O governo indicou nesta segunda-feira (28) o economista Adriano Pires como novo presidente da Petrobras, em substituição ao general Joaquim Silva e Luna.
O Ministério de Minas e Energia apresentou uma lista de executivos para compor o Conselho de Administração da Petrobras. As indicações passam a ter efeito a partir da confirmação pela assembleia geral ordinária, que ocorrerá em 13 de abril.
O jornal Valor Econômico e a Revista veja haviam publicado mais cedo notícias de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, decidiu tirar o general Joaquim Silva e Luna do comando da empresa. As notícias vêm na esteira de uma sequência de reclamações de Bolsonaro sobre o aumento dos preços dos combustíveis.
A Petrobras confirmou a indicação de Pires para a presidência da empresa e, em comunicado, reforçou que o assunto “deverá ser deliberado posteriormente pelo Conselho de Administração da companhia”.
As ações da Petrobras encerraram o pregão desta segunda-feira (28) em queda. O papel preferencial (PETR4) caiu 2,17%, a R$ 31,60, e a ação ordinária (PETR3) cedeu 2,63%, a R$ 34,08. Os papéis já vinham em queda ao longo do dia, em meio às perdas do preço do petróleo no exterior.
Quem é Adriano Pires
Adriano José Pires Rodrigues é graduado em Economia, Doutorado em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII, Mestrado em Planejamento Energético. É Diretor-Fundador do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE), coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.
Em entrevista ao InvestNews no ano passado, Pires comentou a política de preços da Petrobras de acompanhar as cotações internacionais. À época, caminhoneiros ameaçavam entrar em greve por causa da alta dos preços do diesel.
“O motivo para o preço do diesel estar subindo é que o petróleo retomou a trajetória de alta e o câmbio também não ajudou. A Petrobras teve que, de maneira correta, subir o preço do diesel e da gasolina. A reclamação dos caminhoneiros, na minha opinião, não procede”, disse na ocasião.
Pires atuou como Assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de ter exercido os cargos de Superintendente de Abastecimento, de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural. As informações foram divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia.
Outra troca em cerca de 1 ano
Em fevereiro do ano passado, Silva e Luna foi nomeado pelo presidente Bolsonaro para ocupar o comando da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco.
Naquela ocasião, os mercados reagiram com pânico à interferência política no comando da empresa. A PETR4 recuou 7,92%, enquanto o papel PETR3 perdeu 6,63%, mas ao longo do dia as perdas chegaram perto de 20%.
À época, Bolsonaro vinha reclamando publicamente da política de preços da empresa, em um momento de alta dos valores para os consumidores nas bombas, assim como acontece agora.
Visão do mercado
Em comentário, Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, avaliou que, embora a decisão seja igual à tomada há um ano, quando o Executivo decidiu não reconduzir Castello Branco e indicar o General Silva e Luna à presidência da Petrobras, os desdobramentos em relação às ações da companhia são, desta vez, mais contidos.
“Isto acontece pela hora na qual a notícia foi divulgada (próximo ao fechamento do mercado) e pelo mercado já trabalhar há semanas com a possibilidade da mudança ser executada”.
Além disso, o indicado Adriano Pires é reconhecido pelo mercado “como uma indicação que não romperia com as transformações operacionais e financeiras que vem sendo executadas na companhia desde a metade da década passada”, explicou Arbetman.
Já Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos, avalia que “essa notícia obviamente é negativa para a Petrobras”. Ele comenta que o principal risco é “uso político da Petrobras” e alterar a política de preços da empresa, que busca acompanhar as cotações internacionais.
“Por mais difícil que ela seja neste momento de alta de preços no mercado internacional, é muito difícil colocar uma outra coisa no lugar. E cria-se o risco de colocar alguma coisa no lugar para fazer uso político da Petrobras, o que obviamente acabaria gerando uma perda para os acionistas”, diz Siqueira.
*Notícia em atualização.