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ESG News

Como a saúde mental entrou na agenda ESG das empresas

Questão pode ser um diferencial de competitividade e sucesso nas companhias.

Quem, como eu, nasceu na década de 1980, sabe bem o quanto os temas relacionados à saúde mental eram velados em todas as esferas da sociedade e, mais ainda, nas empresas. Há alguns anos, simplesmente não se falava em depressão, ansiedade, fadiga.

Quando estes diagnósticos ocorriam, eram ocultados de amigos, familiares e nas empresas nas quais trabalhavam. Se um colega de trabalho tivesse um desses diagnósticos e esta informação vazasse, era possível que se tornasse motivo de fofoca e comentários desinformados nas conversas de corredor.

De alguns anos para cá, e acredito que principalmente devido à ascensão dos programas de diversidade e ESG nas empresas e pela ocorrência da pandemia – que deixou milhares de pessoas isoladas e amedrontadas por dois anos dentro de casa -, a temática da Saúde Mental saiu da periferia das conversas e passou a ser considerada um tema que demanda envolvimento de todos nas empresas.

Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós e Autora do Livro Como ser Uma liderança Inclusiva Foto: Myla Dutra

Se há anos alguém jamais contaria nas empresas caso estivesse enfrentando alguma questão de saúde mental, hoje isso mudou.

Quando visito empresas de todo o Brasil, dos mais variados setores, em várias regiões, é possível que durante a minha interação com as pessoas, nas reuniões ou diálogos variados, em determinado momento o interlocutor comente que está passando por algum tipo de tratamento psicológico, ou ainda que já teve que lidar com episódios de depressão, ansiedade e afins.

É possível se deparar também com gestores que tentam aprender como apoiar e o que fazer em casos de funcionários com burnout e assim sucessivamente.

Lembremos que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a definição de saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de doenças e enfermidades”. Segundo a UNA SUS, “Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional.

A saúde mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Admite-se, entretanto, que o conceito de saúde mental é mais amplo que “a ausência de transtornos mentais (WHO, 2002)”.

Ansiedade, depressão e, principalmente, o burnout são alguns dos quadros mais recorrentes nas empresas. Recentemente, ficamos todos surpresos com a informação de que o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout no mundo. De acordo com os dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome.

Não à toa, empresas têm constituído áreas de Saúde Mental, quase sempre em conexão com as áreas de ESG, Diversidade e Recursos Humanos. A Ambev, por exemplo, empresa na qual sou Conselheira de Diversidade, constituiu em 2020 uma Diretoria de Diversidade, Inclusão e Saúde Mental.

Atualmente, a área tem como base cinco pilares de atuação: quebra do estigma, consciência, cuidado, prevenção e promoção de bem-estar. E a sua estratégia acerca do tema, busca seguir a evolução cultural que a companhia tem vivenciado nos últimos anos, voltada para a promoção de uma saúde integral. 

Nessa jornada, a Ambev disponibiliza um guia de saúde mental, proporciona letramentos para suas lideranças e, em parceria com a Fundação Zerrenner, oferece diversas ferramentas de saúde, possibilitando um amplo cuidado com suas equipes em uma plataforma que oferece atendimento 24 horas e suporte psicológico e psiquiátrico para os colaboradores, estendendo os cuidados para os dependentes.

A companhia também conta com um grupo de apoio de saúde mental, o CARE, sigla que traduz as palavras Cuidado, Autoconhecimento, Respeito e Escuta Ativa, formado por colaboradores interessados em participar. Desde 2021, a Ambev é signatária do Movimento Mente em Foco, iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil, que estabelece medidas importantes a serem adotadas por empresas para garantir a segurança psicológica de seus colaboradores.

Na prática, além do guia de saúde mental, criado com o objetivo de derrubar estigmas sobre o tema, a Ambev também realiza treinamentos de lideranças dos times de gente e gestão para identificação e acolhimento de pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade e precisem de suporte psicológico. 

A companhia também disponibiliza a trilha de saúde “Líder On”, com conteúdo variado para incentivar que seus colaboradores tenham uma rotina equilibrada. Com o mesmo objetivo, e para estimular que mantenham hábitos de autocuidado, a Ambev implementou o “Desafio do Bem-Estar” que premia quem nutre a regularidade na prática de atividade física. 

Trago aqui este exemplo, que conheço de forma próxima, mas outras empresas também têm seguido essa empreitada, como Danone, NovaHaus e Cortex. 

Enfim, são esforços importantes empreendidos por organizações que já entenderam que, para obter sucesso e crescimento, é preciso cuidar das pessoas. Afinal, não adianta ter um discurso de ESG para o mercado se da porta para dentro não há dedicação em olhar e ouvir quais são as necessidades básicas de suas equipes, até porque ninguém é capaz de trabalhar, produzir, gerar recursos se não estiver com a mente sã. 

*As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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