Após o mundo atingir níveis recordes quanto ao volume de IPOs ofertados em 2021, neste ano o cenário é o oposto. O primeiro trimestre de 2022 registrou uma desaceleração de 37% em todo o mundo. Foram feitos 321 negócios e levantado o montante de US$ 54,4 bilhões no período (o que representa uma queda de arrecadação de 51% em relação ao ano anterior).
Essa reversão repentina pode ser atribuída a uma série de questões, como: a guerra na Ucrânia, a volatilidade do mercado de ações, correção de preço em ações supervalorizadas, aumento dos preços das commodities e da energia, impacto da inflação e aumentos nas taxas de juros, bem como o risco de pandemia que continua a impedir uma recuperação econômica global completa.
Porém, quando analisado o mercado brasileiro, nenhum IPO foi realizado na B3 no primeiro trimestre de 2022. Dezenas de empresas cancelaram ou adiaram seus planos de abrir capital por conta de fatores macroeconômicos. A inflação e os juros em alta pesaram na decisão, assim como a corrida eleitoral que pode ou não findar no primeiro turno. E nenhuma companhia quer ser impactada por estes fatores. Os empresários buscam preços altos e atrativos pra listarem suas ações.
Analisando outros países, atividade de IPO na região das Américas teve uma queda de 72% no número de negócios e uma queda de 95% nos recursos arrecadados em relação ao ano anterior. A região Ásia-Pacífico teve queda de 16% para volume, mas um aumento de 18% em receitas. Já as ofertas de ações na Europa, Oriente Médio e África tiveram um declínio de 68% na arrecadação e de 38% no volume de ofertas.
O setor de tecnologia manteve seu domínio em números de negócios pelo sétimo trimestre consecutivo, mas ficou em segundo lugar em receitas – quebrando uma série de sete trimestres consecutivos. No entanto, este foi o setor que registrou os maiores lucros em IPOs no mundo. Só que curiosamente, as ações de empresas consideradas como de crescimento são as que mais estão apanhando no mercado atualmente. Alta dos juros e da inflação vem pesando, assim como a guerra ter colocado em evidência as empresas de valor. Tanto que o setor de commodities e do setor financeiro têm impulsionado as bolsas neste ano.
Dado este cenário, o que esperar do segundo trimestre deste ano e até mesmo do terceiro e quarto? Segundo o levantamento da EY Global IPO Trends, que analisou o volume de IPOs ao redor do mundo, as perspectivas ainda são desafiadoras já que há mais incertezas do que certezas no radar. O que sugere que o mercado deverá permanecer volátil. No entanto é aguardado que haja alguma recuperação de ofertas de ações. E analisando o cenário doméstico, isso deve acontecer quando passarem as eleições. Muitas empresas que estavam se preparando tiveram de adiar ou mesmo cancelar o plano de abrirem capital com tantos percalços e riscos de terem seu valor de mercado subavaliado no processo.
Veja neste Cafeína os setores que devem puxar a fila de IPOs na bolsa brasileira assim como todos os dados do levantamento.
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