O economista e especialista no setor de energia, Adriano Pires, disse na tarde desta segunda-feira (15), que espera que a nova política de preços da Petrobras (PETR3; PETR4), que será anunciada nesta semana, preserve a empresa.
“Espero que a política nova de preços da Petrobras preserve a empresa, essa é minha esperança, que aconteça isso. O governo também está dando sorte porque o preço do petróleo caiu muito. A Petrobras esse ano, de maneira correta, só reduziu o preço do gás e da gasolina respeitando a paridade”, afirmou ele durante evento da Esfera Brasil, em São Paulo.
Adriano Pires chegou a ser convidado para ser presidente da Petrobras, durante o governo Jair Bolsonaro, mas declinou do convite para assumir o comando da estatal por “motivos pessoais”. Ele disse ao governo, na ocasião, que não conseguiria conciliar seu trabalho como consultor com o de CEO da Petrobras.
O atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na semana passada que a estatal poderá reajustar valores de alguns produtos. Para precificar os seus combustíveis, o executivo reiterou que a Petrobras continuará a seguir referências de preços internacionais e a levar em consideração a competitividade interna em cada mercado que a empresa participa.
Nesta tarde, Pires disse que para ele ainda não está claro como deve ser essa nova política e que o governo ainda deve estar estudando o assunto. No entanto, ele afirmou que fica preocupado com as alterações.
“Eu fico preocupado um pouquinho, porque me parece que a fórmula da paridade da importação não deveria ser abandonada porque existe em qualquer lugar do mundo. Eu também acho legítimo o governo se preocupar em passar a volatilidade de preços para o consumidor em função de uma guerra da Ucrânia, com uma rapidez muito grande. Mas aí eu acho que é questão de política pública, é política da Petrobras.”
Durante a palestra sobre infraestrutura e energia, Pires foi aplaudido por empresários ao afirmar que a Petrobras não deve fazer política social, porque é uma empresa com acionistas e quem deve fazer política social é o governo federal.
Eletrobras
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo federal entrou, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), para questionar os direitos políticos e ampliar a participação no conselho da Eletrobras (ELET3). Silveira ressaltou que em um primeiro momento não se prevê reestatização da companhia.
Questionado como o mercado avalia o ajuizamento da ação, Adriano Pires disse que a ação foi vista de forma negativa pelos investidores.
“O mercado enxerga de outra maneira, enxerga que vc teve um processo de privatização da Eletrobras que passou na Câmara, no Congresso, no TCU. O mercado enxerga que está tendo uma situação muito ruim, pois você acaba assustando o investidor logo no início de governo contestando o processo de privatização da Eletrobras.”
adriano pires
O economista disse que o governo não foi feliz na sua decisão e que está “incomodando sim” o mercado.
“Durante toda sua campanha, Lula foi contra seu processo de privatização. Eu acho que ele [Lula] foi eleito democraticamente e tem todo direito de colocar suas ideias em prática. O problema todo é você olhar para trás e contestar o que foi feito no Congresso Nacional”, disse Pires.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a privatização da Eletrobras e disse que, o que aconteceu, foi uma “bandidagem que deve ser (considerada) um crime de lesa-pátria”. De acordo com Lula, ele trabalhará para provar a corrupção no país.
Ele contou que o governo entrou, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ampliar seu poder na empresa, por orientação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. “Estamos brigando para que o governo brasileiro tenha no conselho (da Eletrobras) representação dos 43% (das ações).”
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