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The Merge: o que é e o que significa para o ethereum

Rede ETH está caminhando para a transição mais importante da sua história. Mudança deverá trazer diversas vantagens de eficiência e contribuir para a valorização da criptomoeda.

ether
REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração/Foto de arquivo

Na última semana, o ethereum completou mais um passo na longa jornada de melhoramentos da sua tecnologia. A transição conhecida como “The Merge”, que marca o fim da mineração na plataforma, foi implementada com sucesso na principal rede de testes do ethereum (ETH).

“The Merge” – A Fusão, em português – é um evento esperado desde a criação do ethereum, em 2015. Seu objetivo é unir a blockchain original, que é mantida por um sistema de mineração similar ao do bitcoin (BTC), com a rede que funciona sob o sistema Proof-of-Stake (PoS), em que os usuários travam tokens ETH para atuarem como validadores e serem remunerados por isso.

A transição definitiva está prevista para agosto, depois de ter sido adiada por diversos anos. Nessa última etapa de validações, a equipe de desenvolvedores irá analisar os desdobramentos do teste para otimizar os processos envolvidos e, assim, ganhar confiança para implementar essa importante mudança no ethereum.

Enquanto isso, há muito trabalho a ser feito: Vitalik Buterin, fundador da plataforma, declarou que a rede de testes precisará ser observada por pelo menos três semanas para garantir que a transição foi, de fato, um sucesso.

Tamanho cuidado não surpreende a comunidade. O “Merge” do ethereum pode ser comparado à troca do motor de um carro em movimento, já que envolve alterar o mecanismo que mantém a rede funcionando sem que ela deixe de atender os milhares de aplicativos e centenas de milhares de usuários que movimentam bilhões de dólares todos os dias na plataforma.

Espera-se que os resultados fiquem à altura da façanha: após a transição, o ethereum deverá consumir cerca de 0,5% da energia elétrica que atualmente é necessária para a mineração; e, com o fim das liquidações de mineradores para honrar seus custos em moeda fiduciária, é de se esperar uma queda nos volumes diários de venda de ETH.

Outra vantagem será a queda no ritmo de inflação da rede: com uma nova política de emissão desenhada para o mecanismo de PoS, as emissões de ETH – que, atualmente, remuneram os mineradores – poderão cair mais de 90%. Por sua vez, o deslocamento de parte dessa remuneração para os stakers significará um estímulo para maiores quantidades de ETH travadas e, com isso, uma redução ainda maior nas vendas diárias do criptoativo.

Também se espera que, com essa transição, os desenvolvedores do ethereum possam finalmente endereçar as limitações de escalabilidade da rede: o PoS é uma condição necessária para a arquitetura de sharding, em que a rede passa a ser dividida em diferentes partes independentes – shards -, cada uma mantida por um grupo distinto de validadores.

O sharding é inviável na configuração atual da rede porque, dividindo o poder computacional dos mineradores hoje, cada shard seria mais vulnerável a eventuais ataques de usuários mal-intencionados.

É por isso que, em sua condição presente, a plataforma tem capacidade de processamento muito inferior ao de seus concorrentes. Enquanto as redes cardano, solana e avalanche, que usam variações do PoS, são teoricamente capazes de realizar centenas ou até milhares de transações por segundo, o ethereum só consegue executar cerca de quinze.

Fonte: Galaxy Digital Research

Com tanta vantagem de escalabilidade, essas redes alternativas correm contra o tempo para alcançar uma massa crítica de usuários e aplicativos antes do “Merge” do ethereum. Suas oportunidades consistem, justamente, na chance de serem escolhidas como base de uma economia digital vibrante antes que a principal plataforma da atualidade esteja pronta para atender o ecossistema em larga escala.

Mas o ethereum não está sozinho nessa disputa: as chamadas Layer-2 (redes de segunda camada) são plataformas construídas “em cima” da rede principal, que oferecem maior capacidade de processamento ao mesmo tempo em que aproveitam o tamanho da comunidade e a segurança da rede “mãe”.

É o caso da Polygon, que já está entre as principais blockchains em termos de capitalização e tamanho do ecossistema, e da Optimism, além de dezenas de outras soluções de segunda camada do ethereum. Enquanto a rede principal refina sua tecnologia, essas soluções permitem que o ecossistema cresça sem lidar com a latência e os altos custos atuais, podendo servir como propulsoras do potencial do ethereum.

Auxiliado pelas Layer-2, pela dimensão e pela fidelidade do seu ecossistema já operante, o ethereum tem grandes chances de continuar se firmando como a principal blockchain de aplicativos descentralizados. Para que esse potencial se concretize, espera-se uma execução sólida e a tempo do “Merge”, além de maiores clareza e celeridade nos próximos passos da evolução da tecnologia da plataforma.

Christian Gazzetta é economista formado pela UFRJ e redator da Hashdex, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Estuda métodos de valoração de criptoativos e os setores de DeFi e NFTs.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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