O rendimento dos títulos de crédito privado superaram outros investimentos em renda fixa como os Fundos DI, Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Tesouro Selic nos últimos 12 meses. É o que aponta um levantamento da Quantum Finance.
Os papeis de dívida privada entregaram em média retornos de 14,56% no período, contra 13,5% do Certificado de Depósito Interbancário ou Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que serve de parâmetro para o rendimento de aplicações como o CDB. Já entre os títulos do Tesouro Direto, o Tesouro Selic com vencimento em março de 2025, o houve retorno de 13,85%.
Os dados foram extraídos na quinta-feira (22), após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a Selic em 13,75% ao ano.
Sobre os retornos dos fundos de crédito, é preciso levar em conta que a crise contábil na Americanas (AMER3), assim como as adversidades da Light (LIGT3) impactaram os papéis que aplicam recursos em títulos de dívida emitidos por empresas privadas.
Mas o levantamento da Quantum, com dados até o dia 22 de junho, mostra também que que os CDBs indexados ao CDI (que acompanha a taxa Selic) apresentavam retorno médio de 101,81% do indicador, podendo apresentar variação máxima de 120%. Pelo menos 221 ativos eram oferecidos aos investidores, segundo a empresa de dados.
Já os CDBs prefixados entregaram uma taxa média de 12,93% ao ano, o que é superior ao retorno médio dos papeis atrelados à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que retornavam 7,12% mais a variação do seu indicador. A variação acumulada pelo índice em 12 meses até maio é de 3,94%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ativo | Retorno em 12 meses |
CDB indexado CDI | 101,81% do CDI |
CDB indexado IPCA | IPCA+ 7,12% |
CDB prefixado | 12,93% |
Tesouro Selic 2025 | 13,85% |
Fundos DI | 13,15% |
Fundos de crédito privado | 14,56% |
Ata do Copom e onde investir no 2º semestre
Mesmo sinalizando divergência a respeito dos próximos passos a serem dados pelo colegiado nas reuniões à frente, a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira (27) reforçou a expectativa de investidores por um corte de juros no segundo semestre, conforme já era amplamente esperado pelo mercado.
Além disso, dados de inflação mostrando desaceleração da alta de preços também vêm reforçando essa expectativa. No mais recente, o IBGE divulgou na última terça-feira (27) que o IPCA-15 subiu 0,04%, acima do consenso de mercado, que previa uma alta de 0,01%. Em maio, o índice havia subido 0,51%.
De acordo com os contratos de opção de Copom na B3, a expectativa da maior parte dos investidores é de um corte de 0,25 ponto percentual da Selic já na reunião de agosto, com 63% das expectativas. Também há 20% das projeções apontando queda de 0,5 p.p, enquanto apenas 13,5% esperam manutenção dos juros novamente.
Marília Fontes, analista de renda fixa da Nord, pontua que, se houver um movimento de queda na Selic, títulos atrelados ao IPCA com vencimento mais longo, como o Tesouro IPCA+ 2035, protegem o investidor de um eventual aumento na inflação e, ao mesmo tempo, de um recuo maior nas taxas de juros.
“As taxas prefixadas do IPCA+ (que estão hoje em até 6,5%) poderiam cair para IPCA+ 5% ou até 4,5%, o que beneficiaria os detentores destes títulos com a marcação a mercado”.
marília fontes, analista da nord
A tese da analista vai em linha com a da Guide Investimetos, que aponta que títulos de renda fixa com “duration” maior, como NTN-Bs (sigla para o Tesouro IPCA+), “tem desempenho melhor quando os juros estão em queda”.
“Já IMA-S, que replica o desempenho da taxa Selic, costuma ter o pior desempenho nesses momentos”, apontou a casa de análises. Os analistas seguem dando preferência a títulos pré-fixados e híbridos (IPCA+) frente a uma maior convicção de que o Copom deverá começar a aliviar o aperto monetário em breve. “Sustentamos este entendimento pelo fato de que a inflação está caindo com maior velocidade, deixando claro que entrou em processo de desaceleração”, disse em relatório.
Mas a casa segue mesmo aumentando posição em bolsa local e fundos imobiliários na alocação geral, reduzindo em contrapartida a posição em renda fixa na classe IPCA+.
“Ainda gostamos da classe dentro da renda fixa, mas escolhemos reduzir a participação dela de maneira a balancear o risco da carteira”.
guide investimentos
Cresce volume investido em renda fixa
Segundo a B3, a alta taxa de juros nos últimos 12 meses fez aumentar o volume investido em produtos de renda fixa. A modalidade atraiu 4 milhões de novos investidores no período, levando o número total de investidores a 15,3 milhões.
Os dados fazem parte da mais recente edição do estudo que analisa a evolução dos investidores pessoas físicas na B3.
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