O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (3) sua decisão de elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano. A elevação veio em linha com o esperado pelo mercado.
No comunicado, Copom indicou que o ciclo de alta de juros pode ser encerrado na próxima reunião, em setembro, com uma nova alta de 0,25 ponto, se houver necessidade.
“O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, afirmou o comitê.
Para a próxima reunião, o Copom informou que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude“.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, avalia que “o comunicado foi um balde de água fria nos participantes do mercado que imaginavam o fim do ciclo agora”. Para ele, o BC “adotou uma postura extremamente cautelosa e, colocando em termos mais coloquiais, preferiu ‘errar pra cima do que para baixo’.”
Cassiano Konig, sócio-fundador da GT Capital, acredita que os juros devem continuar subindo. “Acredito que o Banco Central não deverá sinalizar o fim do ciclo de elevação da taxa de juros. Então, acredito em mais uma ou duas altas até o fim do ano devendo fechar em 14%”, projeta.
“O BC já decreta, praticamente, que, caso ainda continue subindo, a próxima reunião de setembro é a última na qual ele vislumbra uma necessidade de ajuste”, opina Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
“Ele fecha o comunicado de hoje dando uma abertura para essa necessidade de subir juros na reunião de 21 de setembro, já deixando claro que seria de 0,25 ponto percentual. Mas também fala que necessidade de uma cautela adicional agora na sua atuação, o que também abre interpretação para uma estabilidade“, diz Cruz.
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, avalia que o comunicado mostra que o Copom “não quer realmente fechar as portas para o encerramento nem para o ciclo de alta agora e nem para uma alta adicional na reunião de setembro”. “Mas, pelo que sinalizou, parece estar bem claro que a gente vai ter ou o encerramento do ciclo de alta nesta reunião mesmo que a gente teve hoje ou na próxima”, diz Pacheco.
A indicação do BC para o rumo da Selic na próxima reunião era ponto de dúvida para o mercado. Após o comunicado desta quarta, o analista de investimentos Eduardo Perez, da NuInvest, acredita que “a curva de juros deve se reajustar pra cima nos vencimentos mais curtos, porém são grandes as chances de vencimentos longos caírem, pelo mercado entender a postura firme do BC de que vai controlar a inflação”.
Camila Abdelmalack, Veedha Investimentos, diz que “vale ressaltar que o Copom reforçou no comunicado que as projeções de 2023 são impactadas para cima pelos efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias (a retomada da cobrança de tributos federais em combustíveis) o que atrapalha o efeito da política monetária. Desta maneira, o Copom sugeriu observar as expectativas para 2024.”
Cenário
A decisão do Copom de subir a Selic em 0,5 ponto foi unânime, e reflete uma preocupação sobre as previsões para a inflação em 2023 e 2024.
“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024”, disse em comunicado.
A decisão de elevar a taxa básica de juros da economia faz parte de um movimento do BC iniciado há vários meses para controlar a inflação. Em 12 meses até junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 11,89% – bem acima do teto da meta do BC para 2022, de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Também há preocupação com a inflação em 2023. Segundo o boletim Focus, a expectativa do mercado financeiro para o IPCA no ano que vem está subindo há várias semanas, com projeção atual de 5,33%. A meta do BC é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
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