Nos últimos anos, a presença feminina tem aumentado gradativamente em áreas de liderança no mundo corporativo. Em média, 19% das mulheres ocupam cargos em conselhos de administração ou como CEO de alguma companhia.
A equidade de gênero se tornou um fator determinante nas empresas, porém, o número de mulheres em cargos de comando ainda está abaixo do ideal.
Considerando o universo das empresas presentes no mercado financeiro, quais são as companhias com mais mulheres no comando?
Segundo um levantamento do Insper, em parceria com a Talenses, as mulheres ocupam em média 19% dos cargos de liderança nas empresas brasileiras. Elas somam 26% das posições de diretoria, 23% de vice-presidência e 16% dos conselhos.
O número só atinge o patamar mais baixo quando a análise alcança a presidência: apenas 13% das empresas brasileiras possuem CEOs mulheres. O levantamento, que abrangeu 532 empresas com sede no Brasil, América do Norte e Europa, leva em consideração empresas familiares ou não e de capital fechado.
Já quando feito um outro recorte, o das empresas de capital aberto com mulheres em cargos de conselho, os dados parecem estar começando a entrar em uma crescente. Segundo um estudo realizado pelo Teva índices em parceria com a Easynvest, 15 companhias listadas na B3 com valor de capitalização superior a 300 milhões de reais possuem entre 22% e 50% de conselheiras mulheres.
Entre as cinco primeiras empresas, o banco BMG é quem figura como a companhia que possui metade do conselho do sexo feminino. Dos oito cargos, quatro são ocupados por mulheres. Magazine Luiza vem em seguida, com 43%. Banco Santander tem 33%, Telefônica tem 25% e Natura tem 25% de conselheiras.
Já as empresas com maior representatividade de mulheres, ou seja, com mais cargos – sejam eles quais for – ocupados por elas, quem lidera é a Enjoei, com 60%, seguida de banco BMG (50%), Magazine Luiza (43%), Aeris (40%) e Vivara (40%).
Quando analisado as companhias com duas ou mais mulheres no conselho segundo a maior capitalização de mercado, a mineradora Vale lidera o ranking, com duas conselheiras dos 13 cargos na área. A Magazine Luiza vem em segundo lugar, seguida por Santander Brasil, B3 S.A. e Suzano.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou no final de 2019, empresas com mulheres em postos de liderança têm mais lucros nos seus negócios. Das mais de treze mil empresas de setenta diferentes países pesquisados, mais de 75% destas companhias afirmam que suas iniciativas em favor da diversidade de gênero contribuíram para melhorar seu rendimento nos negócios.
Já no Brasil, das 451 empresas brasileiras entrevistadas, mais de 71% afirmaram que aumentaram os seus lucros entre 5 até 15% com mulheres em cargos de liderança. Porém, segundo o mesmo relatório, alguns fatores acabam impedindo as mulheres de ascenderem a postos de direção. Um deles é a cultura da empresa exigir uma disponibilidade em tempo integral, o que acaba afetando de maneira desproporcional as mulheres.
E isso é justificado pelo maior tempo dedicado ao lar e filhos, quando enquadradas nesta estatística. No ano passado, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) divulgou que as mulheres dedicaram às tarefas domésticas 95% de tempo a mais que os homens. Elas também ganham 22% a menos que os homens nas mesmas posições e muitas vezes abdicam de empregos por não ter acesso a creches disponíveis para os filhos.
E por isso a importância de políticas voltadas a diversidade nas empresas, além de redes de apoio para essas mulheres, para que cada vez mais o mundo se beneficie da igualdade dos gêneros em diversas esferas – do público ao privado.
A diretora de RH da B3, Ana Buchaim, concedeu uma entrevista ao Cafeína desta segunda-feira (8), dia das mulheres, mostrando quais as práticas de governança e diversidade que a B3 tem empregado. Atualmente, a única bolsa de valores do Brasil tem em média 35% de mulheres em seu quadro de funcionários. Já quando analisados os postos de liderança, as mulheres ocupam 30% dos cargos. Apesar de o ambiente da bolsa ter historicamente mais homens do que mulheres, essa realidade vem mudando gradativamente. Seja pelo crescente interesse das mulheres em áreas como finanças, engenharia, economia, estatística, tecnologia, como pela maior abertura da própria B3.
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