O Federal Reserve (Fed) pode estar lutando com um problema de inflação, mas dois ex-funcionários do banco central dos Estados Unidos argumentam que preços mais altos contínuos no futuro podem ser o necessário para direcionar toda a economia a um patamar mais elevado e gerar um “boom” de empregos que ajude uma grande parcela de pessoas.
David Wilcox, ex-diretor de pesquisa do Fed, e David Reifschneider, assessor especial da ex-chair do Fed Janet Yellen, argumentam em uma nova pesquisa que assim que a pandemia de coronavírus passar e o Fed for capaz de aumentar os juros para níveis mais normais, o banco deve elevar a meta de inflação nacional de 2% para 3% e utilizar um tratamento de choque de cortes surpresa na taxa de juros para atingi-la.
“A taxa de desemprego pode ser em média 0,75 ponto percentual ou mais abaixo de seu nível sustentável durante os primeiros 15 anos após o anúncio da meta mais alta”, representando mais cerca de 1,2 milhão de pessoas ou mais empregadas a cada ano, estimam ambos os economistas, agora no Instituto Peterson para Economia Internacional.
“Na medida em que as pessoas atraídas para o mercado de trabalho quando ele está mais apertado vêm de grupos marginalizados”, escreveram eles, permitir uma inflação mais alta “também pode ajudar a reduzir as desigualdades raciais e outras”, mantendo as pessoas empregadas por mais tempo e permitindo-lhes obter mais experiência e formação.
Os riscos –de bolhas financeiras devido ao crédito fácil ou de uma possível recessão desencadeada por aumentos dos juros para combater a alta da inflação– são administráveis, afirmam os dois, e vale o que eles dizem ser “um ‘boom’ acentuado no emprego e na produção durante o período de transição”.
O núcleo do índice PCE, medida da inflação monitorada de perto pelo Fed, atingiu 3,5% em junho na comparação anual, o que desencadeou um debate no banco central norte-americano sobre se seriam necessários aumentos dos juros mais cedo do que o esperado para manter os preços sob controle.
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