Houve um tempo em que o brasileiro fazia questão de ter um carro. É verdade que muitos motoristas ainda pensam assim, mas nem todos pensam mais em comprar um automóvel.
É o que apontou um estudo realizado pelo Serasa em parceria com a Opion Box. O levantamento, que entrevistou duas mil pessoas em dezembro, revelou que 64% dos participantes disseram que a pandemia mudou os hábitos de uso do carro. Enquanto 33% passaram a usar mais o veículo, 31% detectaram que o uso do automóvel diminuiu.
Entre os que afirmaram usar menos o carro, 48% atribuíram a queda ao aumento no preço dos combustíveis. O segundo motivo principal é o crescimento do home office, lembrado por 26% dos respondentes.
Já entre os que perceberam aumento no uso do carro, 58% mencionaram o deslocamento mais eficiente como principal razão, ao passo que 37% citaram a segurança contra a covid-19, já que o veículo próprio diminuiu a dependência de transporte público.
Apesar dos números, o estudo indicou que ainda há interesse pela compra de um carro novo próprio. Mais da metade dos entrevistados (52%) afirmaram que pretendem vender seu veículo nos próximos 12 meses, sendo que oito em cada 10 responderam que desejam trocá-lo por outro automóvel.
Carro por assinatura e locação por hora viram tendências
Foi de olho na mudança de comportamento de compra de uma parcela considerável dos clientes que várias empresas estão apostando no serviço de carro por assinatura. Além de grandes locadoras, como a Localiza (RENT3), até as montadoras entraram de cabeça nesta modalidade de venda de veículo.
O grupo Stellantis, que atualmente domina a indústria automotiva em vários países (inclusive no Brasil), oferece o Flua! desde 2021. Hoje, vários modelos das marcas Fiat, Jeep e Peugeot podem ser assinados com parcelas a partir de R$ 1.889 por mês no caso de um Fiat Mobi. Os valores variam de acordo com o modelo do veículo escolhido, tempo de contratação do serviço e a franquia de quilometragem mensal escolhida.
A maior vantagem de optar por essa modalidade é a isenção de arcar com custos de documentação, licenciamento e emplacamento. Todo o processo de contratação é realizado de forma digital e o cliente só precisa ir à concessionária para retirar o veículo. Ao término do contrato (que pode ser de 12, 24 ou 36 meses), o cliente pode adquirir o carro ou devolvê-lo.
Outro serviço que se aproveitou dessa transformação comportamental é o de aluguel de veículos por hora. A Turbi atua desde 2017 oferecendo a locação de veículos por valores acessíveis. Todo o processo é realizado por meio de um aplicativo: o cliente escolhe o local de retirada (normalmente em estacionamentos 24 horas) e o modelo desejado.
A partir daí, o veículo é reservado e o usuário tem um período de tempo para localizá-lo. As chaves do carro ficam no porta-luvas e as portas são destravadas por meio do próprio aplicativo. É possível ampliar o tempo de locação e até incluir os valores de abastecimento e de uso de tags de pedágio por meio de taxas adicionais. A única desvantagem, por enquanto, é que o veículo precisa ser devolvido no mesmo local onde foi retirado.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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