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Especulação financeira: entenda o que é

Investimento e especulação financeira têm diferenças significativas entre si; entenda.

A imagem mostra uma mesa com computadores e papéis. As mãos de uma pessoa estão no primeiro plano. Uma das mãos segura um tablet branco, enquanto a outra segura uma caneta preta. (Foto: Shutterstock / JomNicha)

A especulação financeira é uma forma de operar na renda variável, mas não é a mesma coisa que fazer um investimento. Embora o objetivo do especulador e do investidor seja ter mais dinheiro sobre o que foi aplicado, a estratégia de cada um para fazer isso acontecer é diferente.

Há quem diga que a especulação atrapalha o mercado, mas também é preciso entender de que maneira ela acaba contribuindo para a liquidez dos ativos que temos hoje. Para entender o impacto desse tipo de operação, vamos explicar como funciona a especulação financeira e quais são os seus tipos. 

Especulação financeira: o que é e como funciona?

A especulação financeira é uma das estratégias usadas para tentar obter ganhos na bolsa de valores. Ela tem como foco o lucro no curto prazo a partir da oscilação do preço dos ativos. Para conseguir esse resultado, o especulador deve estar disposto a correr um risco maior.

A especulação financeira é associada a um jogo de apostas – visando ganhar muito, o jogador aceita encarar grandes possibilidades de perder dinheiro. Ao mesmo tempo, ela é tida como um vilão para o mercado financeiro pelo fato das “apostas” intensificarem a volatilidade dos preços e cotações.

Na prática, o especulador financeiro acompanha o volume de negociações no mercado, assim como alguns acontecimentos que podem impactar no Brasil e no mundo. A partir disso, ele avalia quais setores da economia e tipos de ativos poderão se beneficiar ou se desvalorizar no curto prazo.

O especulador encontra oportunidades para lucrar tanto em momentos de alta, vendendo um ativo a um valor superior, como na baixa, quando compra esperando uma valorização logo adiante.

O principal ativo que o especulador financeiro compra e vende são as ações de empresas. Porém, é possível especular com cotas de fundos de investimentos, moedas estrangeiras, commodities, títulos públicos e contratos futuros.

Qual é o perfil de um especulador financeiro?

O especulador financeiro quer ter retorno acima da média e no curto prazo. Ele toma decisões rápidas com base nas informações sobre tendências. Além disso, mantém o controle emocional quando vê o mercado oscilar bastante e tolera a perda financeira quando a previsão de lucro não acontece. 

Para aumentar as chances de lucro, o especulador precisa observar o mercado antes de realizar uma operação. Ele faz isso por meio de análise técnica, que estuda gráficos, para perceber os padrões de movimento das negociações e criar uma estratégia.

Perfis de trader

O especulador também é conhecido como trader. Essa atividade pode ser feita de forma autônoma, para serviço próprio, ou profissional, para clientes e empresas. Também existem algumas categorias de traders, que se diferenciam pelo estilo de operar com especulação. 

O trader autônomo é a pessoa que cria a própria estratégia, mas pode se orientar por análises de empresas e profissionais. Este trader usa o dinheiro dele para especular no mercado e a atividade pode ser sua principal fonte de renda ou servir como complemento.

O especulador autônomo deve ter um controle sobre as suas finanças para que o dinheiro usado nessas operações não comprometa o orçamento mensal. Da mesma forma, o ideal é não contar com os ganhos da especulação para custear as despesas pessoais. 

Entre traders profissionais, existe o institucional, que segue e executa uma estratégia para instituições financeiras, o broker, que apenas realiza a ordem dos clientes, e o sales trader, um intermediário que indica oportunidades e faz operações para o cliente, mas tem pouca autonomia.

Tipos de especulação financeira

Existem diferentes formas de se especular no mercado financeiro:

Day trade

Day trade é a operação feita no mesmo dia e dura poucos minutos ou algumas horas. Para aproveitar cada volatilidade do mercado, o especulador dedica tempo em analisar o movimento das negociações e, então, compra e vende diversos ativos. 

Swing trade

Já o swing trade envolve operações que levam mais tempo, com duração de alguns dias ou até semanas, mas ainda focando no curto prazo. O foco da análise está em como o ativo ou derivativo poderá se comportar ao longo dos próximos dias.

