A nova geração de internet móvel, a 5G, será uma infraestrutura que habilitará o desenvolvimento de vários modelos de negócios. É o que avalia o CEO da TIM (TIMP3), Pietro Labriola. Ele explica que o 5G favorecerá diversos avanços, como na telemedicina, no ensino à distância, na segurança por meio do reconhecimento facial e nos carros autônomos. “São negócios que o 5G pode alavancar, mas que vão nascer muitos outros. O que vai mudar na nossa vida é que será construída uma outra indústria”, disse.
Com leilão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) previsto para acontecer em meados de 2021, Labriola avalia que o Brasil não está atrasado para o 5G. Segundo o CEO da TIM, é algo que precisa ser bem preparado antes de ser disponibilizado. “Não diria que temos um atraso. É melhor chegar um pouco depois fazendo bem as coisas, do que chegar antes de forma ruim. E o percurso que está seguindo vai fazer com que o Brasil saia lá na frente recuperando algum tempo de atraso”, explicou o CEO.
Para ele, se essa infraestrutura for construída rapidamente, favorecerá ainda uma rápida recuperação da economia.
Projeções com leilão da Oi móvel
A Oi (OIBR3; OIBR4) pediu recuperação judicial no ano 2016 e teve em setembro de 2020 alterações no processo aprovadas por acionistas e pela Justiça. A empresa pretende levantar quase R$ 23 bilhões com a venda de torres, data center, infraestrutura e ativos da operação móvel. A intenção é pagar credores e investir nos novos negócios.
Do consórcio formado pelas operadoras Claro, TIM (TIMP3) e Telefonica (VIVT4), que apresentaram uma oferta conjunta de R$ 16,5 bilhões pelos ativos móveis da Oi (OIBR3), com leilão previsto para 14 de dezembro, o CEO da TIM avalia que será garantido aos clientes da Oi uma qualidade de serviço melhor do que se tem hoje. “A Oi tem hoje frequência média-alta. Ao dividir essa frequência entre as três operadoras, o cliente terá uma experiência de qualidade de serviço muito melhor”, afirmou Labriola.
Ele explica que o Brasil não é um país simples para competir nas telecomunicações, pois o nível de frequência disponível é reduzido, além das especificidades de área territorial e distribuição populacional do país, mas Labriola acredita no fornecimento de um serviço melhor das três operadoras. “É difícil de competir e garantir qualidade do serviço em um país como o Brasil, com um nível de frequência menor. É muito provável que a redução de quatro para três operadoras vai permitir colocar à disposição do país uma rede de telefonia móvel melhor, garantindo mais qualidade”, contou.
Para ele, este é um assunto importante também para o futuro, pois vai interferir na escolha do cliente pela qualidade dos serviços prestados pelas operadoras.
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TIM X pandemia
Ao InvestNews Entrevista, o CEO da TIM disse que a maior preocupação, inicialmente, da operadora em meio à pandemia era garantir a continuidade da comunicação, seja para os funcionários, seja para os clientes. “Não é somente vender serviço, mas garantir a continuidade do serviço, pois estávamos tendo um papel muito importante para a sociedade”, contou.
Segundo Labriola, não houve problemas particulares da TIM com conectividade durante a pandemia. O que a operadora fez foram mudanças em algumas áreas da empresa, como uma atenção maior à segurança da informação, já que funcionários passaram a trabalhar de casa. “Foi um desafio. Se fala muito de cibersegurança. Quando você coloca um computador da empresa em casa, o cuidado que você precisa ter é muito maior. Tivemos que acelerar o percurso que estava planejado, mas com muito cuidado”, explicou.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em setembro, o número de usuários de celulares pós-pagos ultrapassou o de pré-pagos pela primeira vez no país. A base de pré-pago da TIM encerrou o terceiro trimestre de 2020 com uma queda de 11,6% ao ano. Foram 3,9 milhões de desconexões de acessos nos últimos 12 meses.
Já a base pós-paga da operadora no período reportou um crescimento de 2,3% ao ano. Labriola explica que houve um crescimento no volume de dados, sobretudo na internet móvel, que ele diz ser um elemento de conjunção de todas as classes sociais. “Pode ser que nem todo mundo use o fixo, mas todo mundo usa a rede móvel. E nós tivemos esse papel importante de conectividade. E não vai acabar. Vai continuar”, disse.
Ainda de acordo com a Anatel, o uso da internet no Brasil cresceu entre 40% e 50% durante a quarentena, números vistos por Labriola como herança da importância do serviço para a população. “Entre as mudanças observadas no período, nosso serviço subiu de prioridade. A pessoa pode ficar dois ou três dias sem uma cerveja ou um cigarro, mas não pode ficar um dia sem conectividade. Essa é a principal herança desse período”, avaliou o CEO.
Futuro das lojas físicas
Com a necessidade de fechamento das lojas físicas no momento mais crítico da pandemia, somente parte das vendas da TIM foram revertidas pelo online. Por essa razão, a operadora acredita que o futuro vai continuar com a loja física.
Labriola defende a importância do contato humano, da pessoa de confiança. “Vamos continuar tendo loja no mercado que vai ser mais como um centro de experiência e suporte. Na loja, temos que ter um lugar para a pessoa gostar de ir para entender as novidades e onde vai encontrar pessoas de confiança que vão explicar o funcionamento do serviço”, afirmou.
Para ele, o futuro é de muita inovação e o mundo digital não vai acabar com o trabalho das pessoas. “Não tem que ter medo. O que vai acontecer é que vai mudar a modalidade de trabalhar. E nós, seres humanos, temos que estar mais perto das máquinas”, apontou o CEO da TIM.