O corte de 0,5 p.p na taxa básica de juros do Brasil não muda significativamente o cenário de investimentos no Brasil, afirmam especialistas, que apontam que a redução da Selic já estava precificado pelo mercado.
Assim, apesar da queda dos juros, a avaliação dos especialistas ouvidos pelo InvestNews é de que a renda fixa segue atrativa, e movimentos de migração para renda variável somente por causa do recuo das taxas pode não ser uma decisão assertiva se não for respeitado o perfil do investidor.
Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer, destaca que para os investidores o mais importante é criar estratégias para o longo prazo. A mudança de uma taxa de curto prazo, como a Selic, não traz então impactos significativos, diz ele. Mais importante é a atenção com DI futuros, por exemplo.
“Se eu não há surpresa nenhuma, o mercado vai continuar sendo rigorosamente o mesmo ele é hoje”,
afirma Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca ainda a importância de atentar ao perfil de cada investidor. “Para um investidor mais conservador, não faz sentido ele entrar na bolsa agora só porque os juros estão caindo”, diz. “Ele pode buscar fundos atrelados a inflação ou títulos prefixados, algo assim”.
Renda fixa segue com boa remuneração
“Ainda temos uma Selic com dois dígitos”, diz em nota Rodrigo Cohen, planejador financeiro e co-fundador da Escola de Investimentos. “Mesmo com a previsão do boletim Focus de juros em 11,75% no fim do ano, ainda assim não temos uma taxa tão baixa.”
Cohen destaca porém não considera atrativos os títulos prefixados. “A gente não sabe do futuro, o que vai acontecer no contexto mundial”, explica. O planejador prefere títulos atrelados ao IPCA, por garantirem que não haverá perda do poder de compra, além de contarem com uma taxa fixa prefixada.
Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças, também destaca o NTN-B, conhecido também como Tesouro IPCA+. O título com vencimento em 2045 é, segundo o analista, ideal “para quem quer um pouco mais de retorno e tá com uma visão de mais longo prazo”.
Quanto rendem as aplicações
Em relação aos investimentos atrelados a Selic, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, calculou como fica o rendimento dos principais valores de referência no ano e no mês. Na tabela, você confere ainda os valores descontada a inflação projetada no último Boletim Focus.
Bolsa: construção pode crescer; cuidado com varejo
Sidney Lima explica que a queda de juros tende a beneficiar setores diretamente ligados com o poder de compra da população, como aa construção civil. “Ela tem uma dependência muito grande da concessão de crédito que são os empréstimos, financiamentos imobiliários”, diz.
O setor de varejo também se beneficiaria, em teoria, porém Lima destaca que as empresas do segmento sofreram muito nos últimos anos. “Boa parte dessas empresas acabaram se endividando muito, e aí [o investimento] é mais perigoso,”
O planejador Rodrigo Cohen concorda. “Não estou vendo nenhuma empresa de varejo tão forte a ponto de valer a pena mesmo comprar com a queda dos juros”, diz.
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