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Com peruas e sedãs em extinção, SUVs devem assumir protagonismo no Brasil

Pela primeira vez, venda de utilitários esportivos deve superar a dos hatches compactos.

carro vermelho da marca Toyota

Antes de entrar no assunto da coluna desta semana, preciso fazer uma confissão. Sou fã de sedãs e peruas. Dito isto, também tenho que admitir que essas duas categorias podem ser consideradas em extinção aqui no mercado brasileiro.

A razão é bastante simples: nosso consumidor adotou os utilitários esportivos, também conhecidos como SUVs como seu tipo de veículo favorito. Assim, não há razão para as fabricantes insistirem em modelos que não têm o mesmo apelo de anos atrás. Para a minha tristeza.

Se estivéssemos na Europa, provavelmente esse texto seria sobre qualquer outro assunto. Afinal, por lá, sedãs e peruas ainda são facilmente encontrados em praticamente todas as marcas, apesar do avanço dos SUVs.

No Brasil, a história é diferente. As duas únicas peruas à venda atualmente são as esportivas Audi RS 4 Avant e RS 6 Avant. Até o fim de maio, elas emplacaram, juntas, 82 unidades. Isso é um quarto das vendas diárias da Fiat Strada, carro mais vendido no momento, nesse mesmo período.

SUVs assumem a liderança

E 2021 pode ser o ano em que os SUVs finalmente se tornam o tipo de veículo favorito do brasileiro. Entre janeiro a maio, a participação deles no mercado de novos chegou a 39%, a maior da história.

Os hatches pequenos, tradicionais líderes de mercado, caíram para a segunda colocação, com 24%. Eles foram seguidos pelos modelos de entrada (15,3%) e sedãs pequenos (6,7%).

Aqui vale um adendo. A classificação da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave) coloca todos os SUVs em uma mesma categoria, sem qualquer divisão por tamanho. Isso não acontece com hatches e sedãs, por exemplo.

De qualquer forma, o sucesso dos SUVs é inegável. E uma consequência disso é que ícones do nosso mercado estão desaparecendo.

Talvez o maior e mais recente exemplo seja o Honda Civic, que pode sair de linha no ano que vem, depois de 25 anos de produção nacional.

A Honda ainda não confirmou o fim da produção em Sumaré (SP). Mas a 11ª geração, lançada em abril nos Estados Unidos, não deve pisar em solo nacional.

Parte da sua clientela terá que se contentar com o novo City, sedã pequeno cujo lançamento está previsto para o fim desse ano. Mas eu aposto que os vendedores da Honda tentarão ocupar essa lacuna oferecendo aos clientes o SUV compacto HR-V.

A Toyota já disse que não vai “abandonar” o Corolla. Mas acaba de lançar uma variação SUV do modelo, chamada de Corolla Cross.

O novato, em seu primeiro mês cheio de vendas, já conseguiu fazer sombra no sedã, emplacando 3.678 exemplares, contra 3.790 unidades do Corolla “sem sobrenome”.

Sedãs médios agonizam

O fim do Civic e o crescimento do Corolla Cross seriam apenas alguns baques no segmento de sedãs médios no Brasil. Nos últimos 3 anos, essa categoria viu o número de representantes cair praticamente pela metade.

Em maio de 2018, eram 11 os sedãs médios disponíveis por aqui. Em volume de vendas, eram eles, nesta ordem: Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta, Ford Focus, Nissan Sentra, Citroën C4 Lounge, Kia Cerato, Hyundai Elantra, Mitsubishi Lancer e Peugeot 408.

Destes, apenas 5 seguem em linha: Corolla, Civic, Jetta, Cruze e Cerato, enquanto o único lançamento no segmento foi o Caoa Chery Arrizo 6.

Caoa Chery Arrizo 6 foi o único sedã médio inédito lançado no Brasil nos últimos 3 anos
(Imagem: Chery | Divulgação)

Ainda é preciso considerar que o Jetta perdeu versões e hoje só está disponível na variante esportiva GLI.

Nesse mesmo período, o mercado de SUVs compactos e médios, que ocupam uma faixa parecida de preços viu surgir competidores fortes e inéditos, como o próprio Corolla Cross, além de Volkswagen Nivus, T-Cross e Taos, Caoa Chery Tiggo 5X e Tiggo 7, Citroën C4 Cactus e Mitsubishi Eclipse Cross.

Não vou entrar na discussão de qual tipo de carroceria é melhor ou pior. Isso é assunto para outro dia. Mas, se você preza pelo prazer ao dirigir, sinto dizer que as escolhas de carros novos ficarão ainda mais escassas nos próximos anos.

* André Paixão é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha.

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