Por Estadão Conteúdo
Inflação tem impacto maior sobre famílias mais pobres, segundo aponta o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de dezembro, divulgado nesta terça-feira (14), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o relatório, por conta da alta no preço das carnes, a inflação atinge o patamar de 1,19% em famílias mais pobres e 0,99% em famílias com maior poder aquisitivo.
Com isso, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de preços calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou 2019 em 4,31%, a inflação para os mais pobres ficou em 4,43% no ano passado e a dos mais ricos, em 4,16%.
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda decompõe o IPCA por faixas de renda. A faixa mais pobre tem renda domiciliar abaixo de R$ 900 mensais por família. A faixa mais rica tem renda domiciliar acima de R$ 9 mil mensais por família.
Em dezembro, as carnes e os combustíveis foram os vilões da inflação. Por isso, segundo o Ipea, “o aumento de 4,69% nos preços dos alimentos no domicílio foi o principal responsável pelo incremento inflacionário das famílias mais pobres”, enquanto a alta de 1,54% do grupo Transportes foi o principal foco de pressão sobre a inflação das famílias mais ricas.
“Por ser o grupo com maior peso na cesta de consumo das famílias mais pobres, a alta do grupo ‘alimentação e bebidas’ contribuiu com 1,16 ponto porcentual (p.p.) para a inflação desse segmento da população, com destaque negativo para os reajustes de cereais (5,73%), tubérculos (6,4%), carnes (18,1%) e aves e ovos (4,48%)”, diz nota divulgada pelo Ipea.
Embora os ricos também tenham enfrentado a alta nos preços dos alimentos, o peso desses itens na cesta de consumo dessas famílias é menor, reduzindo a aceleração na inflação média.
“Em contrapartida, os reajustes de 15,6% das passagens aéreas e de 3,57% dos combustíveis geraram uma contribuição do grupo transportes de 0,43 p.p. para a inflação da faixa de renda mais alta”, continua a nota do Ipea.
A inflação de dezembro só não acelerou mais por causa da conta de luz. “A queda de 4,24% do preço da energia elétrica gerou um alívio inflacionário em todas as faixas de renda, limitando uma aceleração ainda maior das taxas de variação apresentadas em dezembro”, afirma a nota do Ipea.