*ARTIGO
Nos campos petrolíferos da Argentina, um vento de mudança está soprando. A Tecpetrol, uma das principais empresas do setor no país, comunicou, segundo a imprensa local, que vai aproveitar os gases excedentes gerados no processo de extração de petróleo para a mineração de criptomoedas.
A companhia, que explora e produz petróleo e gás na Argentina, além de outros países como Venezuela, Bolívia, Equador, México, Peru e Colômbia, iniciará próxima à área de Toldos 2 Este, norte de Vaca Muerta, onde tem como plano extrair pelo menos 35 mil barris de petróleo por dia em suas instalações.
A iniciativa é semelhante à já testada pelas outras petrolíferas que atuam no país. Porém, neste caso, Ricardo Markous, CEO da Tecpetrol, explicou que será um volume significativamente maior.
“Devido à falta de infraestrutura para utilizar o gás liberado durante esse processo, optou por investir na mineração de criptomoedas como uma alternativa estratégica para aproveitá-lo. Ela [Tecpetrol] já vende parte do gás que extrai para a Chevron. Mas há um limite para a quantia que ele pode vender — e esse limite já foi atingido”
Ricardo Markous, CEO da Tecpetrol
A empresa espera iniciar a mineração de criptomoedas entre o final de outubro e o início de novembro de 2023. Apesar disso, ainda não divulgou quais moedas pretende extrair — apesar de já ter dito que fez parceria com uma empresa que desempenha funções semelhantes para empresas com sede nos Estados Unidos.
Apesar de a identidade da empresa não ter sido divulgada, a partir de 2021, companhias do setor petrolífero no estado do Texas, nos EUA, a exemplo da brasileira Arthur Mining, optaram por utilizar gás natural para produzir energia elétrica e para minerar bitcoin (BTC).
O mecanismo estratégico
No coração da estratégia da Tecpetrol está a utilização de “hidrocarbonetos não convencionais”, gases que seriam normalmente liberados no ambiente, culminando tanto em prejuízos ambientais quanto na diminuição de possíveis lucros das empresas.
Esses gases excedentes da petrolífera argentina, que totalizam 60 mil metros cúbicos diariamente, serão redirecionados para três contentores, onde serão transformados em energia para alimentar a mineração de criptomoedas localmente.
O CEO da empresa enfatizou que essa estratégia contribuirá para a preservação do meio ambiente, já que o gás excedente das operações da Tecpetrol não será queimado, mas sim aproveitado para fins lucrativos.
Unindo o útil ao agradável
A Tecpetrol não está sozinha nesse movimento. A Plus Petrol e a Yacimientos Petroliferos Fiscales Argentina (YPF Argentina) também estão explorando o uso de gás excedente para atividades de mineração de criptomoedas, em especial o bitcoin, em suas respectivas operações.
Juntos, esses movimentos não apenas atendem a uma necessidade ambiental urgente — evitando a emissão desses gases prejudiciais na atmosfera —, mas também apresenta uma alternativa para que petrolíferos aumentem seus ganhos.
À medida que essa prática vem se tornando mais comum, o mercado de cripto está testemunhando uma transformação em curso. De uma atividade frequentemente questionada por seu alto consumo de energia, a mineração de bitcoin está passando de vilã à mocinha da história.
Não à toa, o recente estudo da Bloomberg Intelligence revelou que mais de 50% da energia usada para minerar bitcoin é proveniente de fontes renováveis.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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