O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda nesta sexta-feira (30), acompanhando o desempenho em Wall Street e ainda de olho nos efeitos da piora da pandemia sobre a economia. Já o dólar ganhou força à reboque da elevação leve dos juros dos Treasuries (títulos de dívida dos EUA) e da moeda americana em meio a quedas das bolsas no exterior.

O Ibovespa caiu 0,98% no pregão, aos 118.894 pontos. Na semana, a queda foi de 1,36%. Em abril, o indicador subiu 1,94%.

Já o dólar fechou em alta de 1,76%, a R$ 5,431. Na semana e no mês, a moeda acumulou queda de 1,22% e 3,49%, respectivamente.

Com alta de 9% do Ibovespa desde o início de março (2,94% em abril) até a véspera, e temores de uma possível terceira onda da pandemia no Brasil, alguns investidores têm preferido embolsar ganhos recentes, movimento que atinge ações de maior liquidez.

No mercado local, a taxa de desemprego foi monitorada, mas fica em segundo plano pela percepção de que não deve alterar as apostas para Selic, de alta de 75 pontos-base na semana que vem, de acordo com analistas. Também estão sendo monitorados os resultado do setor público consolidado de março e o o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).

Destaques da bolsa

LOJAS RENNER (LREN3) subiu 1,08%, após a companhia ter concluído uma oferta primária restrita de 102 milhões de ações, precificada a R$ 39 reais cada, num total de R$ 3,978 bilhões. O dinheiro vai, entre outros fins, para também para comprar rivais.

FLEURY (FLRY3) teve oscilação positiva de 0,08%. A companhia de diagnósticos médicos informou na noite da véspera que teve lucro líquido de R$ 118,6 milhões no primeiro trimestre, mais que o dobro do obtido um ano antes.

Em nota a clientes, o Credit Suisse elogiou a evolução das receitas, mas pontuou que a pandemia ainda limita maior visibilidade sobre o valor das novas linhas de negócios da empresa. Em teleconferência, executivos da empresa afirmaram que o foco da empresa está em crescimento acelerado via expansões orgânicas e até grandes aquisições.

UNIDAS (LCAM3) teve ganho de 1,7%, também na esteira de balanço de janeiro a março, quando a locadora de veículos e gestão de frotas teve lucro líquido recorde de R$ 231,4 milhões, quase três vezes maior que um ano antes. Em teleconferência, executivos da companhia afirmaram que esperam resultados melhores a partir do segundo semestre, com uma melhora das entregas de veículos pelas montadoras.

EMBRAER (EMBR3) teve alta de 1,99%. A fabricante de aeronaves teve o preço-alvo de seus a ADRs elevado pelo Credit Suisse e pelo UBS após ter divulgado que fechou um pedido firme de venda de 30 jatos E195-E2 para cliente não divulgado com entregas a partir de 2022.

BANCO MODAL (MODL11) caiu 7,3% em sua estreia no pregão, após ter concluído na quarta-feira sua oferta inicial de ações (IPO) de R$ 1,17 bilhão.

CSN (CSNA3) perdeu 2,1%, puxando a fila das perdas no setor de aço e mineração. VALE (VALE3) recuou 2,6%. No setor de petróleo, PETROBRAS (PETR3 e PETR4) ficou estável.

JBS (JBSS3) perdeu 2,21%, BRF (BRFS3) encolheu 2,1%, com grandes exportadoras brasileiras perdendo fôlego diante da queda recente do dólar contra o real.

BRADESCO (BBDC3 e BBDC4) subiu 0,34%, reagindo parcialmente às fortes perdas da véspera, com ações do setor financeiro mostrando rotas distintas. ITAÚ UNIBANCO (ITUB3 e ITUB4) avançou 0,77%, enquanto SANTANDER BRASIL (SANB11) teve baixa de 1,28%. BANCO DO BRASIL (BBAS3) teve estabilidade.

Bolsas internacionais

Wall Street encerrou em queda nesta sexta-feira, com as ações da Apple, da Alphabet e de outras empresas relacionadas a tecnologia pesando sobre os índices S&P 500 e Nasdaq, apesar dos recentes balanços trimestrais fortes.

Apesar da fraqueza desta sexta-feira, o Nasdaq completou seu sexto mês consecutivo de ganhos, em alta de 5,4% em abril. O Dow Jones subiu 2,7% em abril, enquanto o S&P 500 ganhou 5,2% – para ambos foi o terceiro mês consecutivo no azul.

Na semana, o S&P 500 ficou quase estável, o Dow caiu 0,5%, e o Nasdaq recuou 0,4%.

As ações europeias terminaram em queda nesta sexta-feira após dados desanimadores da economia da zona do euro, mas o mercado acionário ainda engatou o terceiro mês de ganhos, com fortes balanços corporativos e otimismo sobre a recuperação econômica.

As ações da China fecharam em queda, encerrando a semana em baixa, uma vez que dados mostraram que o crescimento da atividade industrial do país desacelerou em abril, enquanto as preocupações com o aperto da política monetária e as tensões sino-americanas continuavam pressionando o mercado.

(* com informações da Reuters)