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Instituições e a Web3: como as empresas estão participando da criptoeconomia?

Interesse institucional traz consigo um grande peso que pode contribuir para o crescimento dos mercados de cripto.

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A Web3 é uma nova fase da evolução da internet. Nos anos 1990, a popularização dos computadores pessoais permitiu as interações por e-mail e o consumo de conteúdos online. Na década seguinte, os smartphones destravaram a participação mais ativa dos usuários, principalmente por meio das redes sociais e de ferramentas como o Skype.

Agora, além de consumir e produzir conteúdos, também é possível ter total controle sobre os ativos digitais. Isso permite, por exemplo, relações de confiança entre completos desconhecidos, transferências de valor entre quaisquer lugares do mundo com privacidade e muitas outras funcionalidades que sequer conseguimos imaginar.

Essas vantagens permitem novas formas de oferecer as funcionalidades da internet que já conhecemos, como serviços financeiros e streaming, e ainda outras, possibilitadas pela descentralização, transparência e automação das blockchains.

O papel das instituições na Web3

Enquanto a Web3 se instaura como o novo paradigma das telecomunicações, uma série de empresas se envolvem para não ficar de fora.

A participação das instituições é diferente do que ocorreu nas primeiras etapas da internet, é claro, porque, pela primeira vez, o usuário tem poder para influenciar as próprias regras do jogo. Mas há uma série de contribuições que não poderiam vir de outros setores da sociedade.

A primeira é a validação minuciosa dos componentes do ecossistema. Empresas são capazes de analisar o mercado, seus produtos e processos com uma base extremamente sólida, muitas vezes dedicando equipes inteiras para entender as transformações atuais e as possibilidades de interação com elas.

Outra grande vantagem da presença de instituições é o volume de negócios que estas entidades podem oferecer. Como tem sido visto no caso da Tesla (TSLA34), da MicroStrategy e de tantas outras empresas investindo em bitcoin, por exemplo, o interesse institucional traz consigo um grande peso que pode contribuir para o crescimento dos mercados de cripto.

Para além do volume, as instituições contribuem com seus horizontes de tempo mais alongados. Diferentemente da maior parte dos investidores de varejo, que costumam buscar retornos dentro de poucos meses ou anos, empresas muitas vezes podem esperar décadas para colher os frutos dos seus investimentos e empreendimentos, assegurando uma demanda muito mais estável.

E não é só por meio da demanda direta que as empresas trazem grandes volumes para cripto. Assim como a Binance, a Coinbase e outras exchanges facilitam a entrada de milhões de usuários no ecossistema, a praticidade e a segurança oferecidas pelos diversos provedores institucionais pavimentam o caminho para uma expansão muito mais rápida do setor.

Nesse contexto, as soluções desenvolvidas por empresas muitas vezes servem como “ponte” entre a economia cripto, os reguladores e os usuários finais. É o caso da MetaMask e da Infura, por exemplo, que facilitam a interação com blockchains, e dos pagamentos com cartão de crédito para compra de NFTs no OpenSea.

Essas funcionalidades ainda têm o poder de adequar os serviços descentralizados aos padrões estabelecidos pela regulação. As declarações de imposto facilitadas pelas exchanges, por exemplo, têm prestado um grande serviço ao investidor que busca conformidade com as leis fiscais do seu país.

Perspectivas

A participação das instituições na Web3 ainda está em seus primeiros dias. Dada a relativa lentidão, em comparação com o varejo, dos processos de pesquisa e desenvolvimento dentro de empresas, as iniciativas dessas entidades ainda podem tomar bastante tempo para se consolidarem.

Nesse processo, os usuários terão um papel importante na validação dos produtos e serviços desenvolvidos para a criptoeconomia. Assim como as exchanges e as carteiras digitais têm passado por várias iterações para provarem sua utilidade e se aprimorarem, as novas funcionalidades para a Web3 terão que conquistar o público para atingirem sucesso comercial.

Outra validação importante terá de vir dos reguladores e legisladores. Sandboxes regulatórios, audiências públicas e licenças provisórias serão, provavelmente, alguns dos recursos utilizados para que o estado atual das regulações não sufoque a inovação em cripto ao mesmo tempo em que se garante a segurança dos investidores e usuários. As perspectivas não poderiam ser mais positivas.

Com representantes da Web3 em praticamente todos os setores da sociedade, integrações mais profundas dos serviços em blockchain com a internet que conhecemos parecem ser apenas uma questão de tempo. Enquanto isso, a fronteira entre esses dois mundos vai se dissipando para que as experiências do usuário sejam cada vez mais completas e fáceis.

Christian Gazzetta é economista formado pela UFRJ e redator da Hashdex, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Estuda métodos de valoração de criptoativos e os setores de DeFi e NFTs.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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