Se a teoria das finanças diz que o investidor deve diversificar seus investimentos, especialmente se estivermos falando da pessoa física, o mercado brasileiro oferece excelentes alternativas para ajudar nessa jornada. Para isso, o investidor pode compor sua carteira seguindo diversos critérios: apetite ao risco, custo, rentabilidade, ativos diferentes (produtos e papéis), prazos, setores, moedas, localizações geográficas e indexadores, por exemplo.
Quando falamos de não colocar todos os ovos na mesma cesta, um produto sempre vem à cabeça, os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de investimentos negociados em Bolsa que replicam o desempenho de um índice de referência. Os fundos de índices, tão populares mundo afora, equivalem a uma cesta diversificada de ações com exposição a diversas classes de ativos, com recortes geográficos, setoriais, por tamanho de empresa e mercados.
Atualmente, são negociados 39 ETFs na B3, sendo 32 de renda variável (19 de índices locais e 13 de internacionais) e 7 de renda fixa (que replicam carteiras de títulos públicos). Dentre os fundos de ações, há os amplos, como os referenciados ao Ibovespa B3, o índice de ações mais importante do mercado brasileiro, que indica o desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro, e aos de segmentos e setores específicos, como o do setor financeiro, de materiais básicos, de ESG (Environmental, Social and Governance), das empresas melhores pagadoras de dividendos, small caps.
Temos também os referenciados à índices de renda fixa local, com exposição a títulos prefixados ou a títulos referenciados na inflação, além daqueles que replicam a carteira teórica do índice Standard & Poor’s 500 (S&P 500), principal índice do mercado financeiro americano.
E não para por aí. Recentemente, novas opções entraram na lista, como os ETFs de criptomoedas, os que seguem a performance do preço do ouro, de fundos imobiliários, os que acompanham o índice MSCI China, o MSCI Europe e Nasdaq-100, além daqueles internacionais que acompanham setores como tecnologia, biotecnologia e produtos e serviços voltados para a geração millenial.
Cardápio com novos ETFs
O primeiro ETF referenciado a um índice composto por criptoativos começou a ser negociado na bolsa do Brasil no fim de abril de 2021. As cotas do ETF Hashdex Nasdaq Crypto Index, o HASH11, trouxeram ao investidor a possibilidade de exposição a uma carteira teórica de criptoativos definida pelo índice americano Nasdaq Crypto Index. Por ser um fundo de índice internacional, o ETF de Criptomoedas HASH11 segue a mesma dinâmica dos demais ETFs listados na B3 no mercado secundário: seu acesso é sempre por meio de uma corretora, liquidação em D+2, com contraparte central e lote mínimo de negociação igual a 1 cota.
As opções aos investidores estão cada vez mais globalizadas e, ao comprar cotas de um determinado ETF, será possível realizar investimentos em empresas nacionais ou globais com praticidade e eficiência, através da bolsa brasileira. Esse é o caso, por exemplo, do Trend ETF NASDAQ 100, o NASD11, que tem sua rentabilidade atrelada ao índice de referência NASDAQ-100, composto pelas cem maiores empresas não-financeiras listadas na bolsa americana Nasdaq, incluindo grandes empresas de tecnologia. Isso significa que, ao escolher esse ETF, o investidor investirá em ativos internacionais e sem a necessidade de conversão cambial, dado que a cotação dos ETFs é em moeda local (reais).
Outros ETFs recém-lançados são: o Trend Europa (EURP11), que replica a carteira teórica do MSCI Europe, índice que engloba empresas de média e alta capitalização do mercado Europeu; o Trend China (XINA11), que tem como referência o índice MSCI China, composto por aproximadamente 700 empresas chinesas de grande e médio porte, que representam cerca de 85% do universo de empresas chinesas de capital aberto; o Trend Ouro (GOLD11), que busca replicar a performance do preço do ouro, por meio do índice iShares Gold Trust; o It Now Tech (TECK11), que tem como referência o índice NYSE FANG+, que conta com as 10 grandes empresas de tecnologia e consumo do mundo, entre elas o Facebook, Amazon, Netflix e Google.
Só em 2021, já são 10 novos ETFs disponíveis para negociação no ambiente de bolsa. O volume médio diário negociado (ADTV) de ETFs é de R$ 1,58 bilhão, um crescimento de 8,5% em relação ao ano anterior (R$ 1,46 bilhão) e um crescimento de 243% se comparado ao ano de 2019 (R$ 600 milhões). Na perspectiva de ativos em custódia (AuM), foi alcançado o montante de R$ 46 bilhões (maio/21). Em relação ao número de investidores pessoas físicas, chegamos a 401 mil investidores ao final de maio desse ano.
