Morning Call: teto de gastos pressiona Copom em semana de reunião

Cenário global e bolsa de valores

A segunda feira foi positiva para quase todas as bolsas asiáticas em reflexo de um clima mais positivo, uma vez que o grupo Evergrande conseguiu fazer o pagamento de títulos internacionais aos credores em um total de US$ 83,5 milhões e também anunciou a retomada de 10 projetos em 6 localidades na China. Em Shanghai, o índice SSE Composite encerrou o dia com alta de 0,76%, o índice de Hang Seng teve leve alta de 0,02%, o índice Nikkei do Japão teve queda de 0,71% e o índice Kospi da Coreia do Sul teve alta de 0,48%.

A temporada de balanço nos EUA continua a influenciar positivamente o desempenhos das bolsas que nessa semana acompanham a divulgação de resultados de gigantes na semana como Facebook, Apple, Coca Cola, McDonald’s, Amazon entre outras.

Na Europa, foi divulgado o índice de sentimentos das empresas da Alemanha de setembro em sua 4ª queda consecutiva, dessa vez indo dos 98,9 pontos para 97,7 pontos. O resultado fica levemente abaixo dos 97,9 pontos de projeção de mercado refletindo o receio sobre os gargalos na cadeia de produção. A bolsa da Alemanha tem leve alta de 0,20%, o índice do Reino Unido tem +0,42%, França -0,20%, Espanha +0,47% e o índice Euro Stoxx apresenta leve alta de 0,05%

Cenário no Brasil

O Brasil segue se distanciando dos desempenhos das bolsas americanas após uma semana conturbada onde a saída encontrada pelo governo para o financiamento do aumento de valor do novo programa governamental Auxílio Brasil foi aumentar o valor do teto de gastos, via PEC dos precatórios, ao transferir o período de apuração da inflação, usada para reajustar o limite do teto de julho até junho de cada ano para janeiro até dezembro, ou seja, o IPCA que deve continuar pressionado nos próximos meses pela crise hídrica e alta dos combustíveis agora pode ser um aliado ao governo para liberar espaço orçamentário, e que caso seja aprovado em plenário da Câmara e no Senado, deve valer entre 2022 até 2036.

Após os dias de tensão entre integrantes do governo, o ministro Paulo Guedes acenou que essa mudança das regras do teto é considerada a melhor saída, negou que o programa seja um ato populista e disse que a tarefa de conter a inflação é do Banco Central via alta da taxa Selic. O mercado financeiro não gostou da surpresa, especialmente próximo da semana de reunião do Copom e agora as apostas para alta da Selic entre 1,25 ou 1,50 ponto percentual na reunião dessa semana, entre os dias 26 e 27 de outubro, e de dezembro, entre os dias 7 e 8, já são um consenso pela maioria dos investidores, o que deve trazer a taxa Selic nos patamares entre 9% a 10% em dezembro.

Ibovespa

O índice continua pressionado pelas notícias políticas e é cotado abaixo dos 110 mil pontos no encerramento da sexta feira. O índice está abaixo das médias diárias de 21 e 200 períodos e que, apesar da alta volatilidade poder trazer dias positivos após quedas bruscas, ainda não há sinais de reversão da baixa que vem afetando a bolsa desde meados de junho.

Dólar

A moeda norte americana segue o movimento de alta em direção ao topo dos limites alcançados em outubro de 2020 e março de 2021, quando a moeda atingiu uma cotação aproximada de R$ 5,90. Por enquanto o dólar deve refletir a aversão do investidor ao risco político a medida em que nos aproximamos do possível início do tappering pelo FED dos EUA em novembro.

Juros

Todos os vencimentos de contratos futuros de juros seguem pressionados com altas de até 17% na variação das taxas dentro do mês. Os contratos mais longos, para 2030 e 2031 já apresentam uma taxa negociada acima de 12% enquanto a ponta curta da curva, apesar da grande influência da Selic meta, tem taxas acima de 10% para 2023. Fatores como a crise hídrica, o preço dos combustíveis, alta do dólar e descontrole orçamentário seguem pressionando a curva de juros.