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Economia

IPCA recua 0,08% em junho e tem 1ª deflação desde setembro

Deflação foi puxada pelo preço dos alimentos. Essa foi a menor variação desde junho de 2017.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, teve deflação em junho e caiu 0,08%, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Essa foi a primeira queda desde setembro do ano passado, puxada pela redução do preço dos alimentos. Em maio, o índice foi de 0,23%.

IPCA de junho tem primeira deflação desde setembro de 2022.

Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,87%, abaixo da expectativa do IPCA para o ano que é de 4,95%, de acordo com o Boletim Focus.

Já nos últimos 12 meses o índice foi de 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses anteriores. O acumulado também está abaixo do centro da meta de inflação para 2023, fixada em 3,25% ao ano.

Em junho de 2022, o IPCA foi de 0,67%. Essa é a taxa acumulada mais fraca desde setembro de 2020 (+3,14%), indo abaixo do centro da meta para a preservação deste ano, de 3,25%.

Garrafas de óleo de soja à venda em supermercado de São Paulo/Crédito: Tatiana Santiago
Garrafas de óleo de soja à venda em supermercado de São Paulo/Crédito: Tatiana Santiago

O resultado do mês foi influenciado pelos grupos de alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%). O impacto no índice geral foi de -0,14 ponto percentual e -0,08 ponto percentual, respectivamente.

“Alimentação e bebidas e transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho.”

André Almeida, analista da pesquisa, em nota

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o IPCA veio praticamente em linha com o que o mercado esperava, de -0,10%, e a variação dos últimos 12 meses veio em 3,16% (esperado era de 3,17%).

“Boa parte da pressão de baixa desse IPCA foi em relação ao programa do governo para adquirir carro novo, o que acabou pressionando bem o IPCA. Como o programa se encerrou, essa tendência nao deve se manter, vale destacar também que na variação anual, ano passado teve 3 meses de deflação que ainda está na conta dos últimos 12 meses, que foram os meses de julho, agosto e setembro. Conforme passar esses meses, a variação anual tende a voltar a subir.”

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

De acordo com o especialista, com o índice praticamente em linha com o que o mercado esperava, algumas apostas mais agressivas no corte de juros para agosto passaram a ser reajustadas, com a curva de juros subindo no início do pregão desta terça-feira.

Já Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, diz que é um dado positivo, mesmo o dado vindo um pouco aquém do que o mercado esperava. O resultado reforça os argumentos para o BC reduzir a taxa básica de juros Selic, atualmente em 13,75%, no próximo mês. O BC já sinalizou que pode iniciar em agosto um ciclo de afrouxamento.

“Mais um dado que corrobora que freia a inflação e aponta para cortes da Selic a partir de agosto. Expectativa do mercado continua numa queda de 1,25% nessa próxima reunião fechando o ano na casa de 2%.”

Queda no preço do óleo de soja

Quatro dos nove grupos do IPCA tiveram queda em junho. Além de alimentação e transportes, os grupos de artigos de residência (-0,42%) e comunicação (-0,14%) também tiveram queda.

O grupo alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%), com as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).  Já a alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), com as altas menos intensas do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).

Garrafas de óleo de soja em mercado de São Paulo/Crédito: Tatiana Santiago
Garrafas de óleo de soja em mercado de São Paulo/Crédito: Tatiana Santiago

Já em transportes, o resultado foi influenciado pelos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos usados (-0,93%), e dos combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%). No entanto, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio. 

Em contrapartida, o maior impacto, de 0,10 ponto percentual, e a maior variação (0,69%) foi da habitação. A alta veio da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%).

“O IPCA de junho, registrou a primeira deflação em dez meses. A desaceleração foi catalisada pela queda nos preços de alimentos, bens industriais, devido aos subsídios a veículos novos, e itens administrados, diante da redução nos preços da gasolina após reajustes da Petrobras. Esse resultado tende a assegurar o otimismo predominante dos mercados nas últimas semanas. Dessa forma, a reação do mercado será de bolsa para cima, em paralelo à queda do dólar, porém em pequena intensidade dado o posicionamento dos agentes”.

Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero, em nota

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