O metaverso desafia a compreensão tradicional da realidade e representa a convergência entre nossas vidas físicas e digitais.
Um aspecto central desta convergência é um conjunto de espaços virtuais interoperáveis onde poderemos trabalhar, brincar, aprender, socializar, comunicar, interagir, fazer transações e adquirir até mesmo os próprios ativos digitais – os tão conhecidos non-fungible tokens (NFTs).
Quando me refiro a espaços virtuais interoperáveis, quero dizer que diversos sistemas, organizações e pessoas operam e interagem conjuntamente, de forma transparente e uniforme.
Enquanto as gerações mais velhas terão dificuldade em entender este novo contexto de realidade, as mais jovens já veem interações virtuais, skins e ativos digitais como tão “reais” quanto sua contraparte física e com valor igual (muitas vezes, até maior).
Em qualquer versão do metaverso um ou mais usuários podem se conectar a ambientes digitais públicos privados – denominados de “metaespaços” – para todos os tipos de propósitos, como compras, entretenimento, educação, socialização, filantropia ou tudo isso junto.
“Metaespaços” comerciais podem exigir ingressos ou filiação para visitas, compras de espaço e compras de direitos. Alguns vendem acessórios virtuais que podem ser adicionados a avatares sem alterar o avatar básico – uma maneira de vestir seu avatar para ocasiões ou simplesmente para exibir “bling” virtual. Você também poderá decorar a sua casa com obras de arte ou móveis comprados, criar o seu próprio ou escolher a partir de uma vasta seleção de conteúdo de código aberto.
As incertezas que envolvem o metaverso
O que vemos hoje disponíveis são fragmentos do que eventualmente se tornará o metaverso no futuro – fragmentos que chamamos de “Betaversos”. Portanto, desconfie de pessoas e empresas que afirmam fazer parte do ambiente virtual simplesmente pela imersão ou alguma iniciativa baseada em blockchain.
O desenvolvimento do metaverso mais à frente dependerá de um conjunto de tecnologias dimensionadas adotadas pelo mercado de massa. Tecnologias críticas que permitirão a convergência da realidade física e digital, como Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR), Web3 e Internet das Coisas (IoT).
Entre as muitas incertezas relacionadas ao desenvolvimento do Metaverso, há duas críticas que identifico: aberto versus proprietário e convergente versus separado.
Aberto versus proprietário: o metaverso será criado em torno de protocolos abertos, muito parecidos com os padrões utilizados na internet, ou serão vários metaversos centralizados, comerciais e proprietários, muito possivelmente com um ou mais poucos players dominantes, como o Google tem sido o motor dominante de busca e o Facebook entre as plataformas de mídia social.
Convergente versus separado: o metaverso se tornará um substituto para a “www”, o padrão virtual de acesso aos conteúdos, produtos e experiências online – ou será uma ou mais entidade separadas acessadas pela World Wide Web e aplicativos onde as pessoas irão acessar, às vezes, para fins específicos?
Perspectiva de evolução do metaverso
Copenhagen Institute for Futures Studies, 2022. Combined with Gartner; “Evolution Spectrum for the Metaverse”, 2022.
Este texto foi elaborado com base no whitepaper “The future of Metaverse”, da Copenhagen Institute of Futures Studies – CIFS LATAM.
Claudia Kodja, mentora da Liga dos Empreendedores da FGV, membro da Copenhagen Institute for Futures Studies e gestora executiva da Kodja Escola de Negócios. |
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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