Investidores adoram seguir a manada. Ou, como apontam os defensores de uma expressão mais bem acabada, a tendência. “Não brigar com o mercado”, ou seja, seguir aonde todo mundo está indo, na alta e na baixa, parece mesmo o mais lógico a fazer. E muitas vezes dá resultado. Mas daria mais certo fazer o contrário do que quase todo mundo está fazendo na hora de investir?
É como operam investidores para quem as multidões estão quase sempre erradas e os mercados são tudo, menos eficientes. Compre ao som de canhões e venda ao som de violinos, diz a famosa frase atribuída ao barão Nathan Rothschild, importante financista do início do século XIX. Ou seja, o início de uma guerra, mesmo que você seja uma vítima, é uma ótima hora para comprar ações. No final, com a perspectiva da paz, vai pagar mais caro.
Rothschild seguiu o exemplo no que diz respeito aos canhões, ganhando uma fortuna comprando papéis na baixa do mercado britânico, temeroso da vitória da França, durante a batalha de Waterloo, que selou a derrota de Napoleão. Vale para quem comprou papéis no pior momento da pandemia. Se naquele ponto o Ibovespa caía mais de 40% no ano, desde aquele 20 de março de 2020, subiu mais do que o dobro, 86%.
Quando todos estão vendendo ações de uma indústria, o contrário está comprando. Períodos de alta são bons para vendas. A estratégia parte da ideia de que as massas, nos momentos de euforia ou de medo, agem por impulso. Fazem operações demais e são impacientes com os retornos. Um comportamento que impede os mercados financeiros de serem realmente eficientes, como acredita a famosa teoria dos livros de economia.
Como antídoto para os grandes movimentos no curto prazo, são pacientes. O retorno vem com o tempo. Warren Buffet, que dispensa apresentações, e Michael Burry, famoso por ser retratado no filme “A grande aposta”, são conhecidos por lucrar muito comprando pechinchas. Mas na média mesmo pequenos investidores apostando contra a corrente, segundo o importante estudo de C. Thomas Howard sobre a psicologia dos investidores.
As informações podem estar realmente nos preços, como diz a teoria. Mas o investidor, segundo Howard, um dos pioneiros do estudo no campo, em geral decide comprar ou vender mais baseado em atalhos mentais, inconsistências e reações a eventos inesperados do que na razão. Multidões costumam ser irracionais, gerando distorções no mercado. O antídoto? Paciência.
Contrários usam estratégias de longo prazo. Geralmente, segundo o estudo, contam com uma margem financeira para não se angustiar com o stress de momento. Mas não deixam de sofrer. É difícil estar de fora nos períodos de alta, quando todos estão lucrando. Tampouco é fácil a espera pelo momento da virada, quando os ativos passam a ser avaliados pelo mercado por um valor mais justo.
Pode dar certo no fim, mas exige dedicação.
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