também acompanhou os desdobramentos da piora da pandemia de covid-19 no Brasil.

Em meio à piora dos números da pandemia no Brasil, os investidores seguiram atentos à situação das contas públicas. Na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), acendeu um “sinal amarelo” e alertou que a Casa não deve se dedicar a temas que não estejam relacionados ao combate à pandemia, o que despertou entre os investidores o receio de mais atrasos na agenda de reformas do governo, em meio à persistente incerteza em torno das contas públicas.

“O que continua pesando aqui são as preocupações fiscais”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho. “O discurso de Lira foi bastante duro e seu anúncio gera preocupações num cenário de pressões por mais gastos do governo pra combater a covid-19 no país.

A vacinação no país segue em ritmo lento, com atrasos no cronograma de produção e seguidas reduções nas promessas de doses a serem entregues após uma demora do governo em negociar com laboratórios, o que deixa o Brasil sem uma perspectiva de resolver a crise no curto prazo.

“Acreditamos que a volatilidade deve permanecer durante a maior parte de 2021 dado que as questões fiscais devem continuar pesando nas perspectivas para a economia, junto com a baixa taxa de vacinação“, disse Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, acrescentando que “a agenda de reformas está comprometida”.

Em meio ao recrudescimento recente da pandemia e ao carregamento estatístico para o Produto Interno Bruto (PIB) anual maior do que o esperado, o Banco Central reduziu sua projeção para o crescimento este ano para 3,6%, menos que a alta de 3,8% projetada em dezembro. O dado foi divulgado nesta quinta no Relatório Trimestral de Inflação do BC.

Também nesta quinta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou em comissão da covid-19 no Congresso Nacional. Ele voltou a fazer um prognóstico otimista da economia, destacando fatores como a arrecadação acima do esperado, e defendeu o combate à covid-19 como fator determinante para a recuperação da economia. Guedes também disse que, se o Orçamento de 2021 for aprovado, “podemos antecipar imediatamente benefícios para aposentados e pensionistas”.

Inflação e juros

Em relação ao aumento dos preços, o BC repetiu no Relatório Trimestral de Inflação as projeções divulgadas na semana passada para seu cenário básico, que apontam para um IPCA em torno de 5% para este ano e de 3,5% para 2022, mas detalhou também alguns cenários alternativos em que considera a possibilidade de condições mais adversas.

“O discurso contido no Relatório Trimestral de Inflação continua apontando para normalização parcial da política monetária, mas acreditamos que a percepção de riscos do BC está apontando para um balanço de riscos assimétrico para cima, o que sugere que o ajuste de juros pode ser maior do que o esperado inicialmente“, disseram analistas do Bradesco em nota.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,93% em março, de acordo com os dados divulgados nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Destaques na bolsa

Entre os destaques positivos do dia, a maior alta foi da Equatorial Energia (EQTL3) que valorizou 6,95% nesta quinta-feira, após anunciar lucro líquido de R$ 1,4 bilhão no quarto trimestre, com avanço de 6,8% na comparação anual.

Mais cedo, o presidente da companhia, Augusto Miranda, admitiu um possível interesse pelas privatizações da empresa de saneamento Cedae e da distribuidora de energia elétrica CEEE-D.

Subiram também as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) e da Via Varejo (VVAR3) que avançaram 5,25% e 5,24%. respectivamente.

Ainda entre os destaques do dia, os papéis da Eletrobras (ELET6 e ELET3) fecharam em alta de 3,62% e 4,96%, após a notícia da indicação do atual secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp, para assumir a presidência da estatal.

No lado oposto do Ibovespa, a maior queda foi da SulAmérica (SULA11) que recuou 2,82%, em ajuste negativo após valorizar 24,57% na semana. Seguida da CCR (CCRO3) que fechou em baixa de 2,11%.

Caiu também a Minerva (BEEF3), que desvalorizou 1,51%, após forte desempenho trimestral da rival JBS (JBSS3) que fechou o dia em alta de 1,64%.

Bolsas globais

Os mercados acionários norte-americanos viveram um rali tardio no fim do dia e encerraram em alta nesta quinta-feira, com os investidores aportando em ações com probabilidade de terem um bom desempenho na recuperação, enquanto adquiriam as ações da Apple e da Tesla em queda, em antecipação de que a economia dos EUA cresça em seu ritmo mais rápido em décadas neste ano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mencionou como progresso econômico dados do Departamento do Trabalho que mostraram um número decrescente de norte-americanos solicitando auxílio-desemprego.

Segundo dados preliminares, o Dow Jones teve alta de 0,62%, aos 32.620,87 pontos, o S&P 500 valorizou-se 0,53%, aos 3.909,73 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,12%, aos 12.977,68 pontos.

As ações europeias fecharam em queda nesta quinta-feira, com temores sobre as restrições ao coronavírus na zona do euro provocando uma fuga das ações de energia e financeiras para empresas consideradas mais seguras durante o aumento da incerteza econômica.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,57%, a 6.674,83 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,08%, a 14.621,36 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,09%, a 5.952,41 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,04%, a 24.218,55 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,41%, a 8.409,50 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,67%, a 4.763,81 pontos.

O índice de blue-chips da China fechou no menor nível em mais de três meses nesta quinta-feira em meio à preocupação dos investidores com possível aperto da política monetária e aumento das tensões com países ocidentais devido a Xinjiang. Nesta semana, União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá adotaram sanções sobre autoridades na região chinesa de Xinjiang por alegações de abuso dos direitos humanos, provocando retaliação de Pequim, o que ajudava a pressionar os índices.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,14%, a 28.729 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,07%, a 27.899 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,10%, a 3.363 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,05%, a 4.926 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,40%, a 3.008 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,17%, a 16.060 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,27%, a 3.141 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,17%, a 6.790 pontos.

* Com Reuters e Estadão Contéudo

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