O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,9% no segundo trimestre de 2023 na comparação com os três meses anteriores, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, totalizou R$ 2,651 trilhões até o fim de julho.
O resultado veio acima das projeções do mercado. A estimativa do consenso Refinitiv era de um avanço de 0,3% da atividade econômica no período. No primeiro trimestre, a economia brasileira havia avançado 1,9% frente ao trimestre anterior.
Com o resultado, o primeiro semestre do ano encerrou com avanço de 3,7%. Com isso, segundo o IBGE, a economia do país opera em um nível 7,4% acima do pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019. Este é o ponto mais alto da série – o segundo maior patamar é o do trimestre anterior.
PIB por setores: só agro recuou
Segundo o IBGE, o desempenho positivo do segundo trimestre foi puxado pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%), setor que responde por cerca de 70% da economia do país e que, portanto, mais influencia a expansão do PIB. Serviços está há 12 trimestres no positivo e subiu ao ponto mais alto da série.
“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, por nota.
A indústria, por sua vez, cresceu pelo segundo trimestre seguido, após ter recuado 0,2% nos últimos três meses do ano anterior. O avanço do segundo trimestre foi impulsionado pelos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%) – com destaque para exportação de petróleo, gás e minério de ferro –, da construção (0,7%), da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e de transformação (0,3%).
Segundo o IBGE, a indústria como um todo segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da sua série histórica, alcançado no terceiro trimestre de 2013.
Por fim, a agropecuária foi o único dos três setores pelo lado da oferta a recuar no trimestre, com queda de 0,9%. A retração vem após o avanço de 21% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada, explica o IBGE.
“Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisou por nota Rebeca.
Ótica da demanda
De acordo com o IBGE, o consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre, maior alta desde o mesmo período do ano passado (1,6%). Rebeca, do IBGE, citou como fatores que ajudaram a melhora no mercado de trabalho, avanço do crédito, incentivos fiscais à indústria automotiva e reajustes em programas sociais como o Bolsa Família.
“Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, ponderou em comunicado.
Já o consumo do governo cresceu 0,7% frente ao trimestre anterior, enquanto os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), ficaram quase estáveis, com variação de 0,1%. A taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022 (18,3%), informou o IBGE.
A taxa de poupança caiu de 18,4%, no segundo trimestre do ano passado, para 16,9% no mesmo período deste ano. No setor externo, por sua vez, cresceram tanto as exportações de bens e serviços (2,9%) quanto as importações (4,5%) frente ao primeiro trimestre.
*Notícia em atualização
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