O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, fechou em queda nesta terça-feira (7), enquanto o dólar terminou o dia em alta, após o discurso do chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. No Brasil, o foco seguiu voltado para o novo arcabouço fiscal do país.
No dia, o Ibovespa caiu 0,8%, aos 103.866 pontos. O dólar subia 0,45%, a R$ 5,1905.
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Falas de Powell
Investidores buscaram pistas sobre o rumo das taxas de juros nos Estados Unidos. De acordo com Ipek Ozkardeskaya, analista sênior no Swissquote Bank, “todos os olhos e ouvidos” estão voltados para a fala de Powell no Congresso norte-americano, e para o que ele pensa sobre o último conjunto de dados econômicos.
O presidente do Fed disse que o banco central norte-americano provavelmente precisará aumentar as taxas de juros mais do que o esperado em resposta aos recentes dados econômicos fortes. Ele também afirmou que o Fed está preparado para avançar em passos maiores se a “totalidade” das informações recebidas sugerir medidas mais duras para controlar a inflação.
Powell afirmou ainda que banco central dos Estados Unidos não vai considerar mudar sua meta de inflação de 2% e que o padrão “acordado globalmente” adotado por muitos outros bancos centrais é uma ferramenta eficaz para ajudar a ancorar as expectativas do público sobre onde a inflação deveria estar.
Repercussão
“Este tom mais duro do presidente do Fed acabou trazendo aversão ao risco aos mercados de forma geral. Com isso, algumas casas já preveem que o banco central americano suba mais os juros na próxima reunião”, avaliou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
No mercado futuro de juros norte-americano, a precificação já aponta mais de 50% de chances de o Fed subir os juros em 0,5 ponto percentual em 22 de março.
“Salvo uma surpresa baixista para os dados dos Estados Unidos, é de se esperar um aumento de 0,5 na próxima reunião do Fed. Com isso, o dólar está ganhando força ante as principais moedas e aqui também”, comentou o economista da BlueLine Asset Management, Flavio Serrano. “Isso (a alta maior de juros nos EUA) prejudica a dinâmica do câmbio, pressiona as taxas de juros e atrapalha no curto prazo”, acrescentou.
Cenário local
No Brasil, a reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco central, Roberto Campos Neto, sobre a nova regra fiscal, ocupou atenções. Haddad afirmou que a Fazenda fechou sua contribuição para o novo arcabouço.
“A principal expectativa do mercado para o mês de março está na apresentação do novo arcabouço de regras fiscais”, afirmou a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, em relatório a clientes.
Vitória acrescentou que as novas regras podem reduzir o risco do crescimento do déficit primário e consequentemente do crescimento da dívida/PIB. “Com redução da incerteza no cenário, o mercado pode ter reação positiva à proposta”, avalia.
Haddad tem argumentado que seu plano para melhorar as contas públicas abre espaço para reduções de juros por parte do Banco Central. Há semanas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vários de seus aliados, incluindo Haddad, vêm criticando o patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, o que causou turbulências no mercado financeiro.
No entanto, “após meses de espera e indefinição fiscal, o mercado responde positivamente ao desfecho próximo do novo arcabouço das contas públicas e ao relacionamento amistoso que vem sendo mantido entre Haddad e Campos Neto”, disse a Genial Investimentos em nota a clientes nesta terça-feira.
Já Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, disse à Reuters que está mais “cauteloso” em relação ao plano do governo para as contas públicas, já que a Fazenda não parece estar mirando um recuo rápido da relação dívida/PIB, mas sim um “controle” de uma situação fiscal delicada.
Segundo o economista, o mercado de câmbio está em “compasso de espera” pela divulgação do novo arcabouço.
Destaques corporativos
Alpargatas (ALPA3)
A Alpargatas (ALPA3) teve queda de 0,53% na bolsa, depois que a empresa comunicou nesta terça que Carlos Wizard não realizou o pagamento da primeira parcela do preço remanescente da aquisição de participação na Alpargatas S.A.I.C. no valor de R$ 89,7 milhões. O vencimento da parcela era previsto para a véspera, conforme acordo firmado entre Wizard e a companhia em setembro de 2018.
Irani (RANI3)
A fabricante de papel e embalagens Irani (RANI3) anunciou o pagamento de dividendos intercalares referentes as demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2022. O montante será de R$ 21.196.691,59 o que equivale a R$ 0,087216399 por ação ordinária aos acionistas que detiverem os papéis da companhia até esta terça. Logo, as ações RANI3 serão negociadas ex-proventos a partir de 8 de março de 2023. Nesta terça, a ação RANI3 fechou estável.
CVC (CVCB3)
A operadora de viagens CVC (CVCB3) informou no final da noite de segunda-feira (6) que está mantendo negociações para “reperfilamento” de sua dívida, mas negou que tenha chegado a um acordo, segundo resposta a questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgada ao mercado. Na segunda, as ações da CVC fecharam em alta de 19,29%, e nesta terça encerraram com mais uma vez com elevação de 9,88%.
Movida (MOVI3)
As ações da Movida (MOVI3) fecharam em alta de 8,88% nesta sessão, mesmo após a companhia reportar uma queda de 93,6% no lucro líquido no quarto trimestre de 2022 ante o mesmo intervalo de 2021, para R$ 18 milhões. No ano, o lucro também sofreu redução de 32,1%, para R$ 556 milhões.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os índices de ações dos Estados Unidos fecharam em forte queda nesta terça-feira, depois das falas do chair do Fed.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 1,53%, para 3.986,71 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,24%, para 11.531,40 pontos. O Dow Jones caiu 1,71%, para 32.858,31 pontos.
Europa
As ações europeias registraram sua maior queda diária em duas semanas nesta terça-feira, com investidores avaliando as perspectivas de um aumento de 0,50 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve após comentários agressivos do chair do banco central, Jerome Powell.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,77%, a 460,60 pontos, com as ações imobiliárias e de tecnologia sofrendo um forte golpe.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,13%, a 7.919,48 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,60%, a 15.559,53 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,46%, a 7.339,27 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,67%, a 27.761,57 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,05%, a 9.411,10 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,22%, a 6.030,11 pontos.
Ásia
Os mercados asiáticos, em sua maioria, fecharam em alta, sendo os índices de Hang Seng e Shanghai as exceções com quedas de 0,33% e 1,11%, respectivamente.
O recuo veio pela repercussão da divulgação da queda de 10,2% nas importações da China em fevereiro na comparação com o mesmo período de 2022. O resultado fio pior do que a queda de 5,5% esperada pelo mercado.
Pesou também a fala do novo ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang, que criticou o apoio dos EUA a Taiwan.
Já entre os índices que fecharam em alta, o Nikkei avançou 0,25%, o Taiex teve alta de 0,60% e o KOSPI registrou ganhos de 0,03%.
*Com informações da Reuters.
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