Esse tipo de especulação pode ter uma quantidade menor de operações quando comparada com o day trade. 

Robôs traders

Para não perder o momento certo de tentar lucrar na oscilação de um ativo, os chamados robôs traders são sistemas que monitoram o mercado e fazem operações automáticas. O especulador programa qual a margem de ganho e de perda e os robôs buscam as oportunidades para realizá-las.

Com estes robôs, é possível fazer uma quantidade ainda maior de operações, aumentando as chances de lucro, mas também de prejuízo. 

Riscos da especulação financeira

O principal risco é o de perder bastante dinheiro quando as previsões de lucro não acontecem. Também é possível perder o controle emocional para tentar repetir um ganho alto ou reparar os prejuízos que já teve.

O trader se baseia nas possibilidades de desempenho do mercado, mas não leva em conta a qualidade do ativo, como a saúde da empresa de determinada ação ou os imóveis de um fundo imobiliário.

Dessa forma, a “aposta” é feita sobre a variação de preço em um período muito curto. Se a transação demora mais do que deveria, o ganho não será o mesmo ou vai haver prejuízo.

Além disso, por fazer muito mais operações do que um investidor, o especulador está expondo um volume bem maior de dinheiro. Quem opera no day trade, por exemplo, pode ver a estratégia ir por água abaixo se uma notícia do mercado desfavorecer sua posição.

De um lado, um especulador que conseguiu um ganho elevado em curtíssimo tempo vai querer repetir o feito e não enxergará todos os riscos de uma nova operação. Por outro lado, se ele está em um cenário de prejuízo, a aversão à perda pode levá-lo a se arriscar ainda mais para tentar reaver o dinheiro que já foi perdido.

Qual a diferença entre especular e investir?

O especulador financeiro dá um peso diferente a alguns fatores que o investidor também leva em conta. Os principais fatores – e a diferença do ponto de vista de cada um – são:

Risco

Está bem claro que o trader tem uma tolerância maior a correr riscos e, por consequência, assumir alguns prejuízos. 

Já o investidor quer preservar o valor que aplicou e espera um retorno, ainda que leve mais tempo. Ele se expõe ao risco em um nível muito menor e procura evitá-lo por meio da escolha dos ativos que adquire. 

Oscilação

É onde o especulador tem oportunidades para lucrar. O especulador observa o andamento do mercado e quais são as tendências das operações. Se for de alta, será hora de vender e lucrar. Se for de baixa, é hora de comprar sabendo que vai ter valorização em pouco tempo. 

o investidor visa mais o longo prazo e tende a manter o ativo, mesmo durante um período de desvalorização, já que analisou dados e fundamentos que indicam a recuperação.

Retorno

Para o especulador, o objetivo é lucro acontecendo a cada operação. Para o investidor, o retorno deve ser consistente, através de dividendos, por exemplo, e da valorização do ativo ao longo do tempo.

Liquidez

Para o trader, a liquidez de um ativo é de extrema importância. Afinal, poucos minutos ou horas podem impactar o lucro esperado. Esse volume de operações, inclusive, possibilita que os ativos tenham mais liquidez, fazendo com que os investidores encontrem mais oportunidades também. 

Para o investidor, nem sempre a liquidez precisa ser alta, a depender do objetivo com determinada aplicação.

Qualidade dos ativos

Saber qual é a empresa que vende aquela ação, bem como a estratégia de crescimento dela para os próximos anos, são informações relevantes para o investidor. Como o foco está no longo prazo, esse tipo de informação pode impactar de forma positiva ou negativa o retorno financeiro. 

Já para o especulador, o que importa é o contexto do setor em que essa empresa está inserida, como está o mercado e o movimento das negociações.

Prazo

O investidor trabalha mais com o longo prazo para conseguir um retorno atrativo. O especulador já é mais imediatista, focando em operações no mesmo dia ou que durem, no máximo, algumas semanas. 

Com o passar do tempo, fica mais difícil de garantir a previsão de comportamento do mercado, além de haver mais chances de acontecer algum fato que impacte os ativos. 

Custos

Os custos de compra e venda de ativos variam para transações em day trade ou swing trade. Considerando que o volume de operações de um trader é muito maior do que o de um investidor, os custos também são mais altos.

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