Desde a eleição de Donald Trump, o mercado de criptomoedas entrou em euforia com a possibilidade de o novo presidente adotar políticas que favoreçam a indústria de moedas digitais. Porém, ainda que quase todo o mercado cripto tenha subido em uníssono, praticamente apenas o Bitcoin (BTC) conseguiu renovar suas máximas históricas, chegando a valer US$ 99.645 em 22 de novembro (36% acima do pico aterior, em março).
As outras criptomoedas relevantes (conhecidas como altcoins) tiveram altas expressivas desde 5 de novembro, dia da eleição, mas ainda estão longe de voltar às suas máximas históricas.
Diante desse cenário, investidores começam a se questionar quais outros ativos poderiam ser boas oportunidades e ainda teriam potencial para ganhos diante desse novo patamar do Bitcoin, acima dos US$ 90 mil.
O pedido de demissão de Gary Gensler, atual presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, fez com que que algumas altcoins subissem. Por Gensler ser um crítico às criptomoedas, sua saída do órgão regulador faz com que investidores acreditem que a partir de 2025 sejam tomadas mais decisões a favor da indústria.
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Agora os investidores aguardam um movimento conhecido como “rotação”, em que o fluxo deixaria de ir para o Bitcoin, que já subiu muito, para migrar para altcoins. Porém, em um mercado com milhares de ativos, o foco é tentar entender quais teriam maior potencial de ganhos.
Segundo Gabriel Randi, analista do Mercado Bitcoin, é comum ver esse movimento de rotação em ciclos de alta. Ou seja, quando o Bitcoin interrompe um período de alta forte, investidores buscam outras oportunidades dentro do setor cripto.
A expectativa para as altcoins, é bom lembrar, se baseia em padrões de comportamento do mercado vistos no passado. E qualquer análise precisa sempre contemplar o risco de que uma altcoin simplesmente colapse, perdendo todo o seu valor de mercado (como aconteceu com a FTX em 2022).
“Normalmente a rotação no mercado cripto é exatamente como estamos vendo: o Bitcoin bate máximas, em algum momento ele estabiliza e tem uma acumulação. Não sabemos se agora será em US$ 100 mil, US$ 90 mil ou menos, mas é o que costuma acontecer. E é nesse momento que o dinheiro começa a fluir para altcoins”, explica Randi.
O especialista afirma que é comum ver o Ether (ETH) ganhar força quando começa a fase de rotação. Na etapa seguinte do processo, outras criptomoedas de grande valor de mercado também sobem. Na última fase, o movimento é praticamente generalizado, e pequenas criptos também se valorizam.
O InvestNews conversou com especialistas para avaliar criptomoedas que possuem bons projetos por trás e poderiam se favorecer desse movimento de rotação. Confira abaixo as principais delas:
Ether (ETH)
O que é: Segunda maior criptomoeda em valor de mercado, o Ether é o ativo da rede Ethereum, a mais importante do mercado. O Ethereum é o mais usado como base para executar contratos inteligentes e aplicações descentralizadas (é na rede dele que normalmente se transfere a propriedade de NFTs, por exemplo).
Variação desde 5 de novembro: +43,5%, a US$ 3.447 (29,6% abaixo da máxima histórica).
Por que pode subir: Segundo Jorge Souto, portfólio manager do TC Digital Assets, para que se configure um ciclo de alta do mercado de criptomoedas, o Ether precisa também subir às suas máximas. Isso porque essa criptomoeda tem uma importância muito maior que o Bitcoin para o setor. Quase tudo em cripto tem alguma ligação com Ethereum, explica o especialista. Isso porque esse é um ativo muito utilizado para desenvolvimento de outras plataformas e soluções, como no caso do mercado de Finanças Descentralizadas (DeFi) – na qual você empresta criptos para o mercado em troca de juros, por exemplo, sem a intermediação de um banco.
Para termos um bull market cripto muito forte, seria ideal que o ETH performasse bem”, resume Souto
Solana (SOL)
O que é: A Solana também é uma blockchain com foco em aplicações descentralizadas, por conta disso tem uma disputa forte com o Ethereum. Seu projeto busca ser mais rápido e escalável do que seu principal concorrente. Nos últimos anos, ela tem sido a base para a criação de diversas memecoins – criptomoedas sem função, feitas por brincadeira, mas que às vezes acabam ganhando terreno (como aconteceu com a Dogecoin).
Variação desde 5 de novembro: +48,6%, a R$ 2,35 (10% abaixo da máxima histórica)
Por que pode subir: Atualmente, a criptomoeda SOL também está próxima de sua máxima histórica, o que já tem atraído mais investidores, mas a avaliação é que a rede ainda tem muito potencial para crescer. “Uma das grandes vantagens recentes é que uma rede concorrente chamada SUI apresentou sua primeira falha significativa, o que pode levar investidores que apostavam nela se voltarem para a Solana”, afirma Beto Fernandes, analista da Foxbit.
Além disso, sua proposta de facilitar a criação de novas criptomoedas com custo baixo, redes rápidas e grande escalabilidade tem atraído diversos investidores que enxergam no projeto uma boa oportunidade de crescimento.
XRP (XRP)
O que é: O XRP é a criptomoeda nativa da Ripple, uma empresa especializada em soluções de pagamento transfronteiriças. Focada em rapidez e custos baixos, a moeda é muito utilizada por bancos e instituições financeiras.
Variação desde 5 de novembro: +185%, a US$ 1,44 (62,8% abaixo da máxima histórica)
Por que pode subir: A Ripple foi alvo de diversos processos por reguladores americanos nos últimos anos, e, por conta disso, a saída de Gensler da SEC animou investidores de que o cenário para a empresa agora pode ser menos turbulento.
Além disso, existem rumores de que a próxima criptomoeda a ganhar um fundo negociado em bolsa (ETF) nos EUA pode ser a XRP, em 2025, o que atrairia investidores institucionais para o ativo.
Stacks (STX)
O que é: A rede Stacks opera dentro da blockchain do Bitcoin, por isso é chamada de uma rede de segunda camada, ou layer 2. Seu protocolo permite a execução de contratos inteligentes e a criação de aplicativos descentralizados (dApps) – solução típica do Ethereum, mas dentro da rede Bitcoin.
Variação desde 5 de novembro: 44,7%, a US$ 2,12 (45% abaixo da máxima histórica)
Por que pode subir: Por operar na blockchain do Bitcoin, há uma expectativa de que a Stacks possa surfar a alta do preço, explica Fernandes, da Foxbit. Ele reforça que o projeto tem se comportado de forma bastante consistente.
“Recentemente, o protocolo anunciou o lançamento de um token sBTC, que terá paridade de 1:1 com o Bitcoin, o que facilitaria sua utilização em aplicativos de DeFi”, afirma o analista.
Celestia (TIA)
O que é: A rede Celestia é uma “plataforma modular”, como dizem os programadores. Traduzindo: ela traz uma estrutura capaz de tornar mais ágil, mais rápida, qualquer outra rede de blockchain, por onde circule qualquer outra cripto.
Variação desde 5 de novembro: 87,6%, US$ 7,97 (61,7% abaixo da máxima histórica)
Por que pode subir: Para Souto, a narrativa de modularização deve seguir no mercado, com cada vez mais redes de blockchain adotando sistemas assim. “A Celestia consegue ser uma peça muito importante desse segmento, já que também barateia o funcionamento da blockchain”, explica.
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