Mas afinal, como investir em ETFs?
O acesso ao investidor pessoa física é via mercado secundário, ou seja, as cotas são negociadas na B3 e o investidor deve procurar sua corretora para comprar uma cota de fundo, similar ao processo de compra de uma ação. Quando um investidor compra uma cota de um ETF, por meio de sua corretora, ele passa, indiretamente, a deter todas as ações da carteira teórica do índice de referência daquele ETF, sem ter que comprá-las separadamente no mercado. Dessa forma, o ETF pode proporcionar mais rapidez e eficiência no momento de diversificar seus investimentos, além de exigir um capital de investimento inicial baixo, considerando que o lote mínimo de negociação é de 1 (uma) cota, além do investimento bem menor, caso fosse comprar individualmente cada um dos ativos que compõem a carteira. Assim como investir em uma ação, o investidor tem o custo de negociação (corretagem e emolumentos).
Os ETFs permitem estratégias e operações para todos os tipos de perfil de investidores e, diferentemente dos demais fundos abertos de ações, que têm suas cotas precificadas uma vez ao dia e todos os aportes e resgates acontecendo por esse mesmo valor, as cotas dos ETF são negociadas em bolsa, de forma contínua, durante toda a sessão de negociação. O preço das cotas de ETF no mercado secundário, de bolsa, são determinados pelo encontro das ofertas de compra e venda, permitindo aos investidores comprar ou vender quando quiserem e pelo valor que estiver sendo negociado naquele momento.
Além disso, todos os ETFs contam com a atuação dos Formadores de Mercado, que possuem obrigações de atuar com ofertas em tela, garantindo a liquidez e correta formação de preço do ativo. Em outras palavras, a presença do formador é fundamental, pois ele compra de quem quer vender e vende para quem quer comprar.
Já em relação à distribuição de lucros, a dinâmica de distribuição do ETF segue a metodologia do índice de referência. Atualmente, os ETFs listados na B3 reinvestem os lucros recebidos, ou seja, quando as ações ou ativos que compõem a carteira do ETF distribuem dividendos ou rendimentos, o investidor não vai receber esses rendimentos em dinheiro, mas os valores são incorporados ao patrimônio do fundo e automaticamente reinvestidos nos ativos indicados no regulamento do fundo. Com o crescimento do patrimônio do fundo, o cotista também é beneficiado.
Assim como acontece com as ações, a tributação dos ETFs de renda variável, na venda das cotas no mercado secundário, é de 15% sobre o lucro líquido das operações normais e 20% sobre o lucro líquido das operações day trade, não havendo nenhum limite de isenção, o que significa que qualquer lucro é tributado independentemente do valor da venda. No caso dos ETFs de renda fixa, quando o prazo médio dos títulos da carteira for maior que 2 anos, a tributação na venda das cotas no mercado secundário também é de 15% sobre o lucro líquido, independentemente de quanto tempo o investidor permanecer com o ETF. Atualmente, todos os ETFs de renda fixa listados na B3 possuem prazo médio acima de 2 anos.
4 vantagens de investir em ETFs
1- Diversificação: com poucos recursos o investidor aplica em uma carteira com diferentes ações, títulos de renda fixa, ou até fundos com exposição a diversos setores e índices, inclusive de ativos internacionais.
2- Fácil acesso: os ETFs podem ser negociados como uma ação, através de qualquer corretora.
3- Dá para começar com pouco. Os valores das cotas são bem acessíveis ao investidor pessoa física.
4- A taxa de administração cobrada nesses fundos, normalmente, é menor do que a dos demais tipos de fundos.
Nós, da B3, temos um papel importante de entender as demandas do mercado e ampliar a oferta de produtos disponíveis nas nossas plataformas. Entendemos que com educação financeira e esses novos produtos na prateleira dos investidores, estamos no caminho certo para ajudá-los em sua jornada de investimento, além de apoiar no desenvolvimento do mercado brasileiro. Afinal, diversificação e educação somam pontos juntas e ajudam a tornar o nosso mercado cada vez mais maduro e representativo.
Agora que você já sabe um pouco sobre os ETFs você pode fazer um dos cursos gratuitos no Hub de Educação Financeira da B3 e se tornar um expert nesse tipo de investimento.
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* Gabriela Shibata, gerente de Produtos da B3, a bolsa do Brasil. |