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Crash-relâmpago: quando a bolsa desaba em um piscar de olhos

Segundo matemáticos, é impossível evitar o fenômeno de quedas bruscas.

gráfico do mercado financeiro
Foto: Antonpetrus

Para os entendidos na bolsa americana, o “flash crash” ou “crash-relâmpago”, em 2010, é uma lembrança de que as coisas não só podem ir mal, mas também rápido no mercado. Em apenas 36 minutos, o Dow Jones e o S&P 500 colapsaram, caindo 9% e levando US$ 1 trilhão de valor das ações. Os dois índices se recuperaram logo depois, terminando o dia como se o crash não tivesse existido. Mas muita gente perdeu dinheiro, assim como muitos ganharam naquela tarde.
 
Passados 11 anos, ainda não se sabe bem o que aconteceu. As explicações vão de um acúmulo de ordens automáticas de stop e de start das corretoras e instituições financeiras e também erro humano, com um grupo de corretores realizando operações por engano que levaram tanto à queda como à recuperação quase instantâneas. Fora, claro, o comportamento dos investidores.
 
A SEC, equivalente americana da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mudou as regulações para evitar que o flash crash se repetisse, mas não evitou um novo episódio, em agosto de 2015, quando o Dow Jones perdeu 7% nos primeiros cinco minutos de pregão. Mas talvez seja impossível evitar o fenômeno, segundo dois matemáticos,  Alexander Munk e Erhan Bayraktar, também professores da Universidade Ann Arbour, nos Estados Unidos.
 
Crashes súbitos como os de 2010 e de 2015 podem causar perdas que chamam muita atenção do mercado. Mas um modelo matemático criado pela dupla indica que movimentos semelhantes ocorrem 12 vezes por dia, envolvendo geralmente apenas uma ação.
 
Um caso citado é o das ações da empresa de Software Qualys, que em 2013 caíram de US$ 10 para US$ 0,0001 e no mesmo dia acabaram fechando em US$ 10,15. E isso como efeito de 600 operações realizadas em poucos minutos, que derrubaram as cotações. 
 
Nada menos do que 20 mil crashes súbitos foram registrados entre 2006 e 2017, ano em que os dois pesquisadores publicaram um estudo a respeito. Eles explicam que investir em determinado papel envolve uma série de perguntas, que os investidores analisam de maneira pessoal, como “será que estou certo?” ou “devo apostar em determinada empresa ou contra ela?”
 
Em tese, todos acham que estão certos sobre o futuro e confiam em suas decisões. Mas, com o passar do tempo, é inevitável que tenham que ajustar seus portfólios com as mudanças de mercado e, se acham que as coisas vão piorar rapidamente, podem agir guiados pela aversão ao risco, levando a grandes e rápidas quedas. Como são muitos, quanto mais ordens de venda, manuais ou automáticas, são lançadas, mais abruptos podem se tornar os movimentos do mercado. 
 
Mas nada é para sempre. E no caso das quedas súbitas, assim como a visão negativa prevalece em um momento, levando a um movimento exagerado de venda, a reação ocorre com a mesma intensidade, com as ações voltando sem demora ao ponto onde estavam antes da queda.
 
Dá para evitar que os crashes-relâmpago continuem a ocorrer? O estudo aponta ser impossível. Como muitos analistas apontam, fortes oscilações se tornaram inevitáveis com as condições de mercado atual. E muito provavelmente esse tipo de queda forte e inesperada é o novo normal.

*Samy Dana é Ph.D em Business, apresentador do Cafeína/InvestNews no YouTube e comentarista econômico.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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