Até uma década atrás, pouca gente que queria comprar um carro de luxo pensava em um Volvo. O jogo começou a virar a partir de 2010, quando a marca foi adquirida pela chinesa Geely e ganhou carta branca para se reinventar.
Desde então, a marca apostou todas suas fichas na eletrificação. No Brasil, a empresa financia a construção de pontos de recarga e tomou a ousada decisão de comercializar apenas veículos hibridos e elétricos, algo que apenas a filial da Noruega (referência global em vendas de carros elétricos) havia feito até então.
A estratégia está rendendo bons frutos para a Volvo Car Brasil. Em 2020, a empresa fechou o ano na vice-liderança do segmento premium, mesmo sendo a única das quatro maiores marcas da categoria sem fábrica no Brasil naquela ocasião. A posição foi sustentada no ano passado, quando apenas a BMW vendeu mais.
Para 2022, a expectativa é de vender 8 mil carros, mesmo diante dos persistentes desafios que incomodam a indústria automotiva, como a crise dos semicondutores.
Lançamento é estratégico
É aí que entra o C40. O primeiro SUV cupê elétrico do mercado de luxo estreia apenas na versão P8 por R$ 419.950. Apesar do preço mais salgado, a meta de vender 200 unidades foi batida sem esforço e a Volvo já se mobiliza para trazer mais carros.
A demanda, inclusive, deve aumentar ainda em 2022 com a estreia de uma versão mais barata e menos potente, que terá preço significativamente menor.
Enquanto isso não acontece, o C40 P8 fisga clientes que buscam um modelo elétrico com estilo mais esportivo (e ousado) do que o XC40 Pure Recharge. Falando nele, o SUV de entrada da marca no país perdeu as versões híbridas (que correspondiam pela maioria das vendas) e passou a ser ofertado exclusivamente com motor elétrico no fim de 2021. Mesmo assim, ainda existe fila de espera pelo veículo.
“Ainda existe uma restrição por parte de alguns consumidores (sobre ter um carro elétrico), mas eu diria que hoje a curiosidade é muito maior do que a rejeição imediata. Só que a questão dos pontos de recarga precisa ser resolvida e estamos jogando nisso também. Há também outras marcas fazendo isso, o que me alegra muito porque isso ajuda e podemos cuidar de outros assuntos até que essa confiança esteja estabelecida”, afirmou Luis Rezende, presidente da Volvo para a América Latina, em entrevista ao portal “Automotive Business”.
Superar matriz é meta para próximos anos
Com o sucesso da dupla XC40-C40, a fabricante estima que, das 8 mil unidades que espera vender em 2022, 43% deste volume sejam de carros elétricos.
Trata-se de um número impressionante até para os padrões internacionais, uma vez que a própria matriz estabeleceu a meta de que os elétricos correspondam a 50% das vendas da empresa até 2025.
Se as expectativas realmente se cumprirem, o Brasil poderia atingir o objetivo muito antes do esperado. Para Rezende, essa façanha é perfeitamente possível de ser realizada.
“Se a gente tiver sucesso em 2022, com certeza dá (para atingir a meta). Vamos lançar um produto elétrico por ano até 2025, então nesse ritmo certamente dá. Mas precisamos instalar mais pontos de recarga. Nesse ponto, inclusive, eu acho que o maior desafio está no desenvolvimento da rede na América Latina como um todo. Mas não é nada impossível porque já existem empresas dispostas a realizar investimentos e estamos em conversas. Uma vez que a gente conseguir cobrir isso, o ‘medo’ do consumidor de ter um carro elétrico vai embora”, concluiu.